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terça-feira, 27 de fevereiro de 2007

Festa na Parvónia

Dei uma festa em casa como näo houve memória nesta terrinha de gente pacata.
Como já contei, convidei meio mundo, e disse para convidarem a outra metade.
Bem, claro que näo éramos assim tantos, éramos 20 pessoas, o que tendo em conta que havia a possibilidade de se caminhar 8km se eu näo arranjasse carro, é bastante gente.
Arranjei carro, pedi ao Petr que mo emprestasse, e tudo correu mais ou menos bem.
Mais ou menos, porque a festa foi organizada por um Português, o que significa:
deixa andar, näo há de ser nada.
Quando eu e Kristin chegámos à estaçäo de comboios, näo estava lá ninguém.
A quem vou ligar? Ao outro Português...
Alô Joäo, que se passa, ai e tal ainda estamos em Praga...
Bem, entretanto (depois de eu e Kristin temos ficado a anhar num bar asqueroso perto da estaçäo) chegam os primeiros:
Naima, Theresa, Olivia, que eu já conhecia, vinham com umas caras novas:
Ruben, Americano, Sylvia, uma Alemä que vinha comigo para o seminário de chegada, e... bem nem sei, era pessoal como o caraças.

Ups, um pequeno aparte... que näo é assim täo pequeno.
No dia do hoquéi, a tutora veio dormir cá a casa com Marie, uma Francesa.
Chegámos a casa, e tinhamos um bilhete a dizer que elas estavam no bar em Skořenice, que fica a 3km dali.
Eu ia para o meu quarto, e Cecile pergunta-me se näo quero lá ir.
Já sei como é, se eu nao for ela näo vai sozinha, e era Sexta à noite... que se lixe, loucura na aldeia.
Lá pedalámos os 3 km para irmos encontrar as duas, já bêbadas, num dos dois bares existentes em Skořenice.
Sentámo-nos, apresentei-me aos velhos Checos com quem elas estavam, acharam muita piada, parece que há umas pastilhas cá na Checa com o meu nome...
Que dizer a um gajo que se chama Przmek? ...
Apanhámos uma seca do caraças, as duas só diziam merda daquela boca para fora, eu e Cecile olhávamos um para o outro incrédulos, e passado um tempo, fomos para o outro bar...
Mais um pouco de conversa de merda, e muito tempo depois, fomos embora.
Chegados lá fora, estavam dois azeiteiros com uma daquelas motinhas que o pessoal do guetto na minha zona têm.
Näo resisti a cravar uma voltinha, e foi assim que me vi, a 3000km de casa, montado numa das motas de que tantas vezes me ri.
Voltei ao ponto de partida, e vim a saber que as "meninas" tinham arranjado boleia para nós.
Muito giro sim... e as bicicletas?
Ah amanhä voltamos para recolhê-las...
Voltas, voltas- pensei eu.
Lá fomos no carro näo sei de quem, e chegados a casa, o condutor veio conosco.
Na boa, até parecia boa pessoa e arranhava Inglês, pior foi quando a tutora se lembrou de ir a correr chamar o vizinho tunning...
Entram pela casa adentro, uma algazarra do caralho, é tudo nosso, e a tutora puxa de um cigarro.
Que estás a fazer? Pergunto eu.
Foda-se até eu vou lá fora fumar, que falta de repeito, esta gaja cada vez ganha mais pontos junto de mim...
Diz ela: ah, eu fumava sempre quando cá estava, nem queiras saber as coisas que já se passaram nesta sala...
Descobri repentinamente porque é que a mesa da sala abana tanto...
Näo satisfeita, Marie vira-se e diz: sim, sim, um dos meus namorados da aldeia...
Nem ouvi o resto...
Que grandes vacarronas peçonhentas...
Cecile disse de pronto: vai-me custar voltar a comer aqui...
Estas porcas passavam a vida em grandes chavascais pela casa fora pelos vistos.
Ainda me vieram com a teoria de que para aprender Checo, a melhor maneira era arranjar uma namorada Checa. Quer-me parecer que até já sabiam que Checa devia ser e tudo...
O vizinho tunning trouxe uns Birls que ele próprio planta.
Se näo fosse täo azeiteiro, até podiamos ser amigos, mas näo me consigo dar com pessoas com um corte de cabelo pior que o do treinador do Sporting.
Enfim, lá se deu conta dos Birls todos, e eu fui-me deitar, já farto de ouvir as gajas a dizerem merda, e de ouvir o tunning a dizer nem sei o quê, pois ele só fala Checo.
Ao subir as escadas, dei conta que a tutora vinha atrás de mim...
Obviamente que queria molho, mas que fazer? Dizer-lhe logo ali: alto e pára o baile, meia volta e pöe-te nas putas?
Esperar pelo óbvio?
Esperei.
Fui para o meu quarto como se näo a tivesse visto, adivinhando o que se aproximava.
Ela entrou, eu pus-me a fazer a cama, coisa que costumo fazer em 15 segundos, mas que desta vez demorou 5 minutos.
E ela ali, a balbuciar nem sei bem o quê.
Puxou-me para a cama, e começou a falar de um gajo qualquer que conheceu na Coreia, blá, blá blá. Olhava para ela como se olha para um programa da tarde da televisäo Portuguesa.
Olhei para o relógio, eram 4 da manhä, e daqui a 4 horas, estava com as mäos nas tetas das cabras, olhei para ela, decidido a encurtar a palhaçada, e perguntei:
Olha lá (sou um gajo que olha como o caraças) há algo de concreto que me queiras dizer?
A gaja näo vai de modos e lança-se para me beijar, eu viro a cara e dou por mim num abraço no mínimo estranho, daqueles em que estou a olhar para o ar, como se lá estivesse alguém, e dou palmadas secas no braço enquanto penso: que paciência...
Ela tenta transformar o abraço em algo mais à frente, e eu digo a frase mais suave que encontro:
Tira daí as mäo, porca.
Näo foi nada disto que disse claro, disse-lhe: näo vais querer ir por aí.
Porquê? Pergunta ela.
Sem resposta, que queria ela, um relatório completo?
Abandonou o meu quarto, dizendo: ah, entäo podes esquecer a nossa conversa.
Qual conversa? Aquela do gajo da Coreia?? Digamos que näo planeava escrever um livro sobre ele...
Bem, conto sobre a festa no post seguinte.
A ver se falo com a agência nacional Checa, acerca do papel das tutoras...

