Pesquisar neste blogue

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Sou uma bola-de-Berlim...

...e não é porque estou gordo, já que não se passa nada em Praga, vai-se a Berlim.
O convite surgiu numa noite em que me encontrei com o meu grupo de dj's, nomeadamente o Honza, gay e produtor de musica electrónica, sendo que ambas as coisas são hobbies, e o Vladimir, dj de referência na comunidade gay, não produz nada mas queixa-se muito, e é, claro, também gay.
Antes que o pessoal do bloco de esquerda me venha atropelar em manada, e porque há pessoal assim, escrevi "claro" porque sendo dj de referência na dita comunidade, não podia deixa de ser gay, numa altura em que há festivais gay, livros gay, musica gay (caguei), filmes gay, viagens para gays e cães para gays, num fenómeno de discriminação que, ainda que positiva não me deixa de espantar. Para que conste, o Honza concorda comigo, ainda que para ele, esses festivais sejam para bichas, sendo que ele, com os gritinhos e risinhos, é, apenas e somente, um paneleiro.
Temos o nome de post-age, sendo post-age uma mistura de post-punk, com o facto de se tocarmos coisas intemporais, sejam elas dos 70's ou dos... 00's.
Espero que ninguém esteja a imaginar uma cena tipo power rangers, collants e o caralho, porque isso mostraria uma intolerância da vossa parte.... pfff.
Conheci o Vladimir numa noite em que fui ao Blind Eye, um bar já defunto, onde se passavam umas coisas giras. Lá estava eu, com uma amiga alemã, que apesar de aborrecida é boa que até doi, e já perto do final da noite, estando eu aborrecido, sou interpelado por um gajo que parecia ser o vocalista duma banda dos 80's, camisa feia incluída e tudo. Pergunta-me o gajo: "não és dono de um clube?" eu, depois de rir digo-lhe "eu?! foda-se!" e o gajo olha pra mim confuso, eu depois comecei a falar em Inglês. O problema, por assim dizer, é que desde que comecei a tocar aqui e ali com o KinoCirkus, aka Nicola, aparentemente a malta, erradamente, pensa que eu possuo algo, seja um sítio, ou mesmo talento. O Vladimir é o primeiro e caso. E vai daí, o segundo. Depois de me explicar, disse-lhe que me doía a cabeça, que estava cheio de o ouvir, e que falávamos pelo facebook amanhã, era mais fácil. Falta dizer que o Vladimir era, às quintas, dj do blind eye. E assim foi, falámos, e prometi-lhe que, assim que arranjasse algo pra malta, que o convidava, desde que ele me prometesse não tocar a "tainted love" dos Soft Cell.
E um belo dia, arranjei um sítio pra malta. Recebi um convite para um concerto por trás de minha casa, e ao abrir a página na internet do dito cujo, fiquei a saber que era no âmbito de um festivalzito, e que nesse festivalzito estavam à procura de pessoal pra fazer o que quer que fosse. Mandei um mail, mesmo à amador, dizendo que sou um zé ninguém da treta, mas se quiserem posso pôr som, se tiverem um sítio para tal. Recebo a resposta que sim, têm um filha da puta dum armazém para algumas 300 pessoas, mas não sabem que fazer com isso na quinta-feira, mas o que quer que se passe, teria de se arranjar um "soundsystem". Mandei-me logo de cabeça, disse ao gajo que "upa upa" a malta arranja algo, e pensei que o Vladimir, sendo um gajo "conhecido", arranjava o sistema em três tempos. Bem me fodi, porque embora seja "reconhecido", tem tantos contactos como eu, ou menos. A solução, disse ele, era ir falar com um amigo dele, um tal de Honza, que ia tocar em breve num bar, e falávamos com ele, sendo ele um artista, decerto que algo se arranjava. Foi a foda numero dois, porque o Honza, embora 5 estrelas com bom gosto musical, não arranjava um sistema nem à paulada. Lá alugamos um sistema, cravámos umas guitas ao organizador, e ainda metemos cada um dez aéreos, para tocar num armazém numa estação de comboios para cerca de 80 pessoas. Vai lá vai...
E Berlim fica para depois olha...

sábado, 13 de novembro de 2010

Se Deus é um Dj....

... então que caralho sou eu?
Há uns tempos que me andava a queixar da merda de musica que se ouvia em Praga quando um gajo saía à noite. Não bastava a escassez de pessoal com quem sair, ainda tinha que mamar com três horas de musica cuja qualidade nem dúbia é. Ah e tal é subjectivo. É, mas quem escreve sou eu.
Decidi então tornar-me um DJ (dê jota), não no sentido de girar pratos, mas apenas no sentido original da coisa, um media de musica, alguém que fornece musica e quiçá entretenimento. Eu ponho a musica em primeiro, acredito que se musica for boa, o entretenimento surge naturalmente. Claro que se beberes o suficiente para andares aos saltos com o novo remix do Quim Barreiros, então todos os esforços serão em vão, mas se fores sair à noite com a esperança de ouvires boa musica, talvez um pé de dança e um paleiozito, então esse remix tornar-se-à tão bem vindo como um peido num fato de astronauta. E é esse vazio que tento preencher em Praga, porque a meu ver, esse vazio existe. Comecei por pôr no evento "cidade sem carros" cá do sitio, e foi giro, embora lá mais pro fim, quando eu estava bêbedo, não tenha sido boa idea os Les George Leningrad, o pessoal que não usa o eléctrico estranhou uma beca.
A aventura continuou, e depois de tocar umas vezes num bar para 3 ou 4 pessoas, incluindo os empregados, já toquei em três ou quatro sítios, numa delas num armazém a modos que abandonado, o que muito me satisfez. Há dois dias toquei num bar assim mais fashion, a modos que meio vazio, e no meio de uma musica de deep dark dubstep, porque estava a tocar um amigo Turco, uma gaja vem e pergunta: podes tocar britney spears? Sempre pensei que isto só aconteceria num pesadelo, mas não, a gaja estava ali. Eu ri-me, gozei, mandei três mortais encarpados à retaguarda, mas o Turco, com uma broa do caralho e na paz dele, vira-se e diz: jovem, tu vieste pedir uma omelete num restaurante chinês. Depois disto, ela pediu para cagar e saiu.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Eu conheço os Ska-P

.. e não me orgulho.
Agora que o tempo está a ficar uma bela merda, nada melhor que uma recordação do Verão de 2008. Visto que não escrevo nada dessa altura, e há taaaanto para contar, aqui vai.
Há aqui um festival chamado Rock For People, comparado talvez ao Sudoeste Português: música da chacha, e puberdade espalhada pelos 4 cantos. A diferença maior é, digo eu, que no lugar do cheiro a haxixe, cheira a erva.
Nesse mesmo Verão, a Duha foi convidada para apresentar as suas actividades no festival de Verão. Quis isto dizer que fomos de borla ao festival, porque eu estou-me mais é a cagar para apresentar actividades a pessoal que nem se lembra do seu próprio segundo nome, tal é a moca ou a ressaca que têm.
Então lá fomos, eu, a minha chefe, e mais uma colega minha que orienta umas cenas cá no escritório. Claro que ir a um festival com a chefe não é propriamente a cena mais fixe do mundo, mas a gaja lá se aguentou a Static-X (banda da adolescência) até ao fim quando nem eu quis lá ficar, e embora a ideia dela de extremos seja alguém ter uma pulseira de missanga com quatro cores diferentes, há que louvar.
Eu passei o festival a tentar ver musica de jeito, o que resultou praí 2 vezes, já que as bandas eram francamente uma merda, e a fazer malabares em frente à tenda, de modo a chamar a atenção. Alguns de vocês pensam: ah, mas tu não sabes fazer malabares. Ao que eu respondo: pois não, mas a broa é tanta que tu atiras uma bola ao ar e eles dizem: uaaaauuuuu...... portanto, é na boa.
No segundo dia do festival, aproxima-se de mim um tipo grande, gordo, feio e de barba (tipo aquele gajo que vai aos jogos do benfica, mas versão rocker) e pergunta. Tu é que és o Pedro? E eu: foda-se, que é que eu fiz? E ele explica-me que os Ska-P (não sei se conhecem, as gozam de uma fama gigante aqui na Checa, e quanto a mim nem na Feira de São Pedro de Penaferrim teriam lugar, porque o Tony Farturas seria o cabeça de cartaz) vêem tocar esta noite, mas nem eles nem o manager falam Inglês (surpreendente), de modos que precisavam de alguém que traduzisse do Espanhol para o Checo se possível, porque umas quantas revistas Checas queriam entrevista-los. Isto há dois anos o meu Checo não estava tão brutal e perfeito e maravilhoso como está agora, mas eu disse ao gajo: pá que se foda embora lá ver isso. Lá fui eu, escurinho com a minha t-shirt amarela para o backstage, onde nos sentámos numa caravana com os famosos Ska-P, a banda do momento.
Pergunto o jornalista: então, vocês são de esquerda ou de direita? E eu traduzo, dizendo antes em espanhol que é uma pergunta de mierda. Não sei porque o fiz, acho que foi aquela cena do "eu posso", também poderia ter traduzo "então quem é que anda comer a mãe de quem", por isso nem foi assim tão mau.
Achei engraçado, apenas como estudo antropológico, observar uma banda "punk", as suas respostas e tudo o mais. Os jornalistas fazem perguntas de merda (se bem que uma das jornalistas, que me passou o cartãozinho e tudo, marcava assim um 7.8 no índice) e os gajos lá dão as respostas da praxe e pronto. Sequinho, muito sequinho.
Não vou pôr aqui o que pensei, depois dizem que sou mau.

