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domingo, 31 de outubro de 2010

Lviv, a cidade livre

Livre de paragens de autocarros, livre de passadeiras e de álcool quase livre, a vodka é tão barata que já pensam ter uma fonte de Nemiroff no centro.
Lviv é uma cidade que recomendo, e não só pela quantidade de gajas boas que se passeia pelas ruas. Bem, elas não são assim tão boas, mas já expliquei como a televisão me influenciou.. Muito rica culturalmente, não é o buraco que se possa pensar à partida (falo por mim, quando ouço Ucrânia não penso propriamente no Japão), tem bares fora de série, e uma quantidade de jovens que dá à cidade uma aspecto de aldeia grande, um pouco à imagem de Praga, e o ambiente é muito bom (para mais informações, comprem um Lonely Planet).
Tive tempo para dar uma voltinha antes do comboio de regresso a Praga, entre as 14 e as 21, e foi isso mesmo que fiz, acompanhado da Finlandesa, da Austríaca, do Sérvio e do Francês (esta merda parece os Jogo sem Fronteiras). Como tinha uns trocos valentes comigo, e a Ucrânia é barata ao ponto de meter nojo, tinha como um objectivo comer uma refeição mesmo à patrão. O problema foi o cirílico e a falta de restaurantes à patrão, e acabámos num restaurante grego de aparência duvidosa, onde paguei dez euros (faço notar aqui que duas grades de cerveja custaram 16) por um peixe com arroz e quatro mistelas diferentes, que a senhora me jurou serem saladas. E o peixe estava uma bela merda. Para a próxima vou mamar um McDimitri e pronto.
Mais uma moedinha, mais uma voltinha, e está na hora de ir para a estação, e como o Sérvio tinha o mesmo comboio que eu, lá fomos todos excepto a Finlandesa (que pediu o peixe e teve de apanhar um táxi para a estação, quase nem tocando no peixe, e o Francês, que ficava mais um dia, sobrando ainda a Austríaca, que era bué chatinha, novinha e aborrecidinha. Eu já não sou super social, então depois de uma semana roeado por 45 pessoas.... foi um teste à minha paciência. Principalmente quando me perguntou 5 vezes, de diferentes maneiras, como é que o Sérvio e eu tínhamos o mesmo comboio, se íamos para sítios que não tinham nada a ver. Mandei-a para as informações, mas tive de ir com ela porque nas informações falava-se Ucraniano e Russo. Um tiro pela culatra portanto.
Como ainda tinha perto de uma hora, fui comprar comida para a viagem e tinha como plano arranjar wi-fi para mandar um par de sms's e queimar um pouco de tempo. O único sítio era um lounge (granda pinta man) extra comfort, e lá fui eu, todo lançado. Entrei no lounge extra comfort, e está um gajo à porta que me diz que tenho de pagar 30 centimos para entrar no lounge extra comfort. Eu pago, entro, e volto atrás para lhe perguntar como funciona a wireless no lounge extra comfort, ao que ele delicadamente responde que tenho de pagar mais para obter o código. Sendo que com as compras de farnel e mais umas merdinhas já só tinha 25 minutos, perguntei-lhe se, sendo que não tenho tempo, posso reaver o meu dinheiro. E ele (claro) diz-me que não, porque eu já entrei.
(Abro aqui um parêntesiszorro, porque vale a pena dizer que toda a área que não é tida como extra comfort lounge está apinhada de famílias inteiras, havendo mesmo famílias de pedintes, daquelas que se dás dinheiro a um, tens uma fila composta pelos restantes membros. Lembro-me de ser miúdo e ouvir piadas do género “que é que se diz? E o puto: quero outro”. Aqui a piada é bem real. Para evitar mal-entendidos, não sou contra muita coisa, mas sou contra a procriação desregrada para depois meteres o teu filho bebé, todo ranhoso, quase no colo de um estranho, para que ele, depois de já ter dado dinheiro a um dos putos, se toque e lhes passe um cheque. E isto é deprimente. É a exploração da boa vontade de alguém).
Depois de um sorriso daqueles muita amarelos, lá me livrei de todo o mundo, para mais uma vez, ter um “quarto de hotel” no comboio nocturno só para mim. O que é uma granda pinta, o comboio até duche tem (comum, e não sei se funciona).