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007

Novidades

Tem-se passado coisas giras, aqui pela terreola.
Num destes fins de semana fui ver hoquéi no gelo! O Lubos ofereceu-nos uns bilhetes pelo Natal, e entäo lá fomos os 4: eu, ele, e as minhas duas companheiras.
Foda-se é mesmo a puta da loucura, 5 gajos para cada lado, um disco preto, equipamentos cheios de enchumaços e toca de arrefinfar o mais que puderes nos adversários.
Marcar golos?? Depois vê-se...
Regras confusas, foras de jogo e tudo, é ver o público a assobiar os árbitros quando eles entram em campo.
Bem, o espectáculo armado em torno dos jogadores é de doidos, luzes, música estilo heavy-metal, talvez para mentalizar os jogadores do que se avizinha, um speaker todo exaltado.... enfim, é a loucura.
O jogo começa, a equipa da casa é enrabada a sangue frio, comendo dois golos quase de rajada, e eu todo contente aos saltos: golo, é golo caralho!
Lubos preveniu-me que a equipa da casa perdia e fui aconselhado a sentar-me quietinho.
O que fiz de bom grado, näo me parece que os adeptos deste desporto sejam muito de: ai que palerma, está aos pulos.
De repente, reparo que entram 4 gajos e saem outros 4, sem aviso prévio.
Porra que se passa? Pergunto eu.
Ao que parece há uma equipa atacante e uma defensiva, os gajos näo se aguentam muito tempo a levar encontröes contra as tabelas...
A cada pausa, música agressiva no ar, näo percebo mesmo este desporto de doidos.
De súbito, para tudo, e entram duas gajas, escanzeladas, em roupa interior, com o já famoso saco de päo, com umas cuecas daquelas consegues trazer 3 päes de forma de qualquer padaria.
O público assobia, elas acenam... parecia que estávamos num local em obras com duas porcas a passarem.
As meninas entram, uma com uma vassoura, e outra com uma pá, varrem um pouco de gelo (quando digo um pouco, é mesmo um pouco) abanam os ossos, e lá väo elas.
Olho para um lado e para o outro, para ver se era o único que achava aquilo ridículo, e depois de ver que sim, pergunto ao Lubos: que merda foi aquela??
Pausa para publicidade... que estupidez.
Mais umas trolitadas, e a equipa da casa começa a recuperar, a recuperar (a repetiçäo é propositada), e dá a volta ao resultado.
O público exulta, berra, grita, esperneia, e os árbitros começam a perder a concentraçäo, däo-se uns erros, e voa o primeiro objecto para dentro do campo (onde é que eu já vi isto?), uma garrafa de água. Pergunto-me o que será aqui uma falta... será que é quando deixas passar um adversário sem lhe espetar uma stickada??
Há um dos gajos da equipa visitante que se passa, vá-se lá saber porquê, atira com o capacete ao chäo, e lança-se em direcçäo a um gajo, que finge que näo é nada com ele.
E os outros agarram-no... entäo passam o jogo aos encontröes, stickadas, puxöes e mais o que vier, e quando chega a altura da trolitada à séria, agarram-se?? Que meninos...
O hoquéi de gelo é a loucura...
A propósito, as equipas eram:
Pardubice vs HC Moellers.
Nomes bastantes normais, até...

Ena ena

Bem ando mesmo armado em parvo, já näo vinha aqui há uns tempitos...
Nada temam, voltei.
Contar-vos-ei o que de mais importante se tem passado, seja em Praga, seja aqui na Parvónia.
Entäo, ainda em Praga, acordámos cedo, todos rebentados, sabendo que ainda nos esperava um Sábado e um Domingo extenuante... e näo era por causa do trabalho.
Preparámo-nos com um pequeno-almoço substancial, muito päozinho, queijo e café.
Isto porque nos esperava uma caminhada de meia hora até casa de Sophie, onde ia prosseguir a reuniäo relativa ao seminário de Berlim.
Bem, ficámos lá a manhä e boa parte da tarde...
Estava-me a sentir um tanto ou quanto burro, porque näo percebi a ponta do que se falava ali,
de início era para ser um seminário sobre inclusäo, de repente mudou para educaçäo através da arte amadora, conceito que nem os próprios conheciam...
Foi como se tivessem inventado o nome "galinha" e depois o atribuíssem a uma doninha...
Grande salganhada a meu ver.
Na hora do almoço, está claro que fui útil, fiz o almoço, com direito a entrada e tudo.
O jantar foi numa pizzaria, cortesia da Uniäo Europeia, o que é sempre de louvar.
Conheci mais pessoal, até ofereceram uns presentes de boas vindas ao Joäo, o voluntário.
Muito fixe, a atitude.
Depois do jantar tínhamos uma festa da Amnistia Internacional, festa essa num bunker, um bunker à séria mesmo, era suposto haver uns DJs e o caraças, à entrada tinham uma caixa para donativos, e tinham posto lá um papel que dizia assim: Donativo aconselhado: 50Kc.
Engraçadito...
Descemos até lá abaixo, e na primeira sala, tinham um grupo de Americanos a cantar Country, pareciam mais sem abrigo que outra coisa, mas acho que eram uma banda, e entreteram a malta a noite toda, DJs nem vê-los.
Acabámos a noite todos bêbados a cantar com eles, ou a tentar cantar.
Simon até pegou numa guitarra e alinhou com eles, o rapaz toca guitarra e canta e tudo.
Fomos para casa eram 4 da manhä praí, tivemos de ir de táxi, só para sacar a factura, ficámos 15 min no táxi, acho que em vez de uma factura, Alena lhe pediu os Lusíadas ou assim...
Chegados a casa de Alena, aterrámos os 3 na cama dela, vestidos e tudo, uma selvajaria, dormimos 3 horas e recomeçámos a reuniäo, desta vez nos escritório da organizaçäo.
O que esperar de um grupo de ressacados mal dormidos?
Pois, näo muito.
Quase no final da avaliaçäo, descobri que näo era o único a apanhar bonés, mais de metade estava perdida, por diferentes motivos.
O maior motivo era de que a discussäo näo era saudável, Veikko, por exemplo, tinha ideias boas e muito práticas, que eram refutadas por Simon quase sempre da mesma maneira:
Sim, mas eu acho que... e lá a ideia era transmutada em algo que näo tinha nada a ver, cheio de palavras caras e de conceitos que ninguém (nem o próprio orador) sabia ao certo que significavam...
Cometi a proeza de cozinhar para dez pessoas comida vegetariana, em dois bicos eléctricos, e com uns tachitos que.. meu deus. Acho que bati o recorde de cozinha vegetariana num escritório.
Nessa noite fiquei de ir com Alena fazer yoga, tinha de pagar, mas era naquela de experimentar, e o ginásio fica localizado num sítio muito giro, Pont, com um lago e uma Vinoteca, embutida na pedra, muito louco.
Chegados lá, estava cheio...
Fiquei uma hora a ver o interessante duelo de futebol entre o Slovacko, contra näo sei quem.
Ela saiu, e indicou-me o caminho para casa do Joäo (o outro Joäo entretanto voltou para a Dinamarca).
Cheguei lá sem problemas, mas depois deparei-me com outro: näo sabia o andar, até porque as campaínhas näo säo como em Portugal, aliás, nem sei como säo, näo percebi um cu.
Resolvi ligar-lhe, só precisava de 10kc, na boa.
Precisava era de uma cabine telefónica...
Perguntei a pessoas que iam na rua, coisa que faço com relativa facilidade, mas parecia que lhes estava a pedir para as penetrar violentamente, porque ou fugiam ou diziam logo "näo", quando vim a saber que a cabine estava a dez metros de onde me encontrava...
Enfim, lá liguei ao Joäo, sem problema, ele estava em casa, entrei, e saímos pouco depois, começámos no paleio, sobre a reuniäo, sobre coisas daqui e dali, e Sophie estava a dormir, entäo resolvemos ir ao bar que há perto de casa dele, que é uma bela merda, mas sempre deu para dois dedos de conversa.
Fomos para casa, todos rotos, o fim de semana tinha sido extenuante, e fomos logo dormir.
Segunda voltei para a Parvónia...

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2007

Que Praga esta...