sábado, 6 de novembro de 2010

A véspera do dia de ontem

-Natal de Dezembro de 2006
Acordei tarde, para me vingar das noites mal dormidas, com a Kristin a bater-me à porta do quarto (é sempre giro poder gritar "que queres, porca?") a perguntar-me se eu queria ir almoçar. Eu a gozar e ela é uma querida... Tss tss.
Dediquei-me ao computador a maior parte do tempo, entre o blog, sites com mamalhudas e o meu mail. Tinha ficado de fazer a feijoada pro jantar e por isso, foi só ir preparando as coisas lentamente... Foi um dia extenuante, este...
Fez-se a feijoada, comeu-se(Fabrice, o namorado da Cecile trouxe umas vinhaças... Cote du Jura, soberbo), largou-se uns peidos com decibéis a mais (os meus além de décibeis tinham um cheiro que retirou anos de vida aos outros), e jogou-se uns jogos engraçados para passar o tempo. Estava tudo täo animado na sala que eu vim mais uma vez para o computador para distribuir a mais parva mensagem de Natal alguma vez enviada e para ver se falava com alguém querido, o que felizmente aconteceu.
Parece que foi assim que eu deixei a sala que tudo começou a enfrascar-se, pois a Cecile entra no quarto com a garrafa de vodka quase no fim, com os olhos à camaleäo, as bochechas à campino bêbado, dizendo, toda enrolada: então olha q'isto tá quase no fim pá não vens? E eu fui.
Cheguei, mandei um berro só para a traquinice, e emborquei 4 shots de vodka de rajada. Ah, leão. Vodka no fim, blém, blém, meia-noite, toca de abrir os presentes e à Else calhou uma garrafa de vodka. Ah, não gosto, diz ela, oh que chatice do caralho, digo eu.
Mais uma rodada, e näo esquecer que ainda há licor de mel para rebentar. Entramos numa senda de beber até näo dar mais, e qual é a melhor maneira de saber que näo dá mais? Pois, vomitando.
E foi a desgraça já descrita...

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Dia das Bruxas

Tia..? Brr...
Um gajo, depois de voltar seja de onde for, precisa de um evento local para se sentir de volta. Caso contrário, nunca chegas. Ou por outra, chegas e não chegas, porque sendo as duas realidades possíveis, então têm de ser ambas reais. Certo? Talvez. O importante é que o dia das bruxas estava à porta, e depois de uns dias a recuperar dos ares da Ucrânia (a Iza jura que me viu brilhar no escuro), onde deixei de fumar e de beber (não Lee e Pires, de foder não deixei), e porque a Iza queria (sou um conas às vezes) lá "celebrámos" o Halloweenamos.
Nunca me tinha mascarado para o Halloween, mas ao fazê-lo, apercebi-me que não passa de um Carnaval em Outubro, sendo a única diferença é a tendência para cenas com sangue e bruxas, sendo que no carnaval, 70% da população masculina portuguesa mascara-se de gaja, 20% de Mantorras e os restantes 10% não se mascaram de todo, mas gostavam de o fazer.
Agora que tenho uma granda gadelha (a par com o bacamarte), foi só pôr uma espécie de bibe, lavar o cabelo (todos os domingos, não falha), e tá feito, JC goes to party.
Há um bar aqui em Praga que cheira mal, tem má cerveja, tem uma casa de banho e está toda rebentada, é frequentada por gays, bissexuais e pessoas que não falam Checo, e eu moro lá ao lado. Portanto, claro que fui lá "festejar" o Halloween. Dessa noite reza pouco. Chegámos, vimos pessoal conhecido (impossível não acontecer), e como é um sitio especialmente para "expatrias", todos querem ser o teu novo amigo. Vais ao balcão buscar uma cerveja e uma gaja pergunta "quem és tu?", ao que eu respondo "és cega, caralho?". Depois, enquanto espero pela cerveja, tocam-me nas costas, e é uma loira que me diz que pareço um gajo dum filme qualquer. Pergunto-me se não será um filme com Jesus, mas estou demasiado aborrecido para responder e digo apenas: tabém. Mais à frente uma gaja puxa-me e diz para um amigo: este é o Pedro, o tal que trabalha com voluntariado, e faz montes de coisas diferentes. Sorrio, penso "foda-se mal falo com esta gaja, e ela pensa que eu faço bué coisas, deixa-me bazar antes que se saiba a verdade", e saio de fininho, dizendo que tenho de ir cagar (resulta sempre, ninguém responde ou pede detalhes).
A noite podia ser porreira mas nenhum do pessoal paneleiro que disse que vinha não veio, e assim sendo só apanhei o gajo dos Toto e a eterna frígida. Ambos não estavam mascarados.
Então passou-se que, depois de beber duas cervejas com gostinho a manteiga (deve ser dos canos), e um pé de dança, fui para casa beber cerveja a sério e ver um filme.
Noite do buff...

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Fuck the police

Já dizia o outro, e muito bem.
A viagem começou bem, a cabine era das mais modernas, tinha um cadeirão mesmo à patrão, uma tomada para ao portátil, e eu tinha 4 cervejas. Esperava-me portanto uma noitada.
Prefiro comboios a autocarros. Num comboio, um gajo levanta-se, vai mijar, vai até à janela, levanta-se senta-se, relaxa. Num autocarro um gajo para mijar confortável tem de ser marreco, e passado 5 horas de viagem pergunta-se porque não foi para contorcionista, para que pudesse arranjar uma posição cómoda, que passaria decerto por meter uma perna por trás do pescoço e um dos braços no cu, para que o gordo ao lado possa estar mais confortável.
Por volta das 2, decido ir dormir. A cerveja Ucraniana é uma merda, e já estava com sono. Claro que fui dormir na minha parte preferida: a mudança do pneu. Lá dormitei, para ser acordado pela mona Ucraniana. Passaporte, tens alguma metralhadora, o costume. Nada de abrir malas para ver de tabaco e alcoól. Como é barato, e há um limite para 200 cigarros e 1 ltr de vodka (que era o que eu tinha na mala), pensei que me fossem revirar a cabine e fazer-me duas buscas anais para terem a certeza que nada se passa. Mas não. E portanto estranhei.
Passado mais um pouco, sendo um pouco aquele espaço de tempo suficiente para quase adormecer, eis que vem a bófia Eslovaca (muuuu). -"Que tens na mala?" -"Vodka e cigarros". E ela passa-me um papel com o meu nome e o meu numero de passaporte. Eu penso: obrigado, mas eu já detenho esta informação.
Depois vem um gajo, anafado e com ar de bêbedo (tipo um bófia de Viseu), e pede-me para lhe mostrar o que tenho. Eu na minha boa fé mostro-lhe um volume de Lucky Strike (Estrica da Sorte), encomenda do Alejandro, o voluntário Espanhol deste ano, e vou para sacar das duas garrafas de meio litro de vodka quando o gajo me diz "não". Eu eu -"não?" e ele "não". Visto que assim não íamos a lado nenhum, eu desenvolvi a conversa: "porquê?". E ele disse-me que só podia levar dois maços. Eu sorri e disse-lhe que no site do Ministério estava escrito 200 cigarros. E ele diz que não, que sendo que entras na União Europeia, podes trazer apenas dois maços. Eu insisti, e ele respondeu o mesmo, mas já num tom de quem está irritado. Eu anui, disse ok, que faço com o resto? E ele diz-me "tira 4 maços". Eu tirei 4 maços, e ele diz-me "Pronto, ficas com 4 e estes seis vão para o meu patrão". Tanta devoção ao seu superior hierárquico trouxe-me lágrimas aos olhos. Claro que no meio desta conversa toda, mostrei-lhe apenas uma garrafa de vodka, e fiz crer, com um passe de magia, que a segunda que ele viu era apenas a primeira, não fosse ele dizer que o patrão é louco por Nemiroff.
Claro que podia ter refundido o material mesmo à James Bond, fosse num dos compartimentos vazios ou nos cobertores que sobejavam na cabine. Mas se algo corre mal, depois é pior. E embora me dê vontade de voltar à Ucrânia, comprar mais cigarros e botar-lhes antrax (recomendação de um amigo), estamos a falar apenas de cigarros... que nem eram meus.