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Chega de Praga

É a loucura instalada, em revista a postas antigas, reparei que tinha um rascunho (draft) em vez de uma posta, ou seja, esta posta nunca foi publicada. O que é, convenhamos, uma granda cena.
19 Dezembro de 2006, nostalgia...!
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Lá fora está um grau negativo... se chovesse agora, nevava. Nunca desejei tanto que chovesse...

Deixemos-nos de mariquices, o meu ultimo dia em Praga foi algo diferente dos restantes.
Acordei por volta das 11h e tinha um recado, a prevenir-me que havia uma espécie de encontro de natal com pessoas da Organizaçäo, pelas 19h no pub "U Bubenícků" (pelo que depreendi era uma espécie de tambor pequeno. Pub "O Tamborzinho"? Näo me parece...). O recado prevenia-me também para ter cuidado que estas pessoas eram completamente diferentes das de ontem... Não me pareceu que fosse algo mau, au contraire.
Era dia de compras, tinha de ser hoje que ia à Bat'a (sim,com apóstrofe), que aqui é um edifício com 5 andares, com fotos de modelos por todo o lado (havia um particularmente engraçado, um homem, tipo Mourinho chunga, com vário calçado foleiro em várias posições, uma delas a da famosa Garça Real). Precisava de umas botas quentes, que dessem para a neve.
Decidi que ia almoçar fora, não ia a nenhum restaurante de comida de paneleiros, estilo "Chez Franciú" ou "Hotel Lawrence's", mas ia a uma casa... catita.
Perto da Bat'a havia um restaurante todo janota, com uma empregada de mesa... daquelas. Tinha assim os seus 35 mas a cara dela fazia-me repetir mentalmente a palavra "felatio" algumas vezes. Só pela curiosidade, acontece que até era comida de paneleiros (irónico? Näo, irónico é estares à frente de um computador, ligado à Net e estares a rapar um frio que nem te deixa pensar). O que não tem nada a ver com o comer mal. Comes é pouco... Bife de Peru com especiarias, colorau, pimentos e uma folha de alface para decoração com um tomate-cereja e umas folhas de salsa frisada. Mais paneleiro que isto só se viesse com molho cor-de-rosa e um gajo de tutu a servi-lo. O que interessa é que aqui comes isto por 10 aéreos(praí 270Kč). Pois, cá, com 25 euros, sou um excêntrico.
Depois de comer, fui direito à Bata (merda pró apostrofe), pois tinha de ir a casa deixar as botas, para ir ao tal encontro. Era só uma questão de gestão de tempo pois o eléctrico é de borla (sim, grátis...), parece que os revisores daqui são como os do metro na tuga à um tempo atrás...
A ida à loja teve o seu quê, porque a tutora tinha dito "é na boa lá falam Inglês", o que não era verdade. Não tive dificuldades em chegar até ao departamento masculino, porque devido ao forte sentido "patriótico" dos Checos, tratei de aprender a distinguir Masculino de Feminino na língua deles. Já tinha as botas debaixo de olho, já lá tinha passado para as escolher mas ainda assim precisava de pedir um 42. 1° foi um ver-se-te-avias porque a senhora, embora amigável, de inglês nerum nestum, nickles bitoque. Através da mímica, até me dei ao luxo de experimentar um segundo par de botas, não há dúvida que é com o corpo que falamos melhor.

Venho de uma pausa de mix Birls, e por isso, todo contente.