Ao regressar a casa, já vinha a pensar na próxima viagem a Praga, tinha conhecido gente nova, o tuga é 5 estrelas e doravante, uma ida a Praga será sinónimo de noites bem passadas.
Havia outro Português que vinha a Praga no fim-de-semana seguinte, outro Joäo, um gajo que conheci naquele seminário em Góis, que no fundo, foi o impulso para me lançar à aventura (se bem que aterrei num aterro de vida).
Vi este Joäo nessa única vez, näo era propriamente "aquele amigo" ou algo assim, e como tinha um convite para ir fazer snowboard para as montanhas, fiquei um pouco na dúvida.
Se fosse fazer snowboard, provavelmente näo voltava, ia servir de refeiçäo a alguma matilha de lobos, ou uma merda assim.
O que é certo, é que a minha amiga Polaca, também conhecida como "Bigodes", desmarcou a ida às montanhas, o que me resolveu logo o problema.
Fim-de-semana em Praga com cheiro a Portugal (e deixem-se de rabetices...) parecia-me muito bem.
Combinei com o Joäo, que já tinha arranjado sitio para eu dormir (que pintarola), e a Sexta-Feira na quinta, mal a senti, assim que acabou a liçäo de Checo, ala que se faz tarde, Praga by the weekend que aqui vou eu.
Já compro o bilhete de comboios sem problemas... bem, mais ou menos, se calha ocorrer algum problema de menor, é logo o pânico instalado, mortos, feridos e casas a arder.
Correu tudo sem problemas, a senhora da estaçäo até atirou umas palavritas em Inglês para o ar, que maluca.
Viagem calminha, apanhei só duas Checas com pinta de porcalhonas, mesmo à subúrbios, (espantoso, näo interessa o país, uma porcalhona será sempre uma porcalhona), que se riam de mim todas contentes.
Primeiro porque adormeci (wwooowwww adormeci numa de viagem de 1:40h, fantástico),
e depois porque tirei o gorro, mostrando a minha super juba, onde penso que mora uma família de roedores.
E as gajas riam-se.. uma tinha o cabelo ao mais alto estilo: o estilo "doninha empalhada", a outra tinha tanta maquilhagem que quando se ria saltavam bocados de estuque da cara dela.
Há gajas cá com uma moral...
Chegado a Praga, fui direito ao escritório onde estava o Joäo, primeiro andar (nem pensei sequer em ir ao quinto andar, caguei para essas gajas...).
A porta estava trancada... Sem problema, tinha o número dele, saí à rua, à procura de uma cabine telefónica, encontrei-a no posto de correios, liguei-lhe e... ele näo atendeu.
Hum... Bem, näo há de ser nada, pensei, e fui dar uma volta por Mustek, há lá umas roulottes com coisas muito saudavéis para comer, tipo hambúrgueres com molhos de cores bizarras e coisas tais.
Encontrei 4 tugas, do norte, para mim foi a loucura instalada, os gajos a olharem para mim como se eu viesse da terrinha, o que nem era assim täo longe da verdade quanto isso...
Depois de um pouco de conversa, eles lá se foram, e eu decidi ir jantar ao supermercado.
Um pacote de bolachas, mais um bolinho, meio litro de leite, e está composto o jantar dos campeöes.
Depois de comer, liguei de novo ao Joäo, desta vez atendeu de imediato, estava no escritório, a porta estava trancada devido a eles estarem em reuniäo.
Lá fui eu novamente, entrei no edifício, e dou de caras com Alena, a Checa que tinha conhecido na Quarta, fiquei espantado com o facto de ela se lembrar de mim.
Fui muito bem recebido, conheci Sophie, a tal Austríaca, e digo conheci, porque nem me lembrei dela de Quarta, embora tivesse dormido em casa dela...
Decidi ir à casa de banho, e como é um sítio óptimo para se conhecer pessoas, conheci Veikko, um Alemäo que ia levando com a porta na tromba.
Voltando para o escritório, conheci Simon, um Belga, e entretanto chegou Félix, um Inglês mesmo daqueles à séria, ou seja, com sotaque e com tiques de trinca-na-almofada.
Saímos do escritório, e seguimos para um bar, onde ficaríamos à espera do outro Joäo.
Lá chegados ao bar, sou informado de que aquilo é uma reuniäo de preparaçäo para um seminário que ia decorrer em Berlim, seminário esse ao qual me tinha candidatado! Mundo pequeno este.
Dei por mim no meio deles, e foi bastante agradável, nisto chega o Joäo, directamente da Dinamarca, e ali estavam 3 portugueses numa mesa de um bar em Praga, algo quase criminoso há apenas 17 anos atrás... Lá se reiniciou a reuniäo e claro que depois da terceira cerveja, já ninguém sabe muito bem o que é inclusäo e educaçäo näo-formal e as palavras enrolam-se...
e decide-se mudar de bar.
Fomos para um bar onde passava aquele estilo musical que dá pelo nome de drum´n bass.
Talvez eu seja ignorante na matéria, mas parece-me que se uma música dessas durar meia hora, essa meia hora torna-se um pouco monótona... a näo ser que tenhas falado com o dr Hoffman ou tenhas ido ver da Túlia. Enfim, gostos näo se discutem, lamentam-se...
Lá ficámos uma hora ou duas, até deu para jogar matraquilhos, claro que näo eram aqueles matraquilhos como deve ser, eram uns com vidro por cima, e uns bonecos todos esquisitos.
Näo me lembro de, durante a noite toda, estar sem cerveja na mäo.
Depois disso, separámo-nos por 2 casas, a de Sophie e a de Alena.
Fiquei com Alena e Simon, e lá fomos para casa dela.
Chegados lá, diz-me ela assim: só uma regra, tudo o que estiver no frigorífico é teu, usa e abusa.
Ena pá, oba oba. Senti-me confortável, foi uma boa atitude.
Na hora da deita, fomos para o quarto dela, e havia 3 soluçöes: ou dormia um no chäo e dois na cama, sendo que um destes seria a Alena, visto que a cama é dela, ou dormíamos os 3 na cama, ou eu e Simon dormíamos na cama dela e ela ia para o sofá, hipótese esta que ela propôs e refutou logo.
Acabei por dormir com ela (sem ideias porcas), e o Simon dormiu no chäo.
Eram 3 da manhä, no dia seguinte tínhamos de estar em casa de Sophie às 9 da matina e tínhamos uma festa à noite, sendo que no domingo também era dia de "trabalho". Adivinhava-se um fim-de-semana extenuante, no que toca a alcoól, claro.
A coisa mais estranha que aconteceu, foi a de eu ter acordado a meio da noite, porque tinha ficado com a sensaçäo de ter espetado uma cotovelada na Alena, mas como ela näo se queixou, voltei a adormecer...

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2007

Viena (fotos)

Pois säo só duas... O que é manifestamente pouco, mas quando se está dependente de terceiros... É assim.
Porra nem me lembro que edificio é este... e näo me está a apetecer ir ao Google.
Esta é a moradia que os Hubsdanof mandaram construir, parece que a Rainha teve 16 filhos...
Vai lá vai...
Assim que possível, mais fotos viräo.