domingo, 31 de outubro de 2010

Lviv, a cidade livre

Livre de paragens de autocarros, livre de passadeiras e de álcool quase livre, a vodka é tão barata que já pensam ter uma fonte de Nemiroff no centro.
Lviv é uma cidade que recomendo, e não só pela quantidade de gajas boas que se passeia pelas ruas. Bem, elas não são assim tão boas, mas já expliquei como a televisão me influenciou.. Muito rica culturalmente, não é o buraco que se possa pensar à partida (falo por mim, quando ouço Ucrânia não penso propriamente no Japão), tem bares fora de série, e uma quantidade de jovens que dá à cidade uma aspecto de aldeia grande, um pouco à imagem de Praga, e o ambiente é muito bom (para mais informações, comprem um Lonely Planet).
Tive tempo para dar uma voltinha antes do comboio de regresso a Praga, entre as 14 e as 21, e foi isso mesmo que fiz, acompanhado da Finlandesa, da Austríaca, do Sérvio e do Francês (esta merda parece os Jogo sem Fronteiras). Como tinha uns trocos valentes comigo, e a Ucrânia é barata ao ponto de meter nojo, tinha como um objectivo comer uma refeição mesmo à patrão. O problema foi o cirílico e a falta de restaurantes à patrão, e acabámos num restaurante grego de aparência duvidosa, onde paguei dez euros (faço notar aqui que duas grades de cerveja custaram 16) por um peixe com arroz e quatro mistelas diferentes, que a senhora me jurou serem saladas. E o peixe estava uma bela merda. Para a próxima vou mamar um McDimitri e pronto.
Mais uma moedinha, mais uma voltinha, e está na hora de ir para a estação, e como o Sérvio tinha o mesmo comboio que eu, lá fomos todos excepto a Finlandesa (que pediu o peixe e teve de apanhar um táxi para a estação, quase nem tocando no peixe, e o Francês, que ficava mais um dia, sobrando ainda a Austríaca, que era bué chatinha, novinha e aborrecidinha. Eu já não sou super social, então depois de uma semana roeado por 45 pessoas.... foi um teste à minha paciência. Principalmente quando me perguntou 5 vezes, de diferentes maneiras, como é que o Sérvio e eu tínhamos o mesmo comboio, se íamos para sítios que não tinham nada a ver. Mandei-a para as informações, mas tive de ir com ela porque nas informações falava-se Ucraniano e Russo. Um tiro pela culatra portanto.
Como ainda tinha perto de uma hora, fui comprar comida para a viagem e tinha como plano arranjar wi-fi para mandar um par de sms's e queimar um pouco de tempo. O único sítio era um lounge (granda pinta man) extra comfort, e lá fui eu, todo lançado. Entrei no lounge extra comfort, e está um gajo à porta que me diz que tenho de pagar 30 centimos para entrar no lounge extra comfort. Eu pago, entro, e volto atrás para lhe perguntar como funciona a wireless no lounge extra comfort, ao que ele delicadamente responde que tenho de pagar mais para obter o código. Sendo que com as compras de farnel e mais umas merdinhas já só tinha 25 minutos, perguntei-lhe se, sendo que não tenho tempo, posso reaver o meu dinheiro. E ele (claro) diz-me que não, porque eu já entrei.
(Abro aqui um parêntesiszorro, porque vale a pena dizer que toda a área que não é tida como extra comfort lounge está apinhada de famílias inteiras, havendo mesmo famílias de pedintes, daquelas que se dás dinheiro a um, tens uma fila composta pelos restantes membros. Lembro-me de ser miúdo e ouvir piadas do género “que é que se diz? E o puto: quero outro”. Aqui a piada é bem real. Para evitar mal-entendidos, não sou contra muita coisa, mas sou contra a procriação desregrada para depois meteres o teu filho bebé, todo ranhoso, quase no colo de um estranho, para que ele, depois de já ter dado dinheiro a um dos putos, se toque e lhes passe um cheque. E isto é deprimente. É a exploração da boa vontade de alguém).
Depois de um sorriso daqueles muita amarelos, lá me livrei de todo o mundo, para mais uma vez, ter um “quarto de hotel” no comboio nocturno só para mim. O que é uma granda pinta, o comboio até duche tem (comum, e não sei se funciona).

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Chega de Praga

É a loucura instalada, em revista a postas antigas, reparei que tinha um rascunho (draft) em vez de uma posta, ou seja, esta posta nunca foi publicada. O que é, convenhamos, uma granda cena.
19 Dezembro de 2006, nostalgia...!
------------------------------------------------------------------------------------

Lá fora está um grau negativo... se chovesse agora, nevava. Nunca desejei tanto que chovesse...

Deixemos-nos de mariquices, o meu ultimo dia em Praga foi algo diferente dos restantes.
Acordei por volta das 11h e tinha um recado, a prevenir-me que havia uma espécie de encontro de natal com pessoas da Organizaçäo, pelas 19h no pub "U Bubenícků" (pelo que depreendi era uma espécie de tambor pequeno. Pub "O Tamborzinho"? Näo me parece...). O recado prevenia-me também para ter cuidado que estas pessoas eram completamente diferentes das de ontem... Não me pareceu que fosse algo mau, au contraire.
Era dia de compras, tinha de ser hoje que ia à Bat'a (sim,com apóstrofe), que aqui é um edifício com 5 andares, com fotos de modelos por todo o lado (havia um particularmente engraçado, um homem, tipo Mourinho chunga, com vário calçado foleiro em várias posições, uma delas a da famosa Garça Real). Precisava de umas botas quentes, que dessem para a neve.
Decidi que ia almoçar fora, não ia a nenhum restaurante de comida de paneleiros, estilo "Chez Franciú" ou "Hotel Lawrence's", mas ia a uma casa... catita.
Perto da Bat'a havia um restaurante todo janota, com uma empregada de mesa... daquelas. Tinha assim os seus 35 mas a cara dela fazia-me repetir mentalmente a palavra "felatio" algumas vezes. Só pela curiosidade, acontece que até era comida de paneleiros (irónico? Näo, irónico é estares à frente de um computador, ligado à Net e estares a rapar um frio que nem te deixa pensar). O que não tem nada a ver com o comer mal. Comes é pouco... Bife de Peru com especiarias, colorau, pimentos e uma folha de alface para decoração com um tomate-cereja e umas folhas de salsa frisada. Mais paneleiro que isto só se viesse com molho cor-de-rosa e um gajo de tutu a servi-lo. O que interessa é que aqui comes isto por 10 aéreos(praí 270Kč). Pois, cá, com 25 euros, sou um excêntrico.
Depois de comer, fui direito à Bata (merda pró apostrofe), pois tinha de ir a casa deixar as botas, para ir ao tal encontro. Era só uma questão de gestão de tempo pois o eléctrico é de borla (sim, grátis...), parece que os revisores daqui são como os do metro na tuga à um tempo atrás...
A ida à loja teve o seu quê, porque a tutora tinha dito "é na boa lá falam Inglês", o que não era verdade. Não tive dificuldades em chegar até ao departamento masculino, porque devido ao forte sentido "patriótico" dos Checos, tratei de aprender a distinguir Masculino de Feminino na língua deles. Já tinha as botas debaixo de olho, já lá tinha passado para as escolher mas ainda assim precisava de pedir um 42. 1° foi um ver-se-te-avias porque a senhora, embora amigável, de inglês nerum nestum, nickles bitoque. Através da mímica, até me dei ao luxo de experimentar um segundo par de botas, não há dúvida que é com o corpo que falamos melhor.

Venho de uma pausa de mix Birls, e por isso, todo contente.