Cheguei ao "Tamborzinho" mesmo a bater as 19, entrei, mas assim que entrei apercebi-me de um problema: näo sabia de quem estava à procura. A tutora estava a trabalhar, e eu estava na merda. Entrei e perguntei se tinham alguma reserva em nome da Organizaçäo. Nada. Pedi uma cerveja e sentei-me. Teria sido muito melhor ideia ter ido fazer Birls... Pois fiquei ali meia hora, a olhar para o ar, a ler algo que não fazia ideia do que era. Passado esse tempo entrou uma Eslovaca (Denisa) que eu conhecera de passagem no 1° dia que tinha ido aos escritórios deles. Acenei-lhe e reparei que ela vinha armada: era, no mínimo, copa C.
Acenei-lhe ela diz-me: ah, tás no sítio errado... (oh com um caralho ou dois...)
Ah sim...? Pois parece que afinal eu estava no restaurante (estes gajos vêm ao "restaurace" para beber cerveja? Näo estava ninguém a comer...) e o pub era por outra entrada lateral, na rua adjacente (que palavrão).
Já lá estavam todos, em amena cavaqueira mas surpreendentemente, metade deles sabiam quem eu era (os de ontem também, mas isso é outra história). Pensei para comigo: isto é pessoal do Programa Juventude, vai ser porreiro, visto que eles têm noção do que eu estou a passar neste momento.
Durante grande parte do jantar foi agradável, houve outra Eslovaca (Lenka) que se chegou à frente e queria saber coisas sobre animação sócio-cultural, porque na Eslováquia não havia disso.
Acerca deste parágrafo, lembrei-me que eu e as Eslovacas temos uma espécie de elo invisível, do qual, se tudo correr bem, vos falarei mais tarde.
A Lenka tinha de ir não sei onde e então veio um tal de Mirek falar comigo, porque éramos os únicos elementos do sexo masculino naquele jantar. Surpreendeu-me porque ia jurar que estavam mais dois homens connosco. Adiante. Receei pela inviolabilidade do meu recto, porque no meio de tanta gaja, ele quer falar comigo?
A conversa foi-se mantendo a um ritmo agradável, mas a dada altura, em mais uma prova do seu patriotismo, falou-se Checo o resto da noite... Ainda foram umas boas 2h em que as únicas coisas que guardo, foi um Birls à má fila e um bar de estudantes onde a cerveja era 13Kč (näo brinquem, meio litro de cerveja por nem 5O cěntimos...). De volta a casa, direito para cama sem direito a passar pela "casa da partida"...

Estou cá desde Sábado... Hoje tive umas ideias empreendedoras. Nunca me tinha visto nesta posição. Por falar em posições um dia partilharei a história da posição da Garça Real. É daquelas histórias do "ouvi dizer" com um pouco de "quem conta um conto..." (ou será "quem compra um conto...").

Já se faz tarde...