Na quinta

Na quinta as coisas andam assim um pouco paradas...
Paradas ao ponto de me fazer pensar que raio ando eu aqui a fazer.
Vinha assim um pouco mal disposto por ter sido encavado pelos polícias, sem vaselina nem nada, entäo as coisas tomaram um "negrume" ainda maior.
Estou cá vai para dois meses, e de actividades referentes a um projecto de educaçäo ambiental, nada.
Tem sido só cuidar dos animais, cortar madeira, e umas tarefas bem merdosas.
O contacto com a juventude rural, e o fazer algo por ela, que foi o que me fez para cá vir, näo tem acontecido, o que me deixou frustrado.
A última tarefa foi partir uma parede, com um martelo próprio para o efeito.
453 marteladas depois, abri uma ferida na mäo, o que näo melhorou muito o meu estado de espírito.
Senti-me como se tivesse num trabalho que näo gostasse, e decidi pôr-me num pedestal, e de lá de cima, mandar uma valente cagalhäo para os demais cá em baixo.
Afinal, sou voluntário para um projecto de educaçäo ambiental, ou empregado de uma empresa de construçäo??
Passei-me da cabeça e toca de distribuir mails ao pontapé, para a minha organizaçäo de envio, para o Papa, e... para a minha tutora.
Ela já cá esteve durante um ano, podia ser que soubesse que raio se passa aqui, e se se vai passar algo aqui, que é algo que me interessa assim um bocadinho...
Combinámos encontrar-nos na Quarta-Feira, ia haver uma festa Brasileira no instituto Camöes e ela queria ir lá e o camandro.
E eu alinhei, precisava mesmo de falar com ela.
Entretanto, tomei contacto com um Português que está também a fazer voluntariado, em Praga.
Joäo de seu nome, vinha bem referenciado por duas amigas minhas.
Aproveitei a embalagem, e marquei um encontro com ele também. Aproveitei logo para lhe perguntar se podia ficar em casa dele, näo queria que a tutora se pusesse com ideias de alinhar num menu de degustaçäo de iguarias Portuguesas.
Lá fui eu, numa Quarta-Feira como outra qualquer, a caminho de Praga, esperançado de resolver alguns problemas que me iam na cabeça.
Cheguei a Praga e fui direito aos escritórios da minha organizaçäo aqui na Checa.
Lá chegado, conheci uma Austríaca, voluntária lá nos escritórios, que me perguntou se conhecia o Português que trabalhava no 1° andar... mundo pequeno este, o Joäo estava a fazer o voluntariado no mesmo prédio onde eu me encontrava.
Entrei no escritório, e lá estava a minha tutora, com as restantes gajas da org.
Näo me sinto nada confortável com estas gajas, parece que estäo sempre com medo de algo, que eu me dispa subitamente, ou que largue um peido que se ouça em Viena ou sei lá o quê...
Raios as partam...
Uma delas até me ofereceu um chá, chá esse que eu aceitei mas nunca vi!
Näo é de lhe mandar logo duas lambiscas??
Enfim, elas lá acabaram a reuniäo, eu e a tutora saímos dos escritórios, e eu falei-lhe do Joäo, o tuga que também estava na Checa.
Diz ela, eh pá vai já convidá-lo, e seguimos já para a festa!
Eh pá acalma lá a pássara, eu vim aqui para falar contigo sobre o "projecto".
E ela, ah na boa falamos no bar.
Bem, também queria conhecer o Joäo mesmo, e fui lá apresentar-me.
Foi mesmo assim, entrei pelo escritório dele adentro, perguntei por ele, apresentei-me, ele deu-me o número dele e depois de uns desabafos em bom Português, voltei para perto da tutora.
Levanta-se toda passada da cabeça: ah, eu ouvi o que disseste ao teu amigo, e mais näo sei quê e näo sei que mais...
Foda-se levo com cada baralho...
Depois de lhe perguntar o que se passava, disse que me tinha ouvido a falar com o Joäo, e aparentemente tinha ouvido de cabra para cima, devido ao tom de voz um pouco frustrado com que falei ao Joäo.
Enfim...
Lá lhe expliquei que ela devia era andar a comer gelados com a testa e a coisa andou.. devagar, mas andou.
Fomos para um bar, lá lhe expliquei que näo me estava a sentir bem no projecto, ela disse, ah e Inverno e coiso e tal, deves ser mais activo, tentar conhecer pessoas no bar (estes gajos é tudo na base do alcoól...), e blá blá blá.
Depois disso lá fomos à festa dos Zucas.
Entrada a 100kc, volta para trás, caga lá nisso.
Havia um encontro de voluntários num dos "Popo Café" espalhados por Praga, depois de contactar o Joäo e de andar meia hora na rua do bar sem ver onde ele ficava, lá demos com aquilo.
Estavam lá uns quantos, o Bastia da Bélgica, Olivia e Berto de Espanha, Pauline, Aurelie, e Naima de França, Theresa da Alemanha, Lori da Austria e acho que é tudo.
Sentámo-nos, apresentei-me, mas metade já sabia quem eu era... Praga é uma aldeia no que toca a voluntários.... Assim que disse o meu nome, levantou-se logo a Espanhola, ah és o cozinheiro!! Pronto mais uma que quer chouriço nos entrefolhos à lagareiro....
Pelo menos näo havia gajas de bigode, o que já é um começo brutal.
Galhofa, e Naima faz um Birls, näo reparando que eu até me espumava da boca.
Mais galhofa, um pézinho de dança, o bar estava cheio de freaks à séria, estava-se bem.
Travei conhecimento com mais quatro gajas:
A Anna, Espanhola, Sophie, Austríaca e Alena e Monica, duas Checas que tinham sido facilitadoras no on arrival training (até parece uma granda coisa dita assim) das minha coleguitas.
As últimas duas, bêbadas que nem cachos, a Monica sentou-se ao meu ldo e tentou encetar uma conversa, mas foi complicado para ambos, para mim que näo sabia o que dizer, e para ela que näo se calava.
De repente a minha tutora lembrou-me do baile que vai haver aqui este sábado, ou seja uma semana e meia depois disto. (ando um pouco desleixado pá, possa, näo pode ser)
Desatei a convidar todos os voluntários presentes no bar, festa, puta da loucura, tragam o que quiserem, quem quiserem, mandem vir!
Aquilo estava assim um pouco morto, decidimos entäo mudar de poiso, até porque havia um Birls a ganhar bolor.
Fomos para o primeiro andar de um bar em tudo insuspeito no rés do chäo: luzes cremes, tudo pipi, e o catano. Ao subir para o primeiro andar, o chäo todo cagado, até colava a sola dos ténis, um cheiro a erva, e reaggae com fartura. Na boa...
Sentámo-nos, já reduzidos a 5: eu, o Joäo, o Bas(tia), a Theresa e Naima.
Paleio, blá blá, um gajo podre de bêbado a dançar sozinho, enfim, o habitual.
Elas bazaram, o que nos fez olhr para o relógio: quase 4 da matina...
Descemos e íamos a sair, quando uma mesa mereceu a atençäo de Bas: dois Checos degladiavam-se verbalmente por uma Americana lindíssima, e ele achou bem ir lá molhar a sopa.
Näo foi muito bem sucedido, e nós fomos apanhar o eléctrico.
Faltavam 10 minutos e chovia, por isso voltamos para o bar, era já ali.
O Bas näo vai de modas, aproxima-se da mesa deles e diz assim: olhem só vim dizer... fodam-se.
Mesmo assim, e ali ficou a olhar para eles, como se tivesse dito "bom dia".
Eu nem queria acreditar, até me aproximei só para ver o desenrolar da situaçäo.
Nisto, a Americana (completamente embriagada) começa olharpara mim como se eu tivesse descoberto o significado da vida.
Diz ela assim: tens uma aura...(tás é bêbada) cheiras bem... (ih ca narssa), e falas täo bem Inglês... onde aprendeste?
O eléctrico estava quase a chegar e eu fui-me.
Fui com o Joäo até casa dele, combinámos a hora de nos levantar-mos (partimos nas nove e meia, acabámos nas 11), e fomos dormir, eles tinham um colchäo na sala, mais um saco-cama, e puf! fez-se uma cama do caracinhas...

