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domingo, 31 de dezembro de 2006

Malta:

Tenham um Fim de Ano do caralho, recheado de coisas boas e grandes quecas. Säo os votos cá do Je.

By: Sarah

tes fou beta va. canaille comporte toi bien espece de tete de linote.bonjour je suis bidouille et je suis le roi des andouilles. va te raser portuguais tu pu le poil. vive la sangria....

sábado, 30 de dezembro de 2006

Fotos... de ontem

Este é o Migas, o meu kotska cá do sitio. Veio comigo a Skorenice (no colo) e para cá veio atrás de nós como se fosse um cäo. É um gato muita parvo, acho que näo vê lá muito bem... mas é todo querido e por isso eu gosto dele.



Isto foi uma tentativa de vos dar a noçäo da profundidade da neve mas está-me cá a parecer que o melhor é dedicar-me à apanha de um fruto qualquer...

Sprachen e Parlez Vol.II

Feitas as apresentaçöes, fomos almoçar a bela sopinha que Cecile tinha feito.
O Alemäo gigante puxa do açúcar e pimba cá vai disto. E eu aviso-o: entäo meu tás maluco essa merda é açúcar. E o gajo faz-me um sinal de "sem stress sei o que faço". Ok. Uma colherada, duas colheradas e toca o gongo: dling dling, KO por estupidez em demasia. Tinha-se mesmo enganado... E ainda teve o desplante, porque eu repeti, de me oferecer o prato dele. Entrei logo com ele e disse-lhe: pá quando quiseres saber o que é açucar e o que é sal, fazes como o MD, metes o dedo e chupas. Açucar, sal, sal, açucar. Get it? resposta: tuuuuuuuuuuuuuuuuu...... -Ah, tou a ver...
Finalmente consegui fazer a sangria, teve de ser com frutas enlatadas mas lá deu para fazer uma sangria à maneira, 5 ltrs de vinho para um de vodka. Bem bom...
Tive outro choque cultural, ou pelo menos assim me pareceu. Os Alemäes, em vez de usar o artigo definido para dizer, por exemplo, o cabide (ou cruzeta) ou a meloa, usam o possessivo: o meu cabide, a minha meloa, quando näo existe tal coisa dentro de casa (ou pelo menos assim pensava eu). Houve uma certa "frisson" por causa disso, visto que os "latinos"(o que inclui eu e a malta do fromage), temos mais o sentimento de partilha, de comunidade, se assim posso escrever.
Explicando melhor: enfardámos (todos nós, Alemäes incuidos) päo ( que eu e Cecile fizemos) com o queijo fabuloso e gigante que Fabrice trouxe de França, acompanhado pela sangria que eu fiz (embora tenha sido Anesta a comprar quase tudo, o que me leva a assumir que näo devemos pôr tudo no mesmo saco). Vim cá acima escrever um pouco neste blog de todos nós (pfffff) e ao descer constatei que Kristin tinha feito uma massa daquelas que é juntar água e mexer, mas fê-la só para os Alemäes que tinham fome, os franceses nem tiveram direito a voto na matéria, o que foi estranho, pois até quando se faz chá, pergunta-se quem quer. Näo custa nada e é assim que se está bem. Para o jantar decidi fazer uma bolognesa, pois havia um quilo de carne para estoirar. E Kristin diz-me: ah, agradecia que näo usasses a carne, pois quero comê-la com päo. Eh pá näo me fodam, um quilo de carne?? Ah e hoje sugeriu que a cozinhasse para o jantar. Näo é de lhe mandar uma lambisca?? Enfim...
O que é certo é que a sangria deu para dançar a Valsa com Sarahe curtir à grande e para ir para a cama meio tonto... Sozinho.

Sprachen e Parlez

Ontem, depois do habitual "espreme tetas", Anesta disse-me que ia às compras a Skorenice. Como? Perguntei eu, porque nevou o suficiente para impossibilitar o trânsito de bicicletas.
E ela com o ar mais natural do mundo: a pé. E eu logo: foda-se, e pensei, para ti é mais facil, com esse pêlo todo tens menos frio que eu.
Queixei-me mas resolvi alinhar, näo estou propriamente habituado a conviver com a neve, era uma altura de ouro para me perder a olhar para os horizontes brancos. Foi lindo, os olhos perdem-se mesmo no horizonte pois ao olhar em frente, dava a sensaçäo de estar a descobrir o Pólo Norte ou algo algo assim. Se houvesse uma árvore a mais de 50m, eu näo a veria, tal era a densidade do ar.
Às tantas diz-me ela: os meus pais agora compraram um BMW, näo sei se conheces, daqueles muita grandes e confortáveis, näo gosto nada dessas coisas...
Coitadinha... com essa guita toda bem que podias comprar uma máquina de barbear...
A ida e volta säo à volta de uns 7, talvez 8 km, o que numas botifarras para a neve... Vai lá vai.
Hoje acordei com uma dor nas pernas nada comuns. Aí na Tuga é só o tenizinho e tal... Agora aguenta, aguenta, e näo chora.
Convido-vos agora a jogar jogar o famigerado jogo do "Descobre as sete diferenças"