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Acção

O encontro durou uns 5 dias, entre introdução ao programa, workshops de propostas e discussões para melhorar as parcerias, grupos de trabalho, plenário e avaliação. Como já devem ter adivinhado, uma seca do caralho.
É um encontro muito ao estilo europeu, com muita conversa, poucas conclusões, métodos que são tidos como vanguardista mas que deixam muito a desejar, tempo perdido por falta de um facilitador em condições e votações ao nível de uma festa de aniversário para decidir se vemos o dragon ball ou se vamos brincar para o parque.
A intenção é das melhores, o encontro é suposto servir para os parceiros avaliarem a “época” entre si, como um todo, e os campos em particular. Temos um manual de boas práticas em constante mutação que é aprovado depois de debatidas as mudanças, e temos jorradas e jorradas de merda a acontecer nos bastidores. De forma breve: organizamos campos de voluntariado, onde o voluntário paga a sua própria viagem, uma taxa administrativa à sua organização de envio e vai para o projecto onde foi aceite, com uma duração de duas semanas (a maioria). Lá, tem casa e comida, e um grupo de diferentes nacionalidades com quem tem um objectivo em comum, seja ele arranjar um programa de actividades para filhos de refugiados, plantar batatas numa quinta com fins educativos ou algo do interesse público. O objectivo é promover a interculturalidade, a paz e o voluntariado per se.
Uma das jorradas são organizações que recebem a guita mas nem se dão ao trabalho de explicar aos voluntários o que é um campo de voluntariado. Ou seja, um Franciú arrota 120 euros, paga a viagem, e chegado digamos, à Republica Checa, está espantado por ter aveia como pequeno-almoço. Como pagou 120 euros, sente-se no direito de um camarão tigre com molho de manteiga e ervas, e não percebe porque tem que trabalhar seis horas por dia.
Outra é o facto de organizações sem fins lucrativos cobrarem uma taxa extra de 200 euros aos participantes, como fazem os Islandeses, participantes esses que vão fazer de stewards para concertos. Eticamente, moralmente, e tendo em conta o conceito dos campos em si, e o seu suposto objectivo em geral, estes gajos são uns chupistas (ainda estou para saber de onde veio este adjectivo).
Depois há vários tipos de pessoas: as que levam isto a sério e são competentes e educados (não me incluo em nenhuma destas qualidades), as que levam isto a sério, mas não são tão competentes, as que pensam que são competentes, mas só atrapalham, os que gostam de falar por falar, sendo muito por culpa destes gajos que não se chega a lado nenhum, porque fazem discursos à politico do rabo constantemente, e pessoal que, por estar muito tempo sem dizer nada, propõe cenas só para ter aquela sensação de contribuição. Eu não me incluo em nenhum destes, sendo que nem a mim me levo a sério. Uma das propostas implicava que um candidato a um projecto não fosse capaz de completar a candidatura sem responder algumas perguntas relacionadas com o movimento (SCI). O que é ridículo, a um voluntário devia ser permitido ser-se voluntário, sem que fosse preciso saber a ponta dum corno do que quer que fosse. Resta dizer que a proposta foi recusada,depois de eu me rir a meio da mesma (não tenho respeito por ninguém), e de um pouco de lobby.
Tendo em conta as qualidades do vosso mui estimado tuga, em cada ano pedem-me para escrever um artigo diário sobre o encontro. Todas as manhãs, à mesa do pequeno-almoço, é vê-los agarrados ao jornal matinal, para saber de quem faço pouco. Os interessados é favor dizerem, e envio-vos de bom grado os textos. Estão em Inglês, são acerca da reunião, mas como de costume, é acerca de coisa nenhuma.
Vou parar com isto agora, escrever no comboio dá-me tonturas e tá uma loira à minha frente que não para de me fazer olhinhos... ah não, é estrábica, desculpem.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Lviv 2 e meio