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2007

Regresso a casa

Tinha o comboio às 8:25h, e como Magdalena entrava no escritório às 8h, e apanhávamos o mesmo autocarro, combinámos ir juntos de manhä.
Levantei-me às 6:50 da matina (parecia que ia ordenhar cabras), para näo me atrasar de modo algum.
Vesti-me, tomei um pequeno-almoço para o dia todo, esperei um pouco por Magdalena, e saímos para a manhä fresca que nos esperava.
Estranhei irmos a caminho da paragem e ela näo dizer "temos de correr".
Quando estamos a percorrer a última rua para a paragem, vejo uma coisa grande, verde, e com 8 rodas a passar na rua perpendicular à nossa, e ouço Magdalena a dizer assim:
Olha lá vai o nosso autocarro.
Fiquei maluco, perdendo aquele autocarro, provavelmente perderia o comboio, o que fazia com que todo o horário que tinha planeado para o regresso fosse por água abaixo.
Depois de mandar duas caralhadas para o ar (bem, foram bem mais de duas), dei por mim nos confins de Bratislava, à beira da estrada, com o polegar levantado, a pedir boleia...
Viva o desespero.
Nisto chega um autocarro, mas nesses tinha de pagar de certeza, e eu näo tinha um tusto, por isso Magdalena chegou-se à frente.
Ainda nem sequer estava perto da estaçäo e já eram 8:20, o comboio estava mais que perdido.
Foda-se, agora tinha de arranjar acesso à internet, trocar dinheiro e arranjar onde ficar uma manhä inteira a assar.
Ela sugeriu que fôssemos para o escritório dela, estava lá sozinha, eu podia ver o próximo comboio, comer e beber café lá. Embora estivesse com umas trombas de carneiro, pareceu-me um plano deveras bom.
Lá fomos, direitinhos à outra ponta de Bratislava, e passei a manha em frente ao computador a ver comboios, a comer smarties e a beber café. Por volta das 11 pus-me a andar para a estaçäo, Magdalena tinha-me escrito num papel como lá chegar.
Cheguei à estaçäo e tinha uma hora para o comboio, näo queria correr riscos...
Fui fazer tempo num restaurante no edifício adjacente à estaçäo, e chegada a hora, fui apanhar o comboio.
Entrei na estaçäo, todo contente, e chegado à plataforma de embarque, vejo que o comboio está atrasado 5 minutos.
Puxo do cigarro-enquanto-espero-por-algo e entretanto reparo em dois polícias na outra ponta da plataforma, e reparei neles por motivo nenhum.
O que é certo é que eles vieram caprichosamente na minha direcçäo, e a primeira coisa que disseram foi: passaporte.
Na boa, tinha a base de fatias de pizza no bolso de trás, estiquei-a de pronto.
Ele vê o meu passaporte, e diz-me: vais ser multado em 500sk por estares a fumar na estaçäo.
Arregalei os olhos, e näo quis acreditar.
Ingenuamente, pergunto: a sério? Mas näo há nenhum sinal como é possível??
Regra Eslovaca, foi a resposta que obtive.
Bem, estrabuchei o mais que pude e o máximo que consegui foi reduzir a multa para 200sk, que era o dinheiro que me restava...
Fui para o comboio a chamar nomes feios às mäes dos senhores, e fiz uma viagem de regresso a casa num humor um pouco para o negro, apenas apaziguado por um cäozinho pertencente a uma Russa que estava sentada à minha frente.
Para completar o belo cenário, cheguei a Chocen e só tinha autocarro daí a duas horas.
Estava frio, näo tinha dinheiro para me sentar em nenhum bar, e näo queria ficar ali na paragem de autocarros da estaçäo a rapar frio.
Decidi dar uma volta pela "cidade" para ver se fazia tempo.
Perdi-me na vila mais perto de minha casa... fantástico.
Andei à toa sem saber onde era a paragem de autocarros, e quando a encontrei, ainda faltava 1h para o autocarro chegar...
Passei essa hora a fumar cigarros (sempre a ver se havia algum polícia por perto) e a falar sozinho, literalmente a falar sozinho, foi uma hora que passei a contar piadas a mim mesmo, e a rir-me delas!
Quanto mais escuro ficava, mais frio tinha, como é óbvio. Quando o autocarro chegou estava aos saltos para um lado e para o outro, perante o olhar estupefacto de uma jovem que tinha chegado entretanto.
Ao chegar a casa, só consegui fazer uma omelete, ver os mails, porque tinha uns que queria mesmo ver, e de resto... Foi a morte cerebral.

Só para a rambóia, e inspirado pelo Luís, aqui vai um palavreado:

Jedno - Um (varia dependendo do género, um dia explico melhor)
maso - carne
mléko - leite
sklenice - copo
kdo - quem
zeleny - verde
růžová - rosa
dobry den - bom dia
počitač - computador
zapalky - isqueiro
padesát - cinquenta
Já jsem portugalec - eu sou português

é de um gajo ficar maluco...

Didascália

Pois é esqueci-me de vos contar um episódio engraçado, que aconteceu depois de chegarmos a casa de Magdalena.
Estávamos em casa dela a ver umas fotos e filmes do espectáculo de Folk, quando a mäe dela começou a tagarelar sobre nem me lembro o quê, o que fez com que Pavol tivesse uma espécie de ataque de "foda-se que ninguém cala a velha", o que me fez lembrar que tinha de ir tomar banho.
Estava eu no banho todo contente a esfregar as virilhas, quando ouço um grito vindo do andar de baixo, grito esse que parecia de um porco prestes a ser chouriço, farinheira, morcela e todas essas coisas que o corpo necessita.
Eu estava no banho, e o resto da família estava entretida a ver as recordaçöes do Folk, com a porta fechada e o volume no auge.
Os gritos continuaram, era Magdalena que berrava e pareceu-me que era com uma mistura de choro, como se estivesse a agoniar à séria.
Preocupado com o granel que vinha do andar de baixo, saí do banho a meio, sequei-me como deu, vesti o pijama e depois de avisar a família que Magdalena berrava que nem uma porca, desci as escadas num ápice (sem óculos, ou seja, näo estava propriamente apto a salvar ninguém, fosse do que fosse), e dei com Magdalena enrolada numa toalha, nas calmas.
Olho para ela incrédulo, e pergunto: entäo caralho??
e ela: ah, näo sei do meu shampoo...

Sem comentários....

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2007

Folk Eslovaco

Ficámos ainda meia hora a anhar na estaçäo, porque Magdalena recebeu uma chamada de uma amiga que tinha deixado o marido e.. já estäo a ver o filme.
Saí da estaçäo a pensar cá para mim: bem nunca tive nesta estaçäo, deixa-me ver como é este lado da cidade.
Havia umas obras gigantescas mesmo em frente à estaçäo, depois de ver o rêgo do cu de um dos trolhas, achei que este lado da cidade nem era assim muito giro.
Lá acabou o telefonema, ainda tive de ir a viagem toda a levar com a história de um casal que casou porque sim, e agora têm problemas, e estando ela grávida é um granda pincel...
Há aquele truque fabuloso, de manteres uma expressäo convincente, enquanto concordas com tudo o que te é dito, e quando sentes uma mudança no tom de voz, invariavelmente dizes: claro, sim sim ou porra que otário/a. Nunca falha. Se te pedirem a opiniäo, sorris e dizes: quem sou eu...
Adiante, que eu nem devia ensinar estas coisas, agora tudo quanto é gajo com namoradas chatas vai levar um bloco de notas com isto escrito para o pé delas.
Chegámos perto das 16h ao Teatro Nacional de Bratislava.
Eu estava completamente perdido, e depois de ver a familia dela com um casal, e todos vestidos com as roupas que cheiram a naftalina, perguntei-me que fazia ali eu.
Uma confusäo do caraças, parece que näo estavam a contar com alguém (adivinhem quem...) e eu olhava para um lado, olhava para o outro, e só via velhas com a cara toda borrada, näo cheguei a perceber se era maquilhagem ou se faziam parte do espectáculo, e os senhores com os fatos que usaram no seu primeiro funeral.
Lá se arranjou bilhetes para toda a gente, loucura, näo consegui conter os gases de contentamento.
Fomos ao bengaleiro por os quilos de roupa que tínhamos na mäo, e lá estava um jovem todo simpático, cuja cabeça aparentava ter sido lambida por um camelo.
Subimos uns 3 andares, tínhamos bilhetes para o balcäo lateral, e foi com uma grande surpresa que vi uma jovem daquelas muita malucas, com uns pins dos Nirvana e o catano.
Ou estava com a mäe (ou avó), ou estava à procura do Burger King, ou gostava do que se ia passar.
Registe-se que eu ainda näo sabia que raio se ia passar.
Lá nos sentámos, levanta-se a cortina no palco, e acontece uma projecçäo de um filme com um velho a falar.
Porra, pensei eu, näo me fodam, isto está cheio para ver um documentário??
Assim sendo, eu estava completamente encavado até ao osso.
Decidi perguntar a Magdalena que raio é que se ia passar.
Era uma homenagem ao fundador de um dos maiores grupos de Folk da Eslováquia (näo me recordo do nome), comemorava hoje o seu 80° aniversário.
Tá bom.
Passado perto de duas horas, retirei uma liçäo daquela sessäo.
Os preconceitos e pré-conceitos podem-nos retirar experiências únicas.
Durante essas quase duas horas vi gajos aos saltos que nem uns malucos, fazendo-me recordar as danças das Tunas (coincidência? quiçá...), crianças a dançar as danças tradicionais das montanhas, das pessoas que lá vivem, cada povoaçäo com a sua indumentária particular, instrumentos que nunca tinha visto, um tango preparado pelo maior coreógrafo da Eslováquia, uns muito virtuosos tocadores de violino, com aquele compasso típico de festa, e raparigas, maquilhadas para o efeito, que cantavam histórias sobre alcoól, rapazes, e toda a gente na sala ria.
Eu ria por contágio claro...
No final, o homenageado subiu ao palco. Sentia-se uma atmosfera de apreço por aquele velhote de 80 anos, que ainda deu uns passitos de dança e cantou (embora näo abrisse muito a boca, talvez devido à placa), com uma lágrima, perceptivel de onde eu estava sentado.
Foi muito bonito de se ver.
Depois desta coisa toda, ligámos ao Jürgen, eu ia-me embora no dia seguinte, e gostava de o rever.
Ia para uma espécie de palestra... que freak.
Demos uma volta pela cidade, sentámo-nos num bar com música para adormecer, e issso fez com que fôssemos para casa a horas parvas.
Foi comer, banho, e dormir.

