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sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Um ano novo começa, quer queiramos quer não, com as premissas, as avaliações, os "flashbacks" e toda essa panóplia de merdas que não levam a lado nenhum a não ser umas recordações engraçadas, uns arrependimentozitos, e a promessa de que este ano é que vai ser (pelo menos para aquele pessoal mais afecto ao futebol).
Olhando pra trás, não estou nada arrependido da minha mudança. Alcancei algo que estou neste momento a desenvolver, muito embora não saiba onde possa levar (nunca fui muito bom a planear, dava sempre merda e por isso desisti), e só por isso já me posso dar por satisfeito. E agora? Agora que se foda, já se vê.
Os birls checos estão contaminados. Já vi montes de estrangeiros a ficarem k.o., a vomitarem-se todos, a desmaiarem e uma vez até vi um todo nu na rua a gritar "não me comam, não me comam, não sou uma maçã (este último é mentira). Já me aconteceu a mim. A última foi.. ontem.
Conheci uma voluntária. Alemã, gira, jeitosa, engraçada, (queria escrever boa comó caraças, mas é um pouco baixo, e eu sou um gajo com nível). E como sou egoísta (tenho sexo regularmente, mas.. porque não?), insisto um pouco. Então acabei num jantar de Erasmus, com muita pizza, muito vinho, e muito Birls daquele contaminado.
Assim em jeito de didascália, o Erasmus é um programa giro: em Bruxelas dizem que é um sucesso, no terreno só se vê jovens a terem 3 disciplinas por semestre, a foderem-se todos, e a terem dinheiro para isso. Gosto, até porque é concerteza uma experiência memorável. Espero que o sucesso se refira ao alargar de horizontes em si. No fundo quero bem é que se foda.
Cheguei ao jantar e estavam lá uns poucos. Um Espanhol, uma carrada de Franceses, Checas e Alemães. Um vinho, dois vinhos, três vinhos, um birl. Nisto chega uma carrada de Franceses, Espanhóis, Gregos e mais sei lá o quê, e a casa fica cheia de povo.
Claro que eu era o outsider ali, o que não foi um problema de todo, passei apenas mais tempo a observar do que a falar. Depois do segundo Birls a coisa desabou: Comecei a ficar paranóico enquanto falava com uma Francesa acerca dos Checos. Ninguém gosta de generalizar, mas os Checos são antipáticos, frios e maus. E eu enquanto falava com ela, nunca discordando, mas oferecendo outros pontos de vista, tive um quebra de tensão, que na minha cabeça queimada significou "foda-se vai me já dar um chilique e perco o controlo em frente a esta gente toda", e interrompi o meu discurso para ir buscar água, depois fui até a varanda (e nisto a Francesa a olhar para mim), para depois ir a casa de banho, apenas para tentar ganhar algum controlo sobre o desconforto que me assolava, desconforto esse que nao conseguia de todo explicar.
Saí da casa de banho e fui-me embora. A francesa pareceu não ligar muito, o que eu agradeço, e a Alemã nem pareceu notar, levou-me à rua a explicou-me onde estava o eléctrico. Enquanto isto não parei de me mexer de um lado para o outro a pedir desculpas por estar assim. A loucura.
O ar frio da rua fez-me bem, por sorte o eléctrico chegou logo. Tive três situações em que queria sair do eléctrico, tal era a paranóia que me ia na cabeça. O eléctrico parou em Strossmayerovo Namesti (é já ali) e assisti a algo interessante: O maquinista da coisa, saiu disparado para perguntar a dois passageiros se tinham bilhete. Eles mandaram-no levar onde o sol não bate, porque ele não tinha essa autoridade. O motorista vai, chama as "ameixas" que é como se chama aqui à Moina, e tinha de facto razão, eles não tinham bilhete. O gajo volta para a sua cabine, e solta um riso mesmo à filha da puta, maquiavélico, mesquinho. Eu e um casal de Checos não queríamos acreditar, aquilo não era normal. O outro passageiro, um tipo com os seus fones na cabeça, que nem ligou à situação, e estava até muito entretido com a música, usando as suas pernas como um tambor. O cabrão do maquinista volta a sair da cabine para dizer ao tipo dos fones "não vais bater nas pernas a noite toda pois não?" O gajo que está ao meu lado com a namorada, meio punk manda-lhe um berro: estás com algum problema boi? Maquinista: Tu é que deves estar. O gajo insiste: tu é que estás boi, agora vai para dentro, e conduzes a merda do teu eléctrico, e caladinho. O maquinista ameaçou-o com a polícia, mas o gajo mandou-o foder, o bacano dos fones continuou a batucar, e o casal foi-se a rir a noite toda. Foda-se que pena não não ter BI para ter podido entrar na cena mais abertamente. MAs a atitude do gajo.. respeito. Tinha a minha envergadura, e provavelmente teria levado um enchimento. Calou-se? Nem pensar à saída ainda provocou mais o maquinista. Granda maluco...
Eu? Chegado perto de casa ainda tive tempo de esperar um pouco para que uma amiga (a rapariga mais atraente que já vi em toda a minha vida) me viesse aquecer a cama.
A estrelinha ainda brilha...