Cheguei ao "Tamborzinho" mesmo a bater as 19, entrei, mas assim que entrei apercebi-me de um problema: näo sabia de quem estava à procura. A tutora estava a trabalhar, e eu estava na merda. Entrei e perguntei se tinham alguma reserva em nome da Organizaçäo. Nada. Pedi uma cerveja e sentei-me. Teria sido muito melhor ideia ter ido fazer Birls... Pois fiquei ali meia hora, a olhar para o ar, a ler algo que não fazia ideia do que era. Passado esse tempo entrou uma Eslovaca (Denisa) que eu conhecera de passagem no 1° dia que tinha ido aos escritórios deles. Acenei-lhe e reparei que ela vinha armada: era, no mínimo, copa C.
Acenei-lhe ela diz-me: ah, tás no sítio errado... (oh com um caralho ou dois...)
Ah sim...? Pois parece que afinal eu estava no restaurante (estes gajos vêm ao "restaurace" para beber cerveja? Näo estava ninguém a comer...) e o pub era por outra entrada lateral, na rua adjacente (que palavrão).
Já lá estavam todos, em amena cavaqueira mas surpreendentemente, metade deles sabiam quem eu era (os de ontem também, mas isso é outra história). Pensei para comigo: isto é pessoal do Programa Juventude, vai ser porreiro, visto que eles têm noção do que eu estou a passar neste momento.
Durante grande parte do jantar foi agradável, houve outra Eslovaca (Lenka) que se chegou à frente e queria saber coisas sobre animação sócio-cultural, porque na Eslováquia não havia disso.
Acerca deste parágrafo, lembrei-me que eu e as Eslovacas temos uma espécie de elo invisível, do qual, se tudo correr bem, vos falarei mais tarde.
A Lenka tinha de ir não sei onde e então veio um tal de Mirek falar comigo, porque éramos os únicos elementos do sexo masculino naquele jantar. Surpreendeu-me porque ia jurar que estavam mais dois homens connosco. Adiante. Receei pela inviolabilidade do meu recto, porque no meio de tanta gaja, ele quer falar comigo?
A conversa foi-se mantendo a um ritmo agradável, mas a dada altura, em mais uma prova do seu patriotismo, falou-se Checo o resto da noite... Ainda foram umas boas 2h em que as únicas coisas que guardo, foi um Birls à má fila e um bar de estudantes onde a cerveja era 13Kč (näo brinquem, meio litro de cerveja por nem 5O cěntimos...). De volta a casa, direito para cama sem direito a passar pela "casa da partida"...

Estou cá desde Sábado... Hoje tive umas ideias empreendedoras. Nunca me tinha visto nesta posição. Por falar em posições um dia partilharei a história da posição da Garça Real. É daquelas histórias do "ouvi dizer" com um pouco de "quem conta um conto..." (ou será "quem compra um conto...").

Já se faz tarde...

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Acção

O encontro durou uns 5 dias, entre introdução ao programa, workshops de propostas e discussões para melhorar as parcerias, grupos de trabalho, plenário e avaliação. Como já devem ter adivinhado, uma seca do caralho.
É um encontro muito ao estilo europeu, com muita conversa, poucas conclusões, métodos que são tidos como vanguardista mas que deixam muito a desejar, tempo perdido por falta de um facilitador em condições e votações ao nível de uma festa de aniversário para decidir se vemos o dragon ball ou se vamos brincar para o parque.
A intenção é das melhores, o encontro é suposto servir para os parceiros avaliarem a “época” entre si, como um todo, e os campos em particular. Temos um manual de boas práticas em constante mutação que é aprovado depois de debatidas as mudanças, e temos jorradas e jorradas de merda a acontecer nos bastidores. De forma breve: organizamos campos de voluntariado, onde o voluntário paga a sua própria viagem, uma taxa administrativa à sua organização de envio e vai para o projecto onde foi aceite, com uma duração de duas semanas (a maioria). Lá, tem casa e comida, e um grupo de diferentes nacionalidades com quem tem um objectivo em comum, seja ele arranjar um programa de actividades para filhos de refugiados, plantar batatas numa quinta com fins educativos ou algo do interesse público. O objectivo é promover a interculturalidade, a paz e o voluntariado per se.
Uma das jorradas são organizações que recebem a guita mas nem se dão ao trabalho de explicar aos voluntários o que é um campo de voluntariado. Ou seja, um Franciú arrota 120 euros, paga a viagem, e chegado digamos, à Republica Checa, está espantado por ter aveia como pequeno-almoço. Como pagou 120 euros, sente-se no direito de um camarão tigre com molho de manteiga e ervas, e não percebe porque tem que trabalhar seis horas por dia.
Outra é o facto de organizações sem fins lucrativos cobrarem uma taxa extra de 200 euros aos participantes, como fazem os Islandeses, participantes esses que vão fazer de stewards para concertos. Eticamente, moralmente, e tendo em conta o conceito dos campos em si, e o seu suposto objectivo em geral, estes gajos são uns chupistas (ainda estou para saber de onde veio este adjectivo).
Depois há vários tipos de pessoas: as que levam isto a sério e são competentes e educados (não me incluo em nenhuma destas qualidades), as que levam isto a sério, mas não são tão competentes, as que pensam que são competentes, mas só atrapalham, os que gostam de falar por falar, sendo muito por culpa destes gajos que não se chega a lado nenhum, porque fazem discursos à politico do rabo constantemente, e pessoal que, por estar muito tempo sem dizer nada, propõe cenas só para ter aquela sensação de contribuição. Eu não me incluo em nenhum destes, sendo que nem a mim me levo a sério. Uma das propostas implicava que um candidato a um projecto não fosse capaz de completar a candidatura sem responder algumas perguntas relacionadas com o movimento (SCI). O que é ridículo, a um voluntário devia ser permitido ser-se voluntário, sem que fosse preciso saber a ponta dum corno do que quer que fosse. Resta dizer que a proposta foi recusada,depois de eu me rir a meio da mesma (não tenho respeito por ninguém), e de um pouco de lobby.
Tendo em conta as qualidades do vosso mui estimado tuga, em cada ano pedem-me para escrever um artigo diário sobre o encontro. Todas as manhãs, à mesa do pequeno-almoço, é vê-los agarrados ao jornal matinal, para saber de quem faço pouco. Os interessados é favor dizerem, e envio-vos de bom grado os textos. Estão em Inglês, são acerca da reunião, mas como de costume, é acerca de coisa nenhuma.
Vou parar com isto agora, escrever no comboio dá-me tonturas e tá uma loira à minha frente que não para de me fazer olhinhos... ah não, é estrábica, desculpem.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Lviv 2 e meio

O dia seguinte foi o início do evento que me fez vir à Ucrânia: a reunião anual da SCI. Quem não sabe o que é a SCI, vai continuar sem saber, porque eu não vou explicar. O que importa é que alcei o cu da cama cedo porque uma das participantes chegava a Lviv às 6 da matina, e eu, porque sou um fixe, e porque ela podia ser boa, fiz um esforço extra. Claro que cedo, depois de uma viagem de comboio de 24 horas e uma bezana, significa 10 da manhã, não sou assim tão boa pessoa, estou bem com a Iza e podia ser que ela se parecesse com um javali. Portanto, tendo em conta a conjuntura saí de casa Às 11:30, até porque a minha amiga Zory não estava com pressa nenhuma.
O plano era encontrar-me com alguns participantes, uns já conhecidos e outros não, para que fossemos dar uma de turistas antes de apanhar o autocarro para o aterro sanitário onde o encontro decorreu. E assim foi, depois de apanhar um Vietnamita, uma Ucraniana, um Alemão, uma Polaca (a tal que chegou às seis), uma Finlandesa e uma Austríaca (para os mais curiosos acerca de rácios, a Polaca era gira, mas esquelética, o resto era feio que até fodia, safando-se a Finlandesa, que também era gira, mas... era Finlandesa) num café penosamente merdoso, lá seguimos para a voltinha.
Lviv é fixe pá (podia ser o slogan deles, não fosse o problema de não ser na língua desejada) talvez mais adiante escreva algo, mas não sei, não sou nenhum agente turístico), demos uma voltinha pequena, mas atraíamos muito a atenção, não sei se por termos o chinoca, ou se era pelo mapa da Polaca, ou se por eu ter um malão às costas que se via desde Moscovo, o que é certo é que na praça central ofereceram-nos de tudo, visitas guiadas, postais pintados à mão, e membros da família.
Depois foi altura de ir para o ponto de encontro, onde até uma Japonesa havia. Apercebo-me, por via de uma epifania (que é um problema do caralho), o quão influenciado sou pela televisão (incluindo nesta categoria filmes, mesmo que no cinema, e pornografia, mesmo que sacada da internet); olho para a Japonesa e penso: foda-se, parece mesmo um desenho animado. È certo que a gaja (ainda não sei escrever o nome dela, e o encontro já acabou) é só ossos e tem um cabeção que até faz confusão, mas sendo que os Japoneses fazem desenhos animados para todos os gostos e feitios, para delírio de montes de nerds e geeks por esse mundo fora não será essa influência que me faz vê-la como um anime? Pensei nisto porque quando vejo uma Ucraniana (ou uma gaja qualquer loira) de salto alto e calças justas (e boa), penso: ina pá parece mesmo uma actriz do canal 18. Pudera, são todas loiras e vêm do leste... E assim se lava um cérebro.
Nisto, e isto é os olás e eu sou este, e eu sou aquele e essas coisas todas, aparece um gajo todo fodido, sangue seco no nariz, um cheiro apenas comparado ao do peixe com três meses ao ar livre, e claro, mas em dúvida nenhuma que veio marrar comigo. Chegou-se ao pé de mim e perguntou-me se eu era Palestino (para adicionar à longa lista de nacionalidades que me são atribuídas (por acaso mantenho duas listas de nacionalidades, uma delas de momento estagnada)), e eu disse-lhe que sim, o meu nome era Mohammed Al-Bomba e que se ele se chegasse demasiado perto, eu explodiria.
Lá apanhámos o autocarro, e chegados ao local (a viagem foi curta e silenciosa), abri a porta e levei com um braseiro nas ventas tão poderoso que quase que me vomitei todo duas vezes. Aconselhei de imediato a não pedir para o jantar o que quer que cheirasse assim. Depois o resto do dia foi só anhar, estava mal do estômago nem vodka bebi e esta posta já vai grande pra caralho.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Lviv