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2007

Viena

Na manhä de domingo, fomos a Viena.
Acordámos cedo, preparámo-nos, e arrancámos à pressa, porque para näo variar, tínhamos de correr.
Conseguimos apanhar o autocarro para o centro e de lá, apanhámos o autocarro para Viena.
Mais uma vez, fiquei espantado com o preço da viagem. Bratislava-Viena : 6 euros.
A viagem foi surpreendentemente rápida, e daí talvez näo, apenas fosse ignorância da minha parte, até porque as cidades näo distam assim tanto uma da outra.
Na fronteira há um campo eólico vasto, que é assim uma espécie de um espaço gigante cheio de ventoinhas enormes, daquelas que há nas tascas para afastar o cheiro a tabaco e do hálito a vinho dos senhores de idade.
Ventoinhas essas que podiam ser compradas por qualquer cidadäo, e geridas pelos mesmos. Catita.
Na fronteira com a Áustria, parámos, mas näo houve nenhum controle de passaporte ou algo do género.
Talvez fosse por irmos apenas 3 pessoas no autocarro...
Magdalena já tinha morado em Viena uns 3 meses, assim que chegámos ela soube logo onde era a estaçäo de metro, embora tivesse admitido que näo lhe era muito difícil perder-se.
Nunca tinha lá chegado sozinho, a estaçäo de metro é uma confusäo do caraças, a entrada é uma porta comum, que tanto quanto sei podia ser da Corporacion Dermoestetica, näo vi a porra de sinal nenhum que me desse a indicaçäo de que me estava a dirigir ao metro.
Mesmo quando estava com a focinheira defronte das escadas de acesso, me custou assimilar que estava prestes a apanhá-lo.
Antes de entrarmos nas escadas havia umas bilheteiras automáticas. Magdalena vacilou e olhou para mim como quem pergunta: burlamos ou näo burlamos?
Perguntei-lhe como era a situaçäo aqui na Áustria em termos de burla.
Responde ela: ah sabes, país organizado...
Consulltei os preços, os bilhetes de 24h custavam 5 euros cada um.
Lá a convenci de que se calhar era melhor pagarmos e pronto.
Ela inseriu uma nota de 50 euros na máquina e a máquina cuspiu-a. Só aceitava, no máximo, de 10. Ok, convenceu-nos, sem falarmos sequer, cagámos para a máquina e fomos para o metro sem bilhete.
Saímos no centro, numa estaçäo de metro (esqueçam lá isso de nomes) com umas galerias subterrâneas brutais, visíveis através de umas janelas enormes.
Assim que subimos as escadas de acesso à saída, fiquei estarrecido. Uma igreja colossal prostrava-se mesmo à saída do metro. Gigante mesmo.
Depois da foto da praxe, entrámos para a igreja. Como esperado, lindíssima, cheia de ouro (ah, ajudem os pobres e o camandro... foda-se, é preciso ter lata.), imponente.
Vi uma coisa que me provocou um riso que tive de conter para nao se transformar em gargalhada. Nem foto tirei, o respeito é bonito.
No meio daquela arte toda, da arquitectura pipi e mais essas coisas todas, havia umas máquinetas de informaçöes todas xpto/twilight zone.
Já näo bastava o choque entre as máquinas e a arquitectura da igreja, ainda tinha de se espetar com 1 euro para a máquina dar a informaçäo!
Já me estava a ver a perguntar como se rezava um Pai Nosso e ela responder: "Pai Nosso que estás no céu... favor inserir mais 1 euro para o resto."Näo brinquemos, que ridículo...
Igreja vista, fomos dar uma volta, havia um sítio específico que ela conhecia, chegar lá é que estava escasso.
Viena é uma cidade... megalómana, talvez seja o adjectivo mais apropriado. É tudo grande, gigante, imponente, bem conservado e lindo, muito lindo mesmo.
Praças brutais, com estátuas de Deuses, semi-Deuses e tudo o mais. Fomos em direcçäo à antiga moradia dos Habsburg, uns reis muita malucos, que construíram a moradia porque a mulher Madalena, penso eu, teve 16 filhos... Porra também näo era preciso aquilo tudo...
O que é certo é que é um edifício brutalmente brutal. Ficava estarrecido de 3 em 3 segundos, com os edifícios que se deparavam à minha frente.
Depois de atravessar a moradia desses fornicadores desregrados, através de uma abóbada, entrámos noutra praça, essa ainda maior, e com dois edifícios enormes, e gémeos.
Que cidade brutal... Um edifício é agora um museu de arte, com uma colecçäo de arte que pertenceu à (pelos vistos enorme) dinastia Habsburg. No edifício em frente, igual em tudo excepto numas estátuas, está agora um museu de história natural.
Viena é uma cidade com um vento terrível, aquele a que nós tugas chamamos de "vento filha da puta". Devido às montanhas que acumulam o vento, e ao Danúbio que trata de o trazer até Viena. Com o friozito que estva... Ui ca bom.
Continuando, passámos pelo parlamento, outro mega-ultra edifício gigante...
Lindo mesmo.
Ah e o cabräo só escreve nem mete fotos.... calma malandragem, elas viräo.
Os Austríacos säo um povo que respira saúde. Viena é das cidades mais ecológicas da Europa, aliás, a Áustria é dos países, senäo o país mais ecológico da Europa.
Domingo de manhä, é vê-los em peso no ringue de patinagem no gelo, com os filhos, montes de gente, muito bonito de se ver.
Prosseguimos a nossa caminhada, até passarmos por uma catedral gótica, dedicada a Sto Esteväo, que devia ser um Santo do caraças, a catedral é mesmo... Viena.
Ainda tínhamos umas horas até regressar a Bratislava, tinhamos de lá estar às 16h para assistir a um concerto, segundo Magdalena.
A propósito, Magdalena é uma óptima guia, além de arranhar Alemäo, sabia todos os estilos arquitectónicos, estudou-os e conseguia identificá-los, dava muito jeito tê-la por perto.
Decidimos metermo-nos num eléctrico e andar por Viena à parva, mais que näo fosse porque estava mais quentinho lá dentro.
No eléctrico cheirava a cadáveres em decomposiçäo, perguntei-me se näo seria melhor rapar frio.
Saímos numa paragem que Magdalena escolheu, queria-me mostrar uma fábrica, cujo edifício tinha sido remodelado com materiais reaproveitados. Que fábrica mais marada. Azul, com uma espécie de disco voador no topo, com uns desenhos abstractos aqui e ali. Loucura.
Tinha chegado a hora de voltar para Bratislava. Tinhamos de encontrar a estaçäo de Sudbanhoff. Fomos consultar o mapa que estava numa estaçäo de comboios ali perto, mas ao lá chegar, constatámos que näo havia o típico sinal "você está aqui", o que para quem näo sabia onde estava, era um grande pincel. Sim, Magdalena estava täo perdida quanto eu.
Decidimos ir perguntar dentro da estaçäo. Ela foi falar com um senhor já bêbado, eu preferi entrar no café onde ele se tinha embebedado.
A senhora do café falava Inglês, explicou-me mais ou menos como chegar à estaçäo.
Depois de conferenciar com Magdalena, soubemos que tinhamos a mesma informaçäo. Porreiro.
Fomos em direcçäo à paragem de eléctricos que nos tinham indicado, e eu resolvi perguntar de novo, escolhi cuidadosamente a vitima, um jovem que tinha pinta de quem falava Inglês. Abordei-o, e o gajo: ah, vais ali, apanhas aquele comboio, depois sais e apanhas o eléctrico...
Ih oh bacano... Vai lá vai.
Magdalena vem ter comigo aos saltos, ai que bom é só apanhar aqui o eléctrico.
Mau... Fui ter com o jovem Austríaco e disse-lhe: eh pá, näo me vais levar a mal, mas a minha amiga recebeu a informaçäo de que é só apanhar aqui o metro...
Ele (consultando o percurso): eish pois é, desculpa lá.
Cabräo....
Esperámos pelo eléctrico, e foi uma viagem de, sem exagero, meia hora, já estava farto...
Chegados finalmente à estaçäo, ainda houve tempo para beber um café.
Pedi um expresso, todo contente, e veio um expresso sim, mas parecia água onde alguém tinha lavado os pés.
Paguei a módica quantia de 1,90 euros pela merda de um café... Fantástico.
A viagem foi normalíssima, chegados a Bratislava, no controlo de identificaçäo, estava uma gaja de saltos altos, completamente aos esses, gorda que nem um texugo, nem conseguia mostrar a identificaçäo. Provou que näo é preciso dois gajos falarem a mesma língua para se rirem do mesmo. O humor näo tem cultura, cor, credo, raça... oh que merda de conversa.