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Das Festividades e Afins

O Natal foi porreirito, a Zane voltou para passar o Natal comigo (acto que me deixou contente e assustado), e passámos a semana Natalícia a passear por Praga, a cozinhar (o que não foi fácil; ela é alérgica ao glúten, e para facilitar as coisas, é vegetariana), e a fazer outras coisas.

Descobri duas coisas: farinha sem glúten, e que as pessoas têm de facto ritmos diários e relógios biológicos diferentes. Estar de férias e ser acordado às 8 da manhã não é bom, normalmente daria azo a cotovelada nos dentes, e uns grunhidos que, embora incompreensíveis, significariam “foda-se deves ser maluca”, mas neste caso, quando és acordado com um “estou molhada...”, a coisa muda de figura, não há cá paleio nem miminhos para forçar a coisa, porque a coisa está ali.

Quando ela voltou para a Letónia, apercebi-me que não tinha plano absolutamente nenhum para a passagem de ano. As pessoas com quem me interessaria passar essa estranha noite estavam todas fora, e as que eu sabia cá estarem... minha Nossa Senhora. Para além disso estou sem identificação desde o dia 4 de Dezembro, por isso não podia ir a lado nenhum fora do país. Encontrei-me com o Martin (o meu irmão Checo, devo ter escrito algo sobre ele algures) uns dias antes, e desenhámos o plano. Aquekle que tivesse o plano menos merdoso, convidava o outro. Eu como não tinha plano nenhum, juntei-me ao Martin e aos amigos da namorada. Começou mal, a maioria eram gajos tótós e as gajas eram todas Francesas que, como toda gente sabe, ou são feias, ou estranhas, ou cheiram mal, ou tudo junto.

Posto isto, juntei-me ao Martin e ele a mim. À partida estaria tudo bem, mas depois de dois vinhos quentes (especialidade de Inverno cá na Checa) e uns shots de vodka... a namorada dele começou a variar. Reparei que ela parecia estranha, depois reparei que ela andava sempre na peugada de Martin, sussurando algo ininteligível de vez em quando, o que me fez, juntamente com a cara dela, ficar algo preocupado. A coisa rebentou por volta das 23 quando a caminho da Literarní Kavarna: ela, provavelmente carente de atenção e farta de esperar, explode. Começa a dizer-lhe que ele só quer estar comigo (senti-me uma gaja boa naquela altura... estranho), e que não lhe liga nenhuma e aquele paleio do costume. Este bifes sempre que bebem só sabem armar a puta.

Chegados ao sítio (uma espécie de local pseudo intelectualóide, nada a ver com passagem de ano), encontro a Eva, uma Polaca amiga da Krystyna, boa que até dói, tão perdida quanto eu.

Meia-noite, o Martin ao balcão a discutir (a ouvir) a Inglesa, e eu a brindar: Feliz Ano Novo! (já agora como é que te chamas?) o que tem o seu quê de decadente.

