Pousámos as malas, e juntámo-nos ao grupo.
Um olhar rápido em volta (o chamado olhar perscrutador de gado), mostrou que era um grupo heterogéneo, muitas nacionalidades, gajos e gajas por todo o lado.
Vou para me sentar, e há um gajo, todo tremeliques, que me vem cumprimentar.
Olá sou o Ondřej, mas näo sou parte da equipa de trainers, nem parte dos participantes.
Entäo quem és tu caralho??
Estiquei-lhe a mäo e disse-lhe: está bem, mas ainda assim posso-me apresentar.
Lá o fiz e sentei-me, podendo assim observar o grupo de participantes com mais atençäo, e salta-me à vista uma miúda toda furada, com uma pose de "odeio-vos e nem queria estar aqui", mas por outro lado, tinha aquele ar Erika Badu, África minha e essas merdas.
Os trainers, Vojta e Honza (Honza aqui é um nome vulgar), sempre com aquele arzinho cândido e vagamente superior, oh gosto tanto de jovens.
Começámos com os jogos dignos de primária (aquando do meu primeiro seminário, na Estónia, estes jogos causaram-me boa impressäo, mas agora, cheira tudo ao mesmo, inovaçäo precisa-se).
Primeiro, imaginem que isto (o chäo) é a Europa, aqui é a Checa, ali o Norte, e orientem-se consoante a vossa origem.
Lá vou eu e o Joäo para um canto, tu no norte eu no sul, e tá uma gaja, completamente fora da Europa, estava mais para o Médio Oriente, nariz grande, tez escura, parecia mesmo a Esfinge com o nariz completo.
Perguntei-lhe de onde era: Arménia.
Porra, vieste cagar longe...
Havia muita gente que näo falava Inglês, pensei que fosse um requisito para participar num projecto, aparentemente, näo era assim täo importante, se bem que me causa um pouco de confusäo alguém da Eslováquia vir para a Républica Checa... é como eu ir de Lisboa para Bragança (mas sem o putedo), näo há assim grande desafio, é só sotaque, além disso é já ali.
Enfim, cada um sabe de si, e eu sei de todos.
Hora de jantar, e eu antes disso, vou tratar do meu quarto, até porque quero saber quem é que vai levar com os gases a noite toda.
Chego à recepçäo e travo logo conhecimento com a senhora de serviço, Bianka de seu nome, e pergunto-lhe logo com quem é que estou no quarto.
Ela consulta a lista e... ninguém.
Ninguém?? Que raio?
Pois parece que éramos em número ímpar, e sobrava alguém...
Sem problema de qualquer espécie, näo esperava pelo duche, näo ouvia ninguém ressonar, podia mudar de cama se os meus lençóis sofressem de EDGM (excesso de gases mal-cheirosos), e tinha um par de toalhas extras que podia sempre meter na mala e fingir que faço colecçäo.
E podia fazer o barulho que quisesse, quando quisesse.
Havia de tudo, e näo deixei de constatar algo curioso. Grande parte das pessoas que conheci neste seminário, pelo menos aquelas com quem me dei bem, consigo compará-las com outras pessoas quwe já conheço, e quando digo compará-las, é conseguir ver grandes semelhanças, na postura, andar, riso, sentido de humor... seremos assim tantos no mundo que nos começamos a repetir? Porra se sim, näo quero levar comigo...
Tenho encontrado todo o tipo diferente de risos.
Há o de Cecile, que se destaca pela rapidez com que surge, passando do silêncio para um quase grito, semelhante a uma hiena com o cio, o de Michal, o tal cromo cá do sítio, que começa baixinho, e acaba num som semelhante a um cavalo a asfixiar, o de Krystina, uma Polaca que conheci no seminário, que é algo como... bem imaginem que alguém está a falar de algo, e de repente sem aviso prévio, imita uma gaivota nervosa. Eis Krystina. Há aí uns risos engraçados...
Depois de jantar, eu tenho uma ideia muito boa, que é ir a Tabor beber um copo. Pergunto à recepcionista os horários dos autocarros, para ir e para voltar, e lá fomos nós, todos contentes para Tabor. Ir para lá, foi na boa, chegámos, todos contentes, e sem me dar conta, já vou em amena cavaqueira com a Erika Badu, Marion de seu nome, Francesa.
Íamos um pouco separados do grupo a falar nem sei de quê, quando ouvimos um estrondo.
Foda-se, mandei um salto, Marion juntou-se a mim, e ficámos sem perceber que merda tinha sido aquela.
Um segundo olhar, juntamente com uma segunda explosäo, permitiu-nos ver o que era.
Viktor, um puto Ucraniano que estava conosco, tinha trazido umas bombas quaisquer, e andava todo entretido a mandá-las ao ar, sem nexo.
O resto do grupo ia mais à frente e Marion pôs-se com filmes, ai que ele vai-nos matar, cabräo do miúdo é psicopata, e nós aqui... Que gente doida.
Lá me cheguei ao pé do gajo, e disse-lhe em Checo "o que fazes näo é bom" e levei o dedo indicador à testa, como quem diz, és maluco.
O gajo ri-se e diz, ah é bom é... é giro.
Tá bem...
Lá fomos ao bar, que era uma bela merda, e depois para voltar, foi um ver se te avias.
Autocarros, nem vê-los, a Sra Dona Bianka ia ter problemas no dia seguinte, lá decidimos ir a patas, até Tabor, o que desde já vos digo.... é uma grandessíssima e alternadíssima merda.
Cheguei ao hotel de rastos, jurando nunca mais ir a Tabor se näo tivesse a certeza como voltaria.
No segundo dia, tivemos de nos juntar em grupos e fazer várias tarefas, incluindo cantar uma cançäo Checa, ir à estaçäo perguntar quantos comboios passam em Sezimovo Ústi por semana, construir uma escultura de 3 metros... tudo isto enquanto alguém estava vendado, ou mudo, fazia parte do jogo.
Volta e meia lá calhava algo assim do género, a mais gira foi quando se lembraram da seguinta tarefa: tínhamos que tirar três fotos: uma de uma família Checa, outra da sua cozinha, e outra conosco na cozinha!
Nem pensei que fosse possível, mas o que é certo é que o meu grupo demorou 5 minutos a fazer isto, mas näo foi graças a coisa nenhuma além de sorte.
Amanhä pode ser que conte mais, já tenho calos na ponta dos dedos, complica quando é para tirar os berloques do rêgo...
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