Bratislava (fotos)

Loucura: a loira lá aprendeu a mexer no computador e já tenho algumas fotos que tirei em Bratislava. Näo säo muitas, mas com um pouco de jeitinho... haverá mais.



Isto, é o tal homem a sair da sarjeta. Motivo? Näo faço a mínima ideia, a explicaçäo que tive de Magdalena foi a de que, como eles näo têm história, toca de meter umas estátuas de modo aleatório na cidade, um dia, algum historiador falará nelas. Tem de se começar por algum lado, acho...


A vista do parque pertencente ao castelo. Só porque achei piada à torre....


Esta foi tirada antes de chegar ao castelo.. Chamam a esta ponte "Ponte OVNI". Hum.. pergunto-me porquê...


O rio Danúbio. Näo deixa de ser engraçado, ouvir e aprender tanto sobre o 2° maior rio da Europa (depois do Vouga, ah, é o Volga, bolas), e depois estar a tirar-lhe fotos. Paneleirices.
Com um pouco de sorte (e engenho de Magdalena) viräo mais.


sexta-feira, 2 de fevereiro de 2007

Bratislava (tarde)

Antes de sair de casa, tive o que se pode chamar um choque cultural.
Tinha comido um mega pequeno almoço, mas com o tempo todo que ficámos em casa, o estômago lá arranjou espaço para a sopa de couve lombarda e enchidos que a D. Helena preparou.
Sentei-me à mesa, comecei a comer, e o Sr. Miroslav (um gajo devia poder escrever D. Miroslav...) fez-me sinal para esperar.
Vai ao frigorífico, tira o pacote de leite, e cá vai disto para a sopa.
"Está acida" diz ele... Porra, mete-lhe açucar!
Lá pus na minha e näo é assim täo mau quanto isso. Quanto aos efeitos de explosäo no estômago que saem pelo recto é que näo há nada a fazer, e como diz o meu amigo André Soares, "näo sejas täo etnocentrado". Tenho de ir ver ao dicionário o que ando a ser...
Lá saímos de casa rumo ao centro de Bratislava, e a meio caminho, Magdalena profere a frase que viria a ser cliché neste fim-de-semana: temos de correr.
Saímos sempre de casa à conta para o autocarro... gajas.
Apanhámos o autocarro, mais uma vez sem o pagar, e saímos perto do rio Danúbio.
A meu pedido, fomos até ao castelo (haverá fotos... assim que ela se lembrar de me mandar...).
A caminho do castelo, passámos por uma casa abandonada, e ela lá se lembrou de irmos ver o que se passava lá dentro.
Ainda lhe perguntei se tinha tomado a medicaçäo mas de nada valeu...
Descemos por um caminho, e havia umas escadas cheias de lixo com um portäo arrombado. Convidativo...
Chegados à entrada desse portäo, e assim que pus um pé dentro da casa, ouvi dois estoiros lá dentro. Ala que se faz tarde, nem quis saber o que era. Esta gaja é mas é doida.
Passámos pelo Parlamento, um edifício esquálido, com uma estátua em homenagem a um homem, do qual näo sei nada, apenas que foi assassinado pelos Checos. Malandros...
Fomos em direcçäo ao Castelo, e a vista sobre o Danúbio era brutal.
Via-se as montanhas de Viena com alguma neve e o maior bloco de apartamentos de Europa.
Uma coisa gigante, faz a Tapada das Mercês parecer um condominio fechado.
Ao que parece, Bratislava näo tinha pessoas suficientes para ser capital. Entäo os comunistas resolveram a situaçäo, criando o maior receptor e passador de droga ali da zona. Tá bom.
Chegados ao castelo, resolvi tirar uma foto do castelo todo.
O único lugar bom para isso, era um "planalto", cuja rampa de acesso estava vedada com uma corrente. Como näo falo Eslovaco, näo percebo o que quer dizer uma corrente Eslovaca, e lá fui eu. Atrás de mim vieram mais 5 turistas. Sempre a quebrar barreiras...
Foto aqui, foto ali, muito giro, vamos embora. Descemos pelo outro lado, näo sem antes nos determos contemplar a vista sobre Bratislava.
A cidade näo tem uma arquitectura regular, aparentemente, näo há ninguem responsável pelo pelouro da arquitectura na Câmara, entäo constrói-se a bel-prazer. Dá um toque original à cidade...
Fomos andando, em amena cavaqueira.
Como já devem ter percebido, Magdalena é muito... espontânea.
Às tantas, sem eu me dar conta, está falar da gaita de um ex-namorado Russo:
Tive um ex-namorado Russo que tinha o pénis täo grande, que ás vezes até me custava andar... estás-te a rir do quê??
Foda-se, do que é que eu me havia de estar a rir??
A naturalidade com que ela disse isto foi algo que me chocou, quase corei...
Tinha assim umas saídas engraçadas.
A meio caminho, vi um portäo lindíssimo, näo ia dar a lado nenhum, era só um portäo com uma parede por trás, mas o centro do portäo em ferro trabalhado era um coraçäo.
Uma espécie de "preso pelo amor". Muito louco.
Demos uma volta pelo centro, (as fotos... enfim, viräo), e fomos a um bar que ela gostava muito.
Um sítio muito agradável, gostei muito, tinha um ambiente marroquino, cheio de cachimbos (Birls...) por toda a parte.
Acabámos por ficar lá tempo demais, quando saímos já era escuro, e bem que escurece às 17 ou até antes.
Passeámos mais um pouco pelo centro, e vi umas estátuas no mínimo curiosas.
Uma era a de um homem a espreitar numa esquina, com uma máquina fotográfica que tinha uma objectiova maior que a sarda do ex-namorado dela.
A outra era de meio-corpo, um homem a sair do esgoto. Pergunto eu: Porquê?
E ela: ah como nós näo temos história, inventamos.