O dia seguinte foi o início do evento que me fez vir à Ucrânia: a reunião anual da SCI. Quem não sabe o que é a SCI, vai continuar sem saber, porque eu não vou explicar. O que importa é que alcei o cu da cama cedo porque uma das participantes chegava a Lviv às 6 da matina, e eu, porque sou um fixe, e porque ela podia ser boa, fiz um esforço extra. Claro que cedo, depois de uma viagem de comboio de 24 horas e uma bezana, significa 10 da manhã, não sou assim tão boa pessoa, estou bem com a Iza e podia ser que ela se parecesse com um javali. Portanto, tendo em conta a conjuntura saí de casa Às 11:30, até porque a minha amiga Zory não estava com pressa nenhuma.
O plano era encontrar-me com alguns participantes, uns já conhecidos e outros não, para que fossemos dar uma de turistas antes de apanhar o autocarro para o aterro sanitário onde o encontro decorreu. E assim foi, depois de apanhar um Vietnamita, uma Ucraniana, um Alemão, uma Polaca (a tal que chegou às seis), uma Finlandesa e uma Austríaca (para os mais curiosos acerca de rácios, a Polaca era gira, mas esquelética, o resto era feio que até fodia, safando-se a Finlandesa, que também era gira, mas... era Finlandesa) num café penosamente merdoso, lá seguimos para a voltinha.
Lviv é fixe pá (podia ser o slogan deles, não fosse o problema de não ser na língua desejada) talvez mais adiante escreva algo, mas não sei, não sou nenhum agente turístico), demos uma voltinha pequena, mas atraíamos muito a atenção, não sei se por termos o chinoca, ou se era pelo mapa da Polaca, ou se por eu ter um malão às costas que se via desde Moscovo, o que é certo é que na praça central ofereceram-nos de tudo, visitas guiadas, postais pintados à mão, e membros da família.
Depois foi altura de ir para o ponto de encontro, onde até uma Japonesa havia. Apercebo-me, por via de uma epifania (que é um problema do caralho), o quão influenciado sou pela televisão (incluindo nesta categoria filmes, mesmo que no cinema, e pornografia, mesmo que sacada da internet); olho para a Japonesa e penso: foda-se, parece mesmo um desenho animado. È certo que a gaja (ainda não sei escrever o nome dela, e o encontro já acabou) é só ossos e tem um cabeção que até faz confusão, mas sendo que os Japoneses fazem desenhos animados para todos os gostos e feitios, para delírio de montes de nerds e geeks por esse mundo fora não será essa influência que me faz vê-la como um anime? Pensei nisto porque quando vejo uma Ucraniana (ou uma gaja qualquer loira) de salto alto e calças justas (e boa), penso: ina pá parece mesmo uma actriz do canal 18. Pudera, são todas loiras e vêm do leste... E assim se lava um cérebro.
Nisto, e isto é os olás e eu sou este, e eu sou aquele e essas coisas todas, aparece um gajo todo fodido, sangue seco no nariz, um cheiro apenas comparado ao do peixe com três meses ao ar livre, e claro, mas em dúvida nenhuma que veio marrar comigo. Chegou-se ao pé de mim e perguntou-me se eu era Palestino (para adicionar à longa lista de nacionalidades que me são atribuídas (por acaso mantenho duas listas de nacionalidades, uma delas de momento estagnada)), e eu disse-lhe que sim, o meu nome era Mohammed Al-Bomba e que se ele se chegasse demasiado perto, eu explodiria.
Lá apanhámos o autocarro, e chegados ao local (a viagem foi curta e silenciosa), abri a porta e levei com um braseiro nas ventas tão poderoso que quase que me vomitei todo duas vezes. Aconselhei de imediato a não pedir para o jantar o que quer que cheirasse assim. Depois o resto do dia foi só anhar, estava mal do estômago nem vodka bebi e esta posta já vai grande pra caralho.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Lviv