Apresentei a Polaca boazona à malta e depois fomos para o bar onde ninguém fala Checo: O Blind eye, cheio de gays e malta “diferente”. O Martin ainda apareceu um pouco, mas mal falei com ele, receoso que ela começasse a vomitar ou assim.

O desespero por uma relação sexual no início do ano é espantosa, toda a gente quer saber o teu nome, e de facto toda a gente sabia que eu era “o Português”. Às 4:30, bem bebido, fui-me embora, sem dizer adeus a ninguém. Cheira-me que foi o meu último Ano Novo nas ruas de Praga...

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Malta! Não escrevo nisto há mais de um ano! Porra... e pergunta o pessoal: Oh Pedro (e eu: que é pá, e eles: Peedro, e eu: que é foda-se??) porque é que não escreves no teu blog? E eu respondo: porque não quero, agora deixa-me e vai lá brincar com os teus amigos, vá.
É mentira, tenho andado ocupado, vou tentar resumir o que se passou este ano, e voltar a escrever mais regularmente (digo sempre isto). Passei o ano de 2008 a trabalhar na Duha e no restaurante Espanhol o que me desde logo me rouba mais tempo para escrever. Foi um ano calminho, o part time aqui na Duha não foi de todo exigente (de todo mesmo), e fazer tortillas a paellas não é nada por aí além. O problema foi a vida citadina, non stop de noitadas e sair com o pessoal.
Estava a ler o meu último post... Antiquíssimo, um autêntico dinossauro literário. Mas trouxe-me à memória tanta coisa.... O Pablo, acabado de aparecer no último post, tornou-se no meu irmão do país das castanholas, já não falava com a Krys há um ano (voltámos a falar recentemente) depois de termos acabado e ter relações (outras que não sexuais) revela-se algo que me guiará (certamente) ao Júlio de Matos cá do sítio, que a título de curiosidade se chama Bohnice.
As aventuras e desventuras cá continuam; estive em Bruxelas na Youth Week (um evento onde se gasta rios de dinheiro inutilmente para se falar de combater a pobreza...) e depois do evento fiquei em casa de uma amiga. Cheguei, bebemos um vinho, falámos (não nos víamos há um ano), vimos um filme, e à hora de deitar diz-me ela: vou para a cama, se quiseres vir, melhor, porque não tenho de fazer a cama no sofá. Aqui um gajo pensa "yahuu, queca", mas há a segunda vertente: ela estava só preguiçosa de fazer a cama no sofá, e na cama dela cabiam dois sem se estarem a tocar. Esta segunda vertente esfumou-se quando me deitei ao lado dela e vi o olhar malandro. Senti-me violado, gostei.
Depois de voltar tive a visita de alguém que conhecia só virtualmente, Zane, Letona.
Toda a gente me dizia o mesmo: ela chega e salta-te em cima. Nunca acreditei nisso, porque neste ano em que trocámos correspondência, eu soube tudo dela (e ela de mim). Ora, ela apesar de 23 anos e atraente, era virgem. Era, porque o pessoal tinha razão: ela chegou e saltou-me em cima. Leva-me a crer que nunca irei perceber pessoas (se bem que nem a mim mesmo me percebo); uma rapariga bonita, virgem por opção, desconfiada, e cheia de tabus, chega e liberta-se por completo? Aqui está um fenómeno digno de atenção, terá sido distância do País e de toda a gente que a libertou? Uma decisão premeditada? Feromonas, ou o meu charme infalível? Nunca saberei, mas que foi catita, lá isso foi.
Depois veio o meu aniversário, em que ficou claro que fui desertado pela minha família, o que acaba pior ser um processo tão natural que nem me consigo preocupar, embora acumulado com outras coisas me tenha deprimido um pouco (paneleirices à parte). O meu aniversário foi a 21/11 o Pablo voltou para Espanha a 26/11, e deixou um vazio difícil de preencher.
Sobre o Natal e o Ano Novo escrevo já a seguir. Ou daqui a um ano.