Chegado à estação, dei logo de caras com a minha amiga Zory, que me is hospedar por uma noite antes da reunião. Aqueles que estão com ideias porcas, e não serão poucos, têm essas ideias porque não a viram. Eu percebo, habituei-vos mal. Claro que depois de olá como vais perguntei de imediato: porque caralho o comboio parou duas horas na fronteira? E ela explicou-me: a Ucrânia, assim como a Rússia, Bielorrússia e tudo que foi União Soviética utiliza uns carris diferentes do resto da Europa. Sendo assim, o comboio parou duas horas porque estavam a mudar os pneus ao comboio!!!! Estava a mesmo a ver o pessoal que trabalha em Lisboa: "-Então caralho, tás atrasado? -Ina man, não é que tiveram de mudar os pneus ao comboio? -Foda-se deves pensar que sou otário não? -..." Se calhar sou mesmo ignorante, mas espantou-me.
A Zory tinha de trabalhar um casal de horas (a couple of hours), então depois de largar o malão em casa dela e de enxotar o filha da puta do pitbul feio que ela tem, fomos até ao centro, pelo menos para que eu pudesse trocar dinheiro (aqui usa-se os Hrivna, sendo 10 hrivna 1 aéreo). Andámos uma beca, e parámos num western union, onde a janela para trocar dinheiro era tão pequena que mal se via quem estava por trás dela. Troquei 100 aéreos (mesmo à patrão), e a gaja dá-me 600 hrivna de volta. Para os mais distraídos, a gaja estava a ver se me fodia 40 euros. Pedi-lhe o recibo, e senti-a a suar um pouco. A gaja dá-me o talão, eu conto a guita e digo "oi, isto tá aqui pouca guita", e ela sai-se com uma mesmo à matadora: -ah, se calhar meteste algum no bolso? Se me vissem a começar a despir poderiam-se ter rido, mas eu estava disposto a dar as minhas roupas todas àquela grande porca Ucraniana. A gaja depois de gaguejar umas vezes lá disse à minha amiga que não sabe como contou mal, ai que doideira de trabalho. Claro que arrotou tudo.
Depois fui largado no centro, com a promessa de nos encontrarmos na praça do mercado "daqui a duas horas". Antes de ela ir laborar, perguntei-lhe que manifestação era aquela que decorria a 20 metros de nós. Ao que ela responde: os nacionalistas. E eu: ah, boa (enquanto pensava: mesmo a calhar, um ensaio de porrada nos cornos com metade do salário mínimo Ucraniano no bolso). Ela consolou-me, dizendo que era um partido político, tudo boa gente e ela até vota neles. E lá arrancou. Fui dar uma voltinha, não indo muito longe do ponto de partida, até porque tinha o telemóvel em casa dela, e só vi mercados de rua com livros velhos que até fediam, e gajas com calças justas e botas de salto alto. O que é bem melhor que livros fedorentos. Aqui, 8 em cada dez gajas, além de terem aquele ar de actriz de filme de cariz dúbio a que me habituei na minha solitária adolescência (mais valia ter escrito porno) têm também calças justas e salto alto. O que para mim é mesmo do buff, mas imagino um Ucraniano na rua: "olha mais um granda cagueiro, e mais um, e mais outro, e olha ali tantos... porra que aborrecido vou virar larilas". E o facto é que parecem todos uma beca rabetas.
Andar na rua sozinho é como ir cagar, um gajo tem bué tempo para meditar. Ocorreu-me enquanto caminhava que a vida dos sexos Eslavos (e com isto quero dizer os meninos e meninas dos países Eslavos) não são de todo justas. Enquanto que eles desde putos que têm um molho de gajas com um índice de fodibilidade elevadíssimo à disposição, elas têm uma percentagem gigante de trogloditas e homens das cavernas para livremente escolher aquele que dá menos uso à moca. Nada justo quando comparado com, digamos, Grécia. Não admira que nuns tempos idos fossem todos paneleiros e pedófilos: com gajas assim, até eu experimentaria umas massagens no períneo feitas por algum filósofo famoso.
Depois deu-me a fome. Divaguei pelas ruas em redor da praça do mercado, perscrutando janelas para ver se algo agradava. Como estava cheio da guita, pensei em comer um camarão tigre, ou uma santola. Depois lembrei-me que mesmo se estivesse escrito "tiger prawn" em letras gigantes e com néon a piscar e o caralho a sete eu não reconheceria, porque não saberia ler. Cirílico não faz parte dos meus muitos dotes (onde incluo arrotar quando menos convém, por exemplo como resposta a uma pergunta da Iza, o que nem sempre a faz rir, excepto se eu também me peidar), por isso foi complicado escolher um sítio, até que vi um indicador de qualidade óbvio: três gajas com um índice no mínimo de 7 a entrarem numa pizzaria. Percebi logo que eu queria mesmo era uma calzone e entrei, para sair passado dez segundos com a frustração de nem sequer saber para que pizza apontar. Quase derrotado, entrei num sítio de fast food, que tinha "armenian pizza" escrito na vitrine. Perguntei à mulherzinha atrás do balcão: tu não falas Inglês, pois não? E ela: nie. E eu: foda-se... E lá apontei para uma espécie de merda enrolada num burrito (armenian pizza, claro) e batatas fritas. E ela: quê? E eu: oh duplo foda-se man, batatas, potatoes, french fries, hranolky, brambory, até que me lembrei do russo kartoshka, e ela: daaaaaa, e eu: daaaaaaaasse! Tanta luta para comer uma sande de ketchup e maionese, com batatas fritas afogadas em... pois, ketchup e maionese. Muita bom, ter como almoço uma dor de estômago.
Lá chegou a minha amiga, com mais amigas, e foi a loucura, eram todas muita fresquinhas, assim do tipo callienta pollas. Cerveja Ucraniana não é aconselhável, mas uma garrafa de vodka a 2,5 euros... é do caralho. Que dor.
Acordei portanto no dia a seguir com uma estala nos cornos que até andei de lado.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Ucrânia, minha terra..