Chegado à estação, dei logo de caras com a minha amiga Zory, que me is hospedar por uma noite antes da reunião. Aqueles que estão com ideias porcas, e não serão poucos, têm essas ideias porque não a viram. Eu percebo, habituei-vos mal. Claro que depois de olá como vais perguntei de imediato: porque caralho o comboio parou duas horas na fronteira? E ela explicou-me: a Ucrânia, assim como a Rússia, Bielorrússia e tudo que foi União Soviética utiliza uns carris diferentes do resto da Europa. Sendo assim, o comboio parou duas horas porque estavam a mudar os pneus ao comboio!!!! Estava a mesmo a ver o pessoal que trabalha em Lisboa: "-Então caralho, tás atrasado? -Ina man, não é que tiveram de mudar os pneus ao comboio? -Foda-se deves pensar que sou otário não? -..." Se calhar sou mesmo ignorante, mas espantou-me.
A Zory tinha de trabalhar um casal de horas (a couple of hours), então depois de largar o malão em casa dela e de enxotar o filha da puta do pitbul feio que ela tem, fomos até ao centro, pelo menos para que eu pudesse trocar dinheiro (aqui usa-se os Hrivna, sendo 10 hrivna 1 aéreo). Andámos uma beca, e parámos num western union, onde a janela para trocar dinheiro era tão pequena que mal se via quem estava por trás dela. Troquei 100 aéreos (mesmo à patrão), e a gaja dá-me 600 hrivna de volta. Para os mais distraídos, a gaja estava a ver se me fodia 40 euros. Pedi-lhe o recibo, e senti-a a suar um pouco. A gaja dá-me o talão, eu conto a guita e digo "oi, isto tá aqui pouca guita", e ela sai-se com uma mesmo à matadora: -ah, se calhar meteste algum no bolso? Se me vissem a começar a despir poderiam-se ter rido, mas eu estava disposto a dar as minhas roupas todas àquela grande porca Ucraniana. A gaja depois de gaguejar umas vezes lá disse à minha amiga que não sabe como contou mal, ai que doideira de trabalho. Claro que arrotou tudo.
Depois fui largado no centro, com a promessa de nos encontrarmos na praça do mercado "daqui a duas horas". Antes de ela ir laborar, perguntei-lhe que manifestação era aquela que decorria a 20 metros de nós. Ao que ela responde: os nacionalistas. E eu: ah, boa (enquanto pensava: mesmo a calhar, um ensaio de porrada nos cornos com metade do salário mínimo Ucraniano no bolso). Ela consolou-me, dizendo que era um partido político, tudo boa gente e ela até vota neles. E lá arrancou. Fui dar uma voltinha, não indo muito longe do ponto de partida, até porque tinha o telemóvel em casa dela, e só vi mercados de rua com livros velhos que até fediam, e gajas com calças justas e botas de salto alto. O que é bem melhor que livros fedorentos. Aqui, 8 em cada dez gajas, além de terem aquele ar de actriz de filme de cariz dúbio a que me habituei na minha solitária adolescência (mais valia ter escrito porno) têm também calças justas e salto alto. O que para mim é mesmo do buff, mas imagino um Ucraniano na rua: "olha mais um granda cagueiro, e mais um, e mais outro, e olha ali tantos... porra que aborrecido vou virar larilas". E o facto é que parecem todos uma beca rabetas.
Andar na rua sozinho é como ir cagar, um gajo tem bué tempo para meditar. Ocorreu-me enquanto caminhava que a vida dos sexos Eslavos (e com isto quero dizer os meninos e meninas dos países Eslavos) não são de todo justas. Enquanto que eles desde putos que têm um molho de gajas com um índice de fodibilidade elevadíssimo à disposição, elas têm uma percentagem gigante de trogloditas e homens das cavernas para livremente escolher aquele que dá menos uso à moca. Nada justo quando comparado com, digamos, Grécia. Não admira que nuns tempos idos fossem todos paneleiros e pedófilos: com gajas assim, até eu experimentaria umas massagens no períneo feitas por algum filósofo famoso.
Depois deu-me a fome. Divaguei pelas ruas em redor da praça do mercado, perscrutando janelas para ver se algo agradava. Como estava cheio da guita, pensei em comer um camarão tigre, ou uma santola. Depois lembrei-me que mesmo se estivesse escrito "tiger prawn" em letras gigantes e com néon a piscar e o caralho a sete eu não reconheceria, porque não saberia ler. Cirílico não faz parte dos meus muitos dotes (onde incluo arrotar quando menos convém, por exemplo como resposta a uma pergunta da Iza, o que nem sempre a faz rir, excepto se eu também me peidar), por isso foi complicado escolher um sítio, até que vi um indicador de qualidade óbvio: três gajas com um índice no mínimo de 7 a entrarem numa pizzaria. Percebi logo que eu queria mesmo era uma calzone e entrei, para sair passado dez segundos com a frustração de nem sequer saber para que pizza apontar. Quase derrotado, entrei num sítio de fast food, que tinha "armenian pizza" escrito na vitrine. Perguntei à mulherzinha atrás do balcão: tu não falas Inglês, pois não? E ela: nie. E eu: foda-se... E lá apontei para uma espécie de merda enrolada num burrito (armenian pizza, claro) e batatas fritas. E ela: quê? E eu: oh duplo foda-se man, batatas, potatoes, french fries, hranolky, brambory, até que me lembrei do russo kartoshka, e ela: daaaaaa, e eu: daaaaaaaasse! Tanta luta para comer uma sande de ketchup e maionese, com batatas fritas afogadas em... pois, ketchup e maionese. Muita bom, ter como almoço uma dor de estômago.
Lá chegou a minha amiga, com mais amigas, e foi a loucura, eram todas muita fresquinhas, assim do tipo callienta pollas. Cerveja Ucraniana não é aconselhável, mas uma garrafa de vodka a 2,5 euros... é do caralho. Que dor.
Acordei portanto no dia a seguir com uma estala nos cornos que até andei de lado.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Ucrânia, minha terra..

