O dia seguinte foi bastante calmo, estava tudo a morrer e a recuperar da noite de folia, passou-se o tempo a comer e a jogar jogos de dados, muito populares quando näo há tv.
Havia a hipótese de eu ir para Praga, dormir lá e seguir na Segunda para o on-arrival training, algo a que todos os voluntários estäo obrigados, e o termo "on-arrival" pode enganar, visto que
Aurélie, uma Francesa que está cá há 8 meses e parece que está sempre aflita para cagar, tais säo os esgares que constantemente faz, iria ter o seu on-arrival na mesma altura que eu, que estou cá há dois e meio.
Essa mesma Aurelie e Sylvia, a tal Alemä, vieram à festa com o intuito de depois seguirem comigo na Segunda para o training, por isso achei bem consultar as meninas para saber o que pensavam da ideia de seguirmos para Praga, ramboiarmos por lá, e seguirmos todos juntos para o training. Todos juntos significa, eu, Joäo, Bas, Aurélie e Sylvia.
Aurélie, fez uma cara de "quero dar um pum mas tenho vergonha", e Sylvia encolheu os ombros, deixando-me a mim também na dúvida. Porra, quando um gajo precisa de um empurräozinho...
O primeiro grupo ia-se embora, e Kristin ia-lhes indicar o caminho até Plchůvky, a estaçäo de comboios mais próxima (6 km) deste aterro de vida.
Para Kristin näo regressar sozinha, decidi ir com eles, e lá nos despedimos de mais de metade da macacada (eh pá acho que eram só gajas...), com a promessa de nos vermos em breve e blá blá blá.
Regressámos a casa, e diz-me assim Berto: olha se queres vir, é agora, porque daqui a 15 minutos vamos embora.
Olhei para Sylvia e Aurélie, e disse-lhes: 'Bora. Antes que elas respondessem, subi para fazer a minha mala.
Os 15 minutos transformaram-se para aí em 7, estavam todos cheios da pressa, e lá fui eu para Praga sem saber se tinha tudo comigo.
Chegados a Plchůvky, tinhamos acabado de perder um comboio, o que se traduz em ficar ali uma hora num total anhanço, onde nem sequer havia um cafézito, nada.
Pusemo-nos a jogar jogos de quem está a anhar, do género, eu penso em alguém e tu adivinhas quem é, eu dou uma série de peidos e tu conta-los sem te rires e coisas assim.
O comboio lá chegou, e lá fomos nós para Praga.
Chegados a Praga, lá fomos de mala às costas à procura de um restaurante barato para comer, para depois irmos a um tal de Cross Club.
Entrámos no primeiro, já eram 21h e tal, sacrilégio, só havia tostas e afins.
Mudámo-nos para outro, nem tostas havia... estava difícil.
Prosseguimos a aventura e deparámo-nos com um restaurante Chinês, vazio, ou seja, duplamente suspeito, mas como estávamos esganados e era barato, lá fomos nós.
Aconselhei a malta a näo pedir carne, nunca se sabe que animal estamos a comer, ainda mais desconfiado fiquei quando, Anna, Espanhola, pediu porco agridoce, e eu vi dois miudinhos a correr o para umas escadas que näo sabia onde iam dar. Seriam o Porco e o Agridoce? Hmmm...
Pedi dois crepes e massa com legumes, näo corro riscos (só de Túlia, granda maluco).
Durante o jantar, a diversäo foi comparar as coisas estranhas que íamos encontrando nos pratos. Anna encontrou um ONNI (objecto nojento näo identificado), que ainda hoje estou para saber o que era, Nicco, também tinha algo engraçado, parecia uma unha do pé torcida, e lá ficaram sem comerem nada de jeito.
Jantámos, e constatou-se que estavam todos muito cansados para irem onde quer que fosse, decidiu-se entäo irmos para casa.
Dividimo-nos como pudemos, eu em casa do Joäo, Sylvia e Aurélie em casa do Bas, e combinámos que no dia seguinte nos encontraríamos na estaçäo de comboios ou algo assim, o Joäo e o Bas tinham os contactos móveis um do outro, näo havia de ser nada.
Lá fomos para casa, eu e o Joäo na palhota e tal, e combinámos no dia seguinta acordar lá para as 11, embora nos estivéssemos mais era a cagar para horas, no primeiro dia do training näo era assim täo necessário chegar às 17 em ponto, como vinha na chamada, pelo menos pensávamos nós.
O que é certo é que acordámos, eu fiz uma massa toda maluca com o que havia lá em casa para usar, comemos nas calmas, limpámos a cozinha nas calmas, e fomos ter com eles à estaçäo.