..o caralhinho.
Saí de Praga às 11:00, troquei na Eslováquia ás 20:45 para chegar a Lviv às 11:30. Exactamente um dia e trinta minutos. A viagem até Košice foi calminha, no intercidades, sem stress. Chegado a Košice, e como tinha uma hora para gastar, pensei em ir dar um passeio nas imediações da Estação de comboios. Ideia essa que ganhou o estatuto de ideia de merda assim que pus o cu fora da Estação, não havia mais que paragem de autocarros, eléctricos, e carochos (quase que se podia dizer que havia também uma paragem de carochos), e sendo assim, fui alapar a peida num café. Depois de meia hora passada a olhar pro ecrã preto do meu portátil (eu não tinha bateria, e eles não tinham tomadas,o que não me impediu de olhar pro ecrã), lá olhei para a tabela de partidas, para constatar que o meu comboio não estava lá. Pensei "olha merda e agora?", mas fui à mesma para a plataforma com o comboio das 20:45, o meu.
Chegado à plataforma, olho para a esquerda, olho para a direita (e pisca pisca o caralho oh Rute) e nada. Reparei que havia uma parte do comboio diferente das outras, e caminhei para lá, para dar com uma mulher sentada na entrada do vagão que me diz: "bilhete" (assim mesmo, em tuguês!). E eu logo "foda-se cum granda caralho, bilhete????" Não disse claro, mas até perceber que a mulher era Russa e que em Russo também se diz bilhete (ainda que com sotaque Russo)... fiquei um pouco exaltado.
Salto para o comboio, lá encontro a minha cabine, e rezo para que mais ninguém partilhasse comigo a cabine, porque em cada cabine (um rectângulo de 2x5 mtrs) é suposto dormirem 3 pessoas. Sorte do caraças, ninguém veio, embora tivéssemos parado em todo e qualquer pedaço de merda daquele lado da Eslováquia.
Chegados à fronteira, apercebi-me que o esquema é o seguinte: embora te vendam uma "cama", está tudo planeado para que durmas tanto como num concerto de Motorhead.
Primeiro vem a polícia Eslovaca. Menos mal,porque eu falo Checo, e até nos entendemos. Passado um bom bocado, o suficiente para quase adormeceres, vem a polícia Ucraniana. Para começar, são todas do sexo feminino, e qualquer Português, especialmente se já foi a Bragança, põe-se logo com ideias. Depois, uma leva-te o passaporte, e outra vem para te perguntar o que tens na mala. É algo assim (também devido à falta de alguém que fale Inglês): Bófia: vens de onde? Eu: Portugal. Bófia: Ah, e.. que fazes na Ucrânia? e aqui eu penso em dizer-lhe: pá sabes, pensei em vir cá pegar fogo ao parlamento, violar o teu pai e matar a tua irmã. Que cena... disse-lhe que ia a uma reunião. e a Bófia: tens algo na mala? Eu: uma puta duma bazuca. Disse-lhe claro que não tinha nada. E ela: roupa? e eu: roupa?? Claro. E ela: tábém. E foi-se. Granda sistema... atente-se que isto é tudo em Russo e Ucraniano.
Depois vem o gajo do comboio, e diz: podes dormir. E eu, hm, então caralho, o meu passaporte? E o gajo: já vem. E eu: pronto tabém.. e vou dormir.
Então parámos. Parámos durante duas horas, e só se ouviam barulhos de máquinas, o comboio baloiçava de vez em quando, tremia, andavam uns Dimitris lá de um lado para o outro e eu sem saber de nada. Como estava aborrecido, fui cagar, mas a casa de banho estava trancada. Como pensei que estivesse ocupada, voltei passado 5 minutos, e estando a porta ainda trancada, pensei: "bem, quem quer que seja, está a soltar um cabo daqueles à séria", mas depois de meia hora apertado para mijar, tornou-se óbvio que tinham trancado a casa-de-banho, estando o comboio parado, não se usa o cagatório, não fosse um dos trabalhadores levar uma rega de chuva dourada ou um cagalhão no alto da cabeça. Eu percebo, já que não tem jeito nenhum quando se trabalha nos caminhos de ferro ser-se cagado em cima. Sendo que parámos durante duas horas, e eu entretanto já só queria mijar, porque utilizei uma técnica tibetana de não relaxamento do recto, andava para trás e para frente no comboio, a pensar como mijar: ia lá fora? E depois o comboio arrancava e era um ver-se-te-avias daqueles à séria. Mijava da janela? Levava logo uma rajada de tiros. Que fazer? De repente, à faroeste, noto que a ultima porta do último vagão, onde eu me encontrava, estava destrancada, e ainda melhor, que aquele era o sítio para fumadores. Granda combo, cigarro na mão direita, sarda na mão esquerda, e uma mijadela às duas da manhã na Ucrânia em estilo cowboy. Os meus netos terão um avô cheio de histórias para contar.
Nisto, ainda não se dormia. Fui-me deitar, e quase quando estava a adormecer, batem-me à porta para me devolverem o passaporte. Deitei-me de novo, já sendo algumas três da matina, para me despertarem de novo às 7 (juro que a mulher do comboio me acordou assim: cu-cu!), para me devolverem o bilhete (eles guardam até o bilhete de volta quando entras). Claro que depois disto já não dormes, então vês um filmezito, e constatas que em 24 horas de viagem, dormes 4, e mal. O que é, convenha-se admitir, uma granda putada.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Não te deixarei morrer, foda-se.

Voltei voltei, voltei do ar, ainda ontem estava em Praga e agora em Lviv. Ah Dino Meira, que falta que fazes... Ou não.
Queriam-me foder o blog! Mas a mim ninguém me fode, a não ser que peçam com jeitinho. E eu até digo que sim algumas vezes...
A culpa foi minha: desinteressei-me, a algum filho duma grande síssima e alternadíssima puta começou a usar o nosso querido blog para mandar spams daqueles de aumentar a gaita (não bastou ter-me fodido o blog, ainda me ofendeu), e o pessoal do google não foi de modas, fode-te praí que és um spambot. Após escrever um mail (fantástico como encontrei um endereço para onde escrever) disseram-me que iam ver se não tinha sido um erro, mas que se reservavam o direito de não responderem. Ou seja, pode ser que sim, pode ser que não, mas entretanto não nos fodas a cabeça tá? Agora, chegado à Ucrânia (detalhes na próxima posta), abro o mail e tau! Vai buscar.
Agora vou tratá-lo com o carinho que ele merece. Palmadinhas de amor e tudo.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Estou em casa

mas podia estar lá fora.
No outro dia, uma gaja posta no facebook uma música do Bonga. E eu a rir-me, comento: ina o Bonga, que clássico, uma lágrima no canto do olho, cum caralho, esse gajo é o maior e essas coisas todas. A gaja responde: pois é, muito bom, tens?
Não consegui conter dentro de mim o quanto achei aquela pergunta engraçada, e respondi-lhe nem me lembro o quê, mas foi um fartote de risos (para mim claro). Ela ficou fodida, perguntou se era muito fino para o meu ouvido colonial(!), e mais umas baboseiras quaisquer. Bem, importa referir que a gaja é a Polaca com quem estava há uns dois anos, e como a grande maioria, ainda está "tocada" se é que me entendem. Fica para o registo, o "por acaso não tens Bonga?" o que para mim roça o insulto, se bem que respeito o Bonga, ainda o Snoop Dog e esses merdas todos andavam a saltar de colhão para colhão, já o Bonga mandava videoclips com gajas mamalhudas aos saltos. Um pioneiro.
Tentei escrever algo, mas não consegui.. acho que não há que forçar certo?

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Coisas bizarras,

que nem aconteceram.
Primeiro, queria deixar bem explícito que quem deixa comentários anónimos é um palerma!
Atentem na palavra "palerma"... é triste, não é?
Enfim, o tempo pra escrever não tem sido muito, se bem que nem me lembro porquê.
A semana tem sido um pouco atarefada, as cenas no trabalho andam numa fase de stress, o que é raro, mas o que é facto é que lá calha. Ter que actualizar um site numa língua que não é a nossa, é algo do outro mundo, ainda para mais quando os erros (e a pobreza da construção do dito cujo) podiam ter sido notados quando estava um Checo no meu lugar. Não, esperam até estar lá o tuguês, e depois incha.
Ultimamente têm acontecido coisas estranhas. Ainda agora ia na rua, larguei um peido e borrei-me. Tanga. Aconteceu sim, que acendi um cigarro (sim mãe.. eu fumo), e depois de me fartar dos fósforos não acenderem, acendi três de uma vez, para constatar que o cigarro queimou até meio. A minha primeira reacção foi: foda-se torrei o cigarro todo, sou uma besta. Depois de uma análise à Sherlock (a propósito, consta que fizeram dele e do Watson dois metrossexuais), reparei que os 2 cigarros que me restavam estavam meio vazios (ou meio cheios, depende se um gajo é optimista ou não). Defeito de fabrico, ou deverei fumar o maço em menos de dois meses, senão os gajos evaporam-se? Hm.
A neve é gira. Dá para ver exactamente, fruto de um fenómeno que desconheço, onde mijaram todos os cães na tua rua. A neve ganha uma cor assim pro amarelada (não me venham com merdas, porque o que eu mijo não é azul). Desse-me eu ao trabalho, podia traçar o padrão mijatório de Praga.
Planear é inútil, pelo menos para mim: não abunda dinheiro pra viagens ao estrangeiro, sou preguiçoso a planear as minhas viagens na Checa, embora acabe sempre por ir aqui ou ali, mas fruto do... não bem do acaso, mas lá perto. E no dia-a-dia, dependo de terceiros, já que não tenho paciência para muita gente, muita gente não tem paciência para mim, e aqueles que encontro a meio caminho... bem, planear é para meninos. Hoje tinha um plano, às seis tinha a minha troca de línguas (entenda-se, seus porcos, Portuguesa e Checa, não a felação e o cunnilinguas ) e depois ia a um concerto à pala (que parecia ser uma granda merda, mas o sítio parecia porreiro, e... era de borla) e depois ia beber uma com o Martin. Tive a troca de línguas, que acabou não por ser uma troca de línguas, cansado de Checo ando eu, e passado uma hora, a Iza liga-me "ah e coiso, estou trancada cá fora, onde estás?". Nem concerto, nem troca, nem cerveja com o Martin. Casa, música (recuperei os albuns perdidos de Mice Parade , o que muito me apraz) e descobri que visionários também podem acabar a tocar nos... Delfins.
A boa nova, é que me tornei um dos líderes voluntários de um grupo de jovens especiais, são hiperactivos em todos os campos, excepto no social. Se a meio de Março não estiver preso por assassinato, esta pode ser uma experiência valiosa.
E agora já é tarde pra caralho e amanhã abro a exposição das fotos dos Projectos Internacionais Voluntários, dos quais sou coordenador. Não é tão bom como ser engenheiro ou doutor, mas como mais gajas que eles.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

não se queixem

pois não vos deixo sem nada.
Como logo vou chegar a casa bêbedo (sou um gajo organizado), deixo-vos com o anúncio que larguei um peido tal, que abri um buraco no estofo da cadeira onde me sento.
Até amanhã, aqui cheira mal pra caralho.