..o caralhinho.
Saí de Praga às 11:00, troquei na Eslováquia ás 20:45 para chegar a Lviv às 11:30. Exactamente um dia e trinta minutos. A viagem até Košice foi calminha, no intercidades, sem stress. Chegado a Košice, e como tinha uma hora para gastar, pensei em ir dar um passeio nas imediações da Estação de comboios. Ideia essa que ganhou o estatuto de ideia de merda assim que pus o cu fora da Estação, não havia mais que paragem de autocarros, eléctricos, e carochos (quase que se podia dizer que havia também uma paragem de carochos), e sendo assim, fui alapar a peida num café. Depois de meia hora passada a olhar pro ecrã preto do meu portátil (eu não tinha bateria, e eles não tinham tomadas,o que não me impediu de olhar pro ecrã), lá olhei para a tabela de partidas, para constatar que o meu comboio não estava lá. Pensei "olha merda e agora?", mas fui à mesma para a plataforma com o comboio das 20:45, o meu.
Chegado à plataforma, olho para a esquerda, olho para a direita (e pisca pisca o caralho oh Rute) e nada. Reparei que havia uma parte do comboio diferente das outras, e caminhei para lá, para dar com uma mulher sentada na entrada do vagão que me diz: "bilhete" (assim mesmo, em tuguês!). E eu logo "foda-se cum granda caralho, bilhete????" Não disse claro, mas até perceber que a mulher era Russa e que em Russo também se diz bilhete (ainda que com sotaque Russo)... fiquei um pouco exaltado.
Salto para o comboio, lá encontro a minha cabine, e rezo para que mais ninguém partilhasse comigo a cabine, porque em cada cabine (um rectângulo de 2x5 mtrs) é suposto dormirem 3 pessoas. Sorte do caraças, ninguém veio, embora tivéssemos parado em todo e qualquer pedaço de merda daquele lado da Eslováquia.
Chegados à fronteira, apercebi-me que o esquema é o seguinte: embora te vendam uma "cama", está tudo planeado para que durmas tanto como num concerto de Motorhead.
Primeiro vem a polícia Eslovaca. Menos mal,porque eu falo Checo, e até nos entendemos. Passado um bom bocado, o suficiente para quase adormeceres, vem a polícia Ucraniana. Para começar, são todas do sexo feminino, e qualquer Português, especialmente se já foi a Bragança, põe-se logo com ideias. Depois, uma leva-te o passaporte, e outra vem para te perguntar o que tens na mala. É algo assim (também devido à falta de alguém que fale Inglês): Bófia: vens de onde? Eu: Portugal. Bófia: Ah, e.. que fazes na Ucrânia? e aqui eu penso em dizer-lhe: pá sabes, pensei em vir cá pegar fogo ao parlamento, violar o teu pai e matar a tua irmã. Que cena... disse-lhe que ia a uma reunião. e a Bófia: tens algo na mala? Eu: uma puta duma bazuca. Disse-lhe claro que não tinha nada. E ela: roupa? e eu: roupa?? Claro. E ela: tábém. E foi-se. Granda sistema... atente-se que isto é tudo em Russo e Ucraniano.
Depois vem o gajo do comboio, e diz: podes dormir. E eu, hm, então caralho, o meu passaporte? E o gajo: já vem. E eu: pronto tabém.. e vou dormir.