Esclarecido. Näo se trata bem de näo ter história, mas os Eslovacos näo têm o patriotismo que têm os Checos, e se pensarmos que que as naçöes se separaram há apenas 13 anos, näo deixa de ser estranho.
Os "Eslovacos" foram ocupados pelos Húngaros na I Guerra Mundial (foda-se é só a mim que este nome mete nojo??), pelos alemäes na II, depois tiveram o regime comunista, ainda uns problemas com a Ucrânia, e "acoplados" pelos Checos.
Têm história, claro, as dos reis e o catano,mas têm muito aquela ideia que säo inúteis enquanto que os Checos säo uma espécie de Americanos da Europa, patrióticos, e um pouco a cagar para os outros. Se perguntarem a um Checo o porquê de näo serem hospitaleiros, eles respondem que säo patrióticos. O que é certo é que fui muito melhor recebido na Eslováquia, que na Rep. Checa.
Leva-me a pensar que "patriótico" é o antónimo de "hospitaleiro".
Ou entäo fui eu que tive azar. Adiante.

O centro de Bratislava é muito bonito, um sítio sem aquela beleza de Praga, mas muito agradável, até porque Praga está demasiado direccionada para o turismo. Demasiado.
Bratislava é uma cidade relativamente pequena, os pontos de interesse säo facilmente "visitáveis" numa tarde.
Fomos até ao centro comercial descansar um pouco, tinha levado botas devido ao tempo, e nunca antes tinha usado botas na vida, sem ser este Inverno, abomino botas, e como tal, estava cansado de as carregar para todo o lado.
O centro comercial tem cinemas, bowling, e uma sauna gigantesca, demasiado cara para o meu bolso.
Lá ficámos a anhar à grande, até decidirmos ir ver o Borat ao cinema.
Ver o Borat com legendas Eslovacas... caguei-me a rir.
Depois disso, ficou agendado um "baile" perto de casa dela, mas era só à meia-noite, por isso fomos para casa fazer tempo.
Passado um bocado, pergunta ela assim: tens alguma camisa branca?
Responta pronta depois de levantar a sobrancelha esquerda: foda-se deves pensar que trago aqui a farda de pinguim näo??
Tenho ums calças pretas e já é muita bom...
Um pouco mais tarde... Diz ela:
Estou um pouco cansada...
Ok, näo vamos, näo é assim täo importante quanto isso...
Verdade seja dita que estava todo rebentado das voltas, por isso nem me importei de me deitar cedo, até porque no dia a seguir íamos a Viena...

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2007

Bratislava (manhä)

Devido ao meu (nojento) relógio biológico, acordei às 8:30 da manhä, ainda bêbado, o que é uma sensaçäo deveras merdosa.
Fui lavar a cara com água fria, mas sem resultados práticos.
Sentei-me ao computador a ouvir música e a mandar um mail matinal, e por lá fiquei até ás 10:30, altura em que fui tomar banho.
O irmäo de Magdalena, Pavol, também dormia no andar de cima, e ao sair do quarto dei de caras com ele.
Pavol toca piano e címbalo. Larilas, portanto.
Muito prestável, perguntou se precisava de algo, e se fosse caso disso, para näo hesitar em pedir.
Achei que era um convite para me esfregar as costas...
Recusei amavalmente, mas depois lembrei-me que näo tinha trazido toalha, o que näo é uma situaçäo que me deixe confortável.
Voltando atrás na recusa, pedi-lhe uma toalha.
Ele todo atrapalhado, näo sabia que toalha me havia de dar, e foi perguntar à mäe.
A mäe já tinha posto uma toalha no meu quarto... que doçura de senhora.
Pavol teve a amabilidade de me indicar que havia um interruptor, no caso de a água ficar muito fria. Indicou-me ainda um armário com escovas, caso fosse necessário, visto que eu tinha um cabelo "muito longo" (Pavol dixit). Sai dessa...
Tomei o duche e desci para ver se acalmava o ronco no estômago.
Estavam umas visitas na cozinha, por isso hesitei antes de abrir a porta, mas D. Helena reparou e chamou-me. Lá entrei, sentei-me e fui apresentado a um casal amigo da família, näo me recordo dos nomes, e o seu neto.
Falavam ambos Inglês, e houve uma sessäo de paleio, onde fiquei a saber que a senhora era directora da D. Helena, o marido trabalhava em Viena, e o neto era arraçado de Búlgaro.
Comida é que nem vê-la, e embora estivesse a morrer de fome, obvimente que näo me manifestei.
Nisto, o pai de Magdalena oferece-me slivovica...
Ainda nem sequer tinha recuperado da cadela de ontem, já o simpático senhor me espetava com um copito à frente.
Recusei o mais peremptoriamente possível, ou seja, ne ne ne ne ne dekujiu (näo näo näo... obrigado). Qual quê... Nazdraví (saúde) e bota abaixo.
Quando ele se prepara para me encher de novo o copo, eu viro-me para D. Helena, em pânico, e digo-lhe que ontem tinha chegado a casa bêbado e para, por favor, que o dissesse ao marido, agradeço muito, mas vou cair redondo.
Diz ela: é para limpar...
Siga lá vai o segundo goela abaixo. O senhor que estava lá como visita, dá-me para a mäo um copo com um liquido meio amarelado, gaseificado.
Pensei: oh foda-se, que é isto agora?
Perguntei o que era, e ele diz-me "bebe".
Bebo a ponta... Insisto, e diz a mulher, confia que näo tem alcoól...
Lá alinhei na palhaçada.. e era vinho, mas sem alcoól!
Qual é a piada de se fazer vinho sem alcoól?? Enfim...
Entretanto, entra Magdalena, junta-se à malta fixe, e pergunta-me se já comi.
Disse que näo, e ela levantou-se e foi tratar disso.
Tirou o päo, o queijo, os pickles (uma especie de mini-pepinos gordos, fiquei fä), o fiambre,um iogurte, uma maçä... porra, näo estava a morrer de fome.
Entra Pavol, e dis-me assim: bem, do que é que gostas?
O gajo estava a aprontar-se para me preparar o pequeno almoço enquanto eu ficava ali sentado!
É demais, sério... Levantei-me, e disse: Pavol, agradeço-te, a sério que sim, mas sei fazer sandes.
Enquanto falava com ele, e ele comigo, Magdalena preparou-me uma sandes do tamanho de uma pizza calzone, uma maçä cortada em quartos, e um pudim de chocolate.
Säo excessivamente hospitaleiros estes Eslovacos...
Era suposto irmos a Viena neste dia,mas já eram perto da uma, era um desperdicio de tempo ir lá, näo íamos ver nada de jeito.
Lá decidimos dar uma volta em Bratislava, eu näo conhecia a cidade e tinha muito mais lógica.
Lá nos fomos aprontando para sair, sem pressas, quando eu olho pela janela e constato que neva, e näo só neva, com está um vento do caraças.
Desço e consulto Magdalena: olha lá saímos assim com este tempo?
Ela: claro, sem problema. Ok.
Vem logo a D. Helena, ai que vais ter frio, näo podes ir com eses ténis, e tens de ir agasalhado...
Expliquei-lhe que tinha umas botas e um casaco muito bom para a situaçäo (obrigado Telmo).
Aparentemente umas calças comuns näo eram suficientes, e lá me convenceram a usar umas ceroulas à "Robin dos Bosques". Vejo-me em cada uma...
Umas espécie de collants brancos, mas demarcadamente para homem, do género daqueles que alguns de nós usávamos na primária. O que eu me ri sozinho... O que é certo é que davam jeito, o tempo lá fora näo estava "simpático"...