sábado, 23 de janeiro de 2010

Quinta e sexta não escrevi

mas deus também descansou ao sétimo dia e recebe mais que eu.
Quinta-feira, depois de mais um dia de merda (ultimamente não tenho tido mudanças), encontrei-me com a Kamila. Já devo ter falado dela aqui. È cinco estrelas, lê-me como um livro aberto, atraente, tem estilo, classe, é inteligente e tem piada. E nunca nada se passou entre nós. Eu sei, eu sei... "ah afinal não as fodes todas". Pois não, nem nunca o disse, vocês é que são uns devassos. Porcos pá. A Kamila para começar, é alguém que se dá ao respeito, uma vez mandei-lhe uma piadinha, e a resposta e ela quando disse que não teve piada, até os pelos das bolas se encaracolaram um pouco mais (até acho que, na confusão, fiz uma trança ou duas com os pintelhos), depois já tem 30 anos, dificilmente te sentas a falar de trivialidades ou das viagens que fizeste e queres fazer, é muito... humana, mas sem ser condescendente. Transmite boa energia mas sem parecer uma retardada. Como sempre, houve boatos da malta "observadora", mas nem eu que sou um gandá porco pensei nisso. É alguém que me pergunta "Estás bom?", e se eu não estiver, não digo que estou, porque ela vai saber que estou a mentir. Em certas festas em que estivemos juntos, funcionava como um "porto seguro", longe da caça à carne que se prostrava diante dos nosso olhos. E, assim como a cereja no topo do bolo, com molho de chocolate, polvilhado com açúcar de baunilha e umas frutas tropicais cortadas em brunesa, acompanhado com uma tacinha de chantilly de menta e um licor espirituoso... foda-se perdi-me. Ah, é alguém que encontro de seis em seis meses (ou mais) e... nem se nota. E este tipo de pessoas são insubstituíveis. Claro que tive o meu fraquinho por ela, mas é normal, e era mais inspirado no respeito do que no vazamento do escroto. Até porque o vazamento do escroto nem implica fraquinhos, senão seria complicado explicar o vazamento solitário do supracitado.
Sexta-feira... aquele dia enigmático. O último da semana de trabalho, mas ainda assim de trabalho. A merda é essa. Nervos acumulados a semana inteira, cansaço, e a frase "vaitafoder" na ponta da língua. Sexta-feira. Se tiveres as condições para trabalhar que eu tenho, Sexta-feira pode ser dia de dor de cabeça.
A Iza ligou-me a meio do dia, a dizer que arranjou trabalho numa galeria de arte, e que é bem capaz de arranjar outro, noutra galeria. Passa de 0 horas por semana a 46, seis dias por semana, para compensar a paragem por lesão. Se a Iza não me tem ligado, teria provavelmente assassinado a minha chefe, partido o computador, arrancado a cabeça ao hamster, cagado em cima da mesa e ateado fogo àquela merda toda, não necessariamente por esta ordem.
O que vale é que hoje é sábado, e depois de fazer canja, peixinhos da horta com arroz de tomate e coentros, e mandado duas quecas, é hora de ir mamar umas à esquina. Já estou tão adaptado que vou mesmo mamá-las à esquina. A Tereza (lessem o que escrevi, fodei-vos) vai para a Tailândia, e a malta hoje bebe em sua honra.
Hasta la polla.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

É Quarta

mas eu ia jurar que era sexta.
Finalmente dormi. O corpo não aguentava tanta carência de sono, e dormi 10 horas de rajada. Com mais meia hora de ronha... parecia que o dia ia ser melhor. Pior que ontem não podia ser, era mau demais, por isso até me levantei mais afoito que o costume (depois alguém me explique se fazem favor o que quer dizer afoito, obrigado).
Já noto mais resistência ao frio, se bem que não saiba se deva isso ao estar cá há mais de três anos, ou ao ter mais gordura "localizada". De qualquer modo já só preciso de um casaco de outono e setenta e quatro camisolas de lã para andar na rua tranquilo e antes tinha de carregar uma cabra às costas, por isso tá-se melhor.
Tomei o pequeno almoço no escritório, como tinha havido uma reunião do presídio, já estava a contar com tudo lá à minha espera: pão, queijo, fiambre, sendo que café, chá e leite há sempre. Nem tudo é mau.
Falando em reuniões, hoje tive a 3a do ano. É do caralho, em 12 dias úteis de trabalho, ter três reuniões. É reuniões por causa do website, reunião por causa da cozinha, reunião por causa da reunião. É daquelas coisas que me faz comichão nos tomates. As conclusões das reuniões são sempre as mesmas, podia-se enviar dois mails, mas não, temos de perder duas horas a falar de nada.
Depressa aprendes a mentir e a dar a entender que fazes bué quando não fazes nenhum.
E isto extrapola para o exterior, o que tem de acontecer é que tem de parecer que trabalhamos, que reciclamos, que damos peidos não nocivos pro ozono, e tudo o mais. Na reunião saíram-se com esta pérola: já temos caixotes para reciclar, toca a usá-los pelo menos às vezes para o pessoal do prédio não pensar que não reciclamos. Com um caralho ou dois! Na cozinha ninguém recicla, é ovos com caixas de ovos, plástico e papel tudo junto, mas há que passar a ideia para o exterior de que se recicla.

Ideais... Já dizia o Frederico "o idealista, quando expulso do céu, encontra um novo ideal no inferno". Não existem ideais, existem postos de trabalho, só se preocupam com papéis e orçamentos, com aparências e coisas que tal. Desde Bruxelas que ando um pouco fodido com isto e mais atento ao que se passa, e de facto... desanima um pouco, gostaria de ser mais fofinho e cor-de-rosa pra isto não me fazer tanta confusão às orelhas. Até a Europa funciona assim não? Toma lá um evento de auto-promoção pros (aham) jovens, em que temos tudo pra malta, somos mais socialistas, até os mais desvantajados têm acesso a isto. Antes fosse! Escapa-me para que serve o Erasmus, o SVE e outros que tais. DO Erasmus tenho pouca info, mas parece-me que só vê pra aqui vomitar pelos cantos, fornicar, e pelo meio lá conseguem estudar 3 cadeiras. Eu nem Universidade tenho, mas parece-me que três cadeiras é manifestamente pouco para o dinheiro que se investe. Já o SVE, ou tenho muito azar nos casos que conheço, ou não percebo porque é que não usam este dinheiro para combter a pobreza de modo activo... Projectos há poucos, onde o voluntário se sinta bem, mas a malta olha para o SVE como uma agencia de viagens, tudo bem camuflado com o estilo "candy mountain", caracterizado por sorrir a tudo e a todos, e usar palavras chave como "partilhar", "ajudar" e "yupi". Escolhi este ramo por pensar que as pessoas aqui tinham mente aberta e que de facto era possível marcar a diferença pelo menos a nível de mentalidade. É difícil, é tudo forçado, e por vezes mete nojo. E isto leva-me a uma série de pensamentos menos bons sobre o que me rodeia, talvez a razão mais forte para nem sair muito de casa. Embora preferisse dizer que fosse pela minha namorada não o tirar da boca.
Tanta gente e tão pouca originalidade...