Então parámos. Parámos durante duas horas, e só se ouviam barulhos de máquinas, o comboio baloiçava de vez em quando, tremia, andavam uns Dimitris lá de um lado para o outro e eu sem saber de nada. Como estava aborrecido, fui cagar, mas a casa de banho estava trancada. Como pensei que estivesse ocupada, voltei passado 5 minutos, e estando a porta ainda trancada, pensei: "bem, quem quer que seja, está a soltar um cabo daqueles à séria", mas depois de meia hora apertado para mijar, tornou-se óbvio que tinham trancado a casa-de-banho, estando o comboio parado, não se usa o cagatório, não fosse um dos trabalhadores levar uma rega de chuva dourada ou um cagalhão no alto da cabeça. Eu percebo, já que não tem jeito nenhum quando se trabalha nos caminhos de ferro ser-se cagado em cima. Sendo que parámos durante duas horas, e eu entretanto já só queria mijar, porque utilizei uma técnica tibetana de não relaxamento do recto, andava para trás e para frente no comboio, a pensar como mijar: ia lá fora? E depois o comboio arrancava e era um ver-se-te-avias daqueles à séria. Mijava da janela? Levava logo uma rajada de tiros. Que fazer? De repente, à faroeste, noto que a ultima porta do último vagão, onde eu me encontrava, estava destrancada, e ainda melhor, que aquele era o sítio para fumadores. Granda combo, cigarro na mão direita, sarda na mão esquerda, e uma mijadela às duas da manhã na Ucrânia em estilo cowboy. Os meus netos terão um avô cheio de histórias para contar.
Nisto, ainda não se dormia. Fui-me deitar, e quase quando estava a adormecer, batem-me à porta para me devolverem o passaporte. Deitei-me de novo, já sendo algumas três da matina, para me despertarem de novo às 7 (juro que a mulher do comboio me acordou assim: cu-cu!), para me devolverem o bilhete (eles guardam até o bilhete de volta quando entras). Claro que depois disto já não dormes, então vês um filmezito, e constatas que em 24 horas de viagem, dormes 4, e mal. O que é, convenha-se admitir, uma granda putada.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Não te deixarei morrer, foda-se.

Voltei voltei, voltei do ar, ainda ontem estava em Praga e agora em Lviv. Ah Dino Meira, que falta que fazes... Ou não.
Queriam-me foder o blog! Mas a mim ninguém me fode, a não ser que peçam com jeitinho. E eu até digo que sim algumas vezes...
A culpa foi minha: desinteressei-me, a algum filho duma grande síssima e alternadíssima puta começou a usar o nosso querido blog para mandar spams daqueles de aumentar a gaita (não bastou ter-me fodido o blog, ainda me ofendeu), e o pessoal do google não foi de modas, fode-te praí que és um spambot. Após escrever um mail (fantástico como encontrei um endereço para onde escrever) disseram-me que iam ver se não tinha sido um erro, mas que se reservavam o direito de não responderem. Ou seja, pode ser que sim, pode ser que não, mas entretanto não nos fodas a cabeça tá? Agora, chegado à Ucrânia (detalhes na próxima posta), abro o mail e tau! Vai buscar.
Agora vou tratá-lo com o carinho que ele merece. Palmadinhas de amor e tudo.