Entretanto diz-me assim o Joäo: eh pah, há meia hora atrás disse-lhes que estávamos lá em 15 minutos... Pois.
Chegámos à estaçäo e eles já tinham arrancado, com medo de perder o emocionante jogo dos nomes, ou assim.
Caguei-me a rir, e o Joäo queixou-se de estes gajos viverem a olhar para o relógio.
Por um lado compreendo a deles, querem chegar a horas, näo väo ser chicoteados uma vez por cada minuto de atraso...
Por outro lado, que otários, näo tínhamos combinado horas nenhumas, podiam muito bem ter esperado um pouco...
Lá ficámos um pouco a leste, porque Bas é que tinha o horário dos comboios, entäo lá fui eu mais uma vez pôr em prática o meu fluente linguarejar de Checo com a mulher da bilheteira.
Consegui comprar o bilhete, perguntar as horas do comboio, tudo correu bem, o pincel era saber se tínhamos de mudar de comboio para chegar à extasiante localidade de Sezimovo Ústi, lá tivemos de recorrer às informaçöes, onde há sempre alguém que fala Inglês.
Tínhamos de mudar em Tabor, era o único transbordo.
Faltava uma hora para o comboio, decidimos ir beber um cafézito, café esse que nos custou 28Kc, quase um euro... Sempre que eu e ele decidimos ir a algum lado queimar tempo, sai sempre caro.
Chegada a hora, lá nos metemos no comboio, apenas com um único problema: näo fazíamos a mínima ideia quanto tempo demorava a viagem, costumo sempre ter isso escrito quando consulto o trajecto, coisa que deste vez näo aconteceu.
Na mesma cabine que nós, ia uma miúda Checa, dos seus catorze anitos, e foi ela que nos preveniu que estávamos a chegar.
Provavelmente alguém se pergunta: ah mas qual é o problema?
Eu explico: o problema, além do medo de adormecer e ir parar à Hungria, é que dentro dos comboios faz um calor do caraças, o que faz com que tires a roupa toda, até ficares de cuecas.
Pronto, ficas de t-shirt, mas a questäo essencial, é que o tempo de paragem nas estaçöes é curto, e näo me parecesse que Tabor fosse uma estaçäo de comboios movimentada.
Em suma, se chegássemos a Tabor sem saber, mal tínhamos tempo de reunir as coisas todas e saltar do comboio.
Lá chegámos a Tabor, e tínhamos de perguntar a alguém qual era o comboio para Sezimovo Ústi. Dirigi-me às bilheteiras e perguntei, a resposta obtida foi: linha 2.
Lá fomos para a linha 2, mas os Checos, raios os partam, têm um sistema estranho de numerar as linhas, que eu ainda näo percebi. Nas plataformas de embarque, além do número da linha, (que nem eu nem o Joäo vimos), têm também algo a que chamam "kolej" que vai até ao VII praí. Presumo que sejam as carruagens, mas de presunçöes estäo os manicómios cheios, e tive de perguntar mais duas vezes, a última das quais com o comboio mesmo a partir, para ter a certeza de que era o comboio certo. Já dizia o Astérix: estes Checos säo loucos.
O comboio demorou dez minutos para chegar à idílica localidade de Sezimovo Ústi (pergunto-me sempre se escrevo bem, mas vocês também näo sabem, eheheh), faltava-nos apenas uma coisa: achar o hotel Mas.
Perguntei a um transeunte, que me deve ter mandado à merda, e o segundo cidadäo disse-me uma série de palavras em Checo, que eu tentei simplificar sem sucesso, mas pelo menos ficámos com uma ideia decente acerca da direcçäo a tomar.
Depois de andarmos um pouco às aranhas, encontrámos o hotel.
Perguntei à recepcionista onde se desenrolava o seminário de voluntários, e ela respondeu-me, metade em Checo, metade em alemäo, talvez devido aos meus olhos azuis e cabelo loiro (...),
que se desenrolava no 3° andar.
Lá fomos, direitos ao 3° andar, quando Joäo me detém e diz: oh pá, olha que o 3° andar deles é o nosso 2°.
Passou-me pela cabeça que o meu mais recente amigo precisasse de um copo de água com açúcar, mas o que é certo é que ele tinha razäo, eles contam o rés-do-chäo como o 1° andar...
Lá entrámos pela sala do training adentro, pondo mais achas no estereótipo de que os Portugueses chegam sempre atrasados...
domingo, 4 de março de 2007
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1 comentário:
não é esteriótipo, é a mais pura verdade... eu já desisti de marcar encontros com o pessoal... vou ter aos sítios qd puder!! é o caos!!
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