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Mais um dia

e de merda, acrescente-se.
A neve está a derreter. Isto significa: poças de água, gelo, lama, merda de cão a rodos, gelo com lama, gelo com lama e merda de cão a rodos e a variante merda de cão simples. Pra todos os gostos portanto. Ontem ia a correr pro eléctrico (a minha única actividade desportiva) e pisei numa poça. Com medo de escorregar, olhei pro chão enquanto corria, e esbarrei numa velha (acho eu), só tendo tempo de a abraçar pra ela não cair, pedir desculpa, e continuar a correr (havia aí um pouco de suspense nessas cabecinhas à espera que eu escorregasse em gelo, pisasse numa poça e comesse merda de cão, não havia?).
Voltei a dormir mal. Já é a segunda noite consecutiva que durmo mal pra caralho, hoje parecia saído do Resident Evil, ou da revista Caras, só me faltava as peles penduradas, de resto até nem sabia falar e tudo. Lá fui pro escritório todo torto,e outra vez tive a impressão que nos comportamos como abutres: a minha chefe escolheu o pior dia do ano pra me vir foder a cabeça que eu estava atrasado com trabalho. Pois estou (sou um fodido). E ela tem toda a autoridade para me foder a cabeça. A mesma autoridade que tem para ver quem é que montou as mesas no escritório, foi buscar o forno, e até a merda do frigorífico limpou. Um gajo é prestável e depois fode-se. Pra próxima meto-a a limpar o frigorífico e ainda me refrigera o nabo. E o que me fode ainda mais (foda-se se soubesse tinha levado vaselina para o office) é que sendo eu o mais experiente da equipa, vem-me tudo perguntar merdas, a nova coordenadora dos SVE's até palavras em Checo me pergunta, não sabe usar skype, o paneleiro do Francês (sim, já não o posso ver à frente) até me pergunta como se escreve o endereço numa carta... Foda-se é claro que tenho a merda do filha da puta do trabalho atrasado... não tenho energia pra isto tudo, e depois sentar-me à frente do computador e produzir aquilo que sou esperado. Que faço? Armo-me em parvo e não ajudo mais ninguém e mando tudo foder, ou mantenho a situação e fico mal visto por ajudar os outros. E pra acabar o dia com a anilha bem relaxada, o meu portátil está a espernear, lento como o caralho, é cavalos de tróia e malware, e worms (o I, II, III e armageddon) e ainda um saco de batatas fritas e mais o caralho a sete e a nove, e rega tudo com a minha namorada não perceber que é melhor escrever o mail em Checo se te candidatas a um lugar num café na República Checa. "Porque é que não me disseste antes?" ... Hoje deve ser Feriado Nacional aqui, tirou toda a gente o dia para me enrabar.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

O desarme do peido

Ou "O peido desarma".
Acordei todo fodido, ontem estive a comer nachos e a mamar cervejas como se o amanhã fosse uma miragem,e eram três da matina e não havia maneira de dormir. Hoje fico-me pela sopinha de tomate e vinho tinto. Não falha.
Ao acordar, a Iza (a citada namorada Polaca) perguntou-me, e fá-lo frequentemente, se queria pequeno-almoço(viva ao luxo). Disse-lhe que sim, mas levantei-me quase meia hora depois, visto que tinha dormido 5 horas e ainda arrotava a cebola, do molho pros nachos que fiz. Quem lê isto,pensa que dormir meia hora resolve os arrotos a cebola. Não resolve.
Sentei-me à mesa, bebi um pouco de café, e larguei um daqueles arrotos que dão direito a levantar um estádio. A Iza olhou-me de lado, com desdém, e eu como resposta larguei um peido que não faria levantar um estádio, mas faria o pessoal no estádio fazer uma daquelas ondas humanas, com três ou quatro rondas. E daí o título, o peido desarmou-a e ela desatou-se a rir. É caso pra dizer: ou vais a bem, ou vais a peido. Se nos pusermos a pensar nesta situação do ponto de vista social, é fantástico o que um peido pode fazer em prol do bom ambiente. Claro que para nos pormos a pensar nisto, temos de estar:
a) regados com vinho do pacote de cartão (aka vinho faisão)
b) com uma moca descomunal
c) cagados pelas calças abaixo, e portanto necessitados de mudar de assunto
O dia de trabalho foi o mesmo, escrever mails, procurar e ouvir musica nova, gramar com as perguntas parvas do Francês a cada 5 minutos (gajos destes fazem-me odiar o SVE) e hoje até cozinhei pra malta do office: como está escasso de guita, virei tudo do avesso, e este foi o menu: esparguete "aglio e oglio", tortilla espanhola, cus-cus com legumes, salada de couve de pequim (uma merda que eles pra aqui têm) e croutons de alho e louro. Brutal avó!
Temos um forno no escritório agora, fui buscá-lo hoje. Isto de andar em Praga tem que se lhe diga. De certo modo, isto no inverto inverte tudo: em vez de andarmos debaixo das telheiras, e acredito que muitos de nós conhecemos isto porque cagámos de alto pros guarda chuvas devido ao facto de termos perdido 347 durante a nossa adolescência, temos de evitar as telheiras, porque a esta altura cai dos telhados neve e gelo, foda-se! Neve ainda vá que não vá, é uma granda foda, mas enfim, aconatece. Agora levar com um calhau nos cornos... Jesus. Depressa aprendes a andar na estrada, sendo o mais estranho que tudo olha pra ti como se fosses maluco (não é que não seja, mas eles nao sabem disso).
Depois do bules, o ritual da noite: compra-se vinho, faz-se pipocas e vê-se filmes. E também se come as pipocas, não as faço para as contemplar.
E agora é assim: um post por dia para combater a apatia!!!
Foda-se.

domingo, 17 de janeiro de 2010

2010, o 1º de (espero) uns quantos

Parece que passei de um post por dia, a um post por ano. Estive a dar uma olhadela ao que escrevi anteriormente, e de facto não escrevo à tomates. Pelo menos cumpri o prometido, não passei o fim de ano em Praga, recebi um convite pra ir às montanhas perto da Polónia, e obviamente não recusei. Fomos de carro com o Martin, que mantêm a mesma namorada, e passámos um fim de semana agradável a fumar birls e bongos, a beber cerveja, a caminhar na neve e a almoçar em sítios ermos, onde se fazem bailes e se cozinha goulash de javali. Granda nível, foda-se (digam lá que não estavam a estranhar a ausência de caralhadas e afins).
Entretanto já mudei de casa duas vezes, tive de sair do meu quarto gigante no centro, e visto que andava a comer a mesma gaja todos os dias, pareceu-me bem que partilhássemos um quarto. Financeiramente e sexualmente foi uma boa ideia, o resto é que foi um desastre, sendo que eu, ao pensar que isto era uma boa ideia, sou o único a culpar. Mas enfim, não se perdeu nada, experimentou-se umas cenas novas, poupo-se dinheiro e... muda aos 30 e acaba aos 60, if you know what I mean.
Entretanto assentei e tornei-me mais caseiro. Moro com a minha namorada Polaca (é nova) e não temos "flat mates" (isto em Português soa a.... Brasileiro) e portanto, em vez e sair de casa todos os dias pra dar a impressão que tenho muitos amigos, fico em casa a anhar, a beber, a ver filmes, e obviamente, a mandar berlaitadas. E sabe tudo muito bem. Não pense o caro leitor (devo ter a mania) que eu não tenha com quem sair, fiquem a saber que já fui Dj duas vezes, e a semana passado até actor fui, num projecto da escola de filmes. Sou convidado para estas coisas, não as busco, e quando chego ao local de "trabalho", todos me reconhecem sabe-se lá de onde.
Isto apenas para explicar aos interessados, que não saio porque não quero. É Inverno, faz um frio do caralho, e estou numa relaçao estável. Decerto que me compreendem.
Ainda assim, hoje fui jogar Frisbee. -5 ºC pelo menos, e o Português vai jogar Ultimate Frisbee (uma espécie de rugby sem contacto e.. bem, sem bola) no meio da neve. Já experimentei futebol na neve, o que me dá sempre aquela impressão que estou num daqueles filmes Soviéticos, em que neva, os putos magrinhos estão a jogar à bola e está alguém sempre a sofrer e a levar na tromba.
Já posso dizer que falo Checo, todos gabam a pronúncia e a desenvoltura com que falo a língua, e sinto-me bem aqui.
Este até agora terá sido provavelmente o post mais paneleiro de todos os posts paneleiros do mundo, mas estou a aquecer e além disso só queria pôr a malta ao corrente de como estou e o que tenho feito (mais ou menos).
Ando um pouco fodido com algumas cenas (bem.. digamos que o mundo inteiro não são "algumas cenas", mas eu nunca fui gajo pra dramas).
Mas a seu tempo, as coisas serão explicadas.
Este dedico-o inteirinho à Pi, que me fez voltar a escrever.
Pronto e à Lee também, que me faz crer que faço isto como deve ser.