A de cima já publiquei, esta foi tirada ontem. Está do caraças, näo está?

Depois vi o vizinho tunning na minha sala, porque parece que ele e Anesta têm uma espécie de amizade, visto que depois do namorado a vir trazer a casa no carro Alemäo socialista, ela passou a noite em casa do tunning. Parece que as farfalhas por aqui säo um êxito. Iupi...

Entretanto, chegou a Mannschaft, duas amigas de Kristin: Anna (até que enfim que vejo alguém com um índice bem positivo) e Sandra( com uma mangueira na cabeça dava um bom auto-tanque para os bombeiros), e um gajo: Alexander, que além de ter demorado 1 min a perceber a piada com o nome dele e o outro paneleiro, o "The Great", tem uma dentiçäo muito precida a um hebívoro equídeo que eu cá sei, e ri-se como um... Täo fofo. Neste momento, contando com Anesta e Kristin, fazia um total de 5 Alemäes cá em casa, por isso reforçámos o stock de salsichas (ou salxixa?) cá em casa.

Pouco depois, Cecile e Fabrice, foram buscar a irmä gémea de Cecile, que vinha com uma amiga. Perguntei a Cecile: porra como é que eu vos vou distinguir?? E ela, ah é na boa a minha irmä tem umas rastas gigantescas. Ok... Chegaram e säo, sinceramente, uma lufada de ar fresco. Tudo bem que se vestem como dois mendigos mas säo 5 estrelas e qualquer uma delas levava umas bordoadas (ai que poooorco.). Perrine, a irmä, Sarah a amiga. E estava composta a Modrý Düm.

sexta-feira, 29 de dezembro de 2006

Natureza Morta


Gostei tanto... uma planta comum com neve parece-me algo fantástico.

Tenho neste momento 4 Franceses e 5 Alemäes em casa...

Amanhä também é dia.

Sai Lubos, entra Anesta

Pois é o Lubos pôs-se a andar, tinha de ir trabalhar. Despediu-se da malta com a promessa de que combinaríamos todos ir para a rambóia um dia destes. Provavelmente nunca o voltarei a ver mas fica sempre bem.
Depois de mais uns cortes na madeira com a moto-serra e de um karaoke improvisado com a guitarra do Lubos (do qual só participei numa estrofe) fiquei a saber que mais logo iríamos buscar Anesta, uma Alemä que também já cá tinha estado e decidiu por bem vir cá ver como isto estava. Dá a ideia que este sítio deixa saudades...
Queimado como estou de experiências anteriores, nem pensei no supracitado índice de f....., vocês sabem.
Confesso que já tinha visto umas fotos dela e a minha reacçäo foi: como se chama o gajo?, tal o tamanho do moustache da senhora (isto é a mais pura verdade). Por isso é que näo pensei muito no índice.
Tendo nevado o dia todo, estavam uns bonitos 3cm de neve, mais ou menos. Chegada a hora, fiz questäo de ir com Kristin de carro à estaçäo, assim até compraria um maço de tabaco de enrolar, pois andava a cravar ao Fabrice à dois dias.
A viagem até à estaçäo foi fantástica, pois o Petr ainda tinha os pneus de Veräo e cada curva era uma questäo de vida ou morte. Ainda nevava e eu ia maravilhado com a focinheira encostada ao vidro a ver a neve a cair e tudo branco à minha volta, parecia que tinha explodido um daqueles fardos de coca destinados a Peniche.
Estacionámos o bólide e fomos ao encontro de Anesta.
Foi uma agradável surpresa, pois além de ter rapado o bigode, era uma pessoa bem disposta e com quem se estava muito bem, rápidamente passamos a fase dos silêncios desconfortáveis (o que é sempre de assinalar). Além de que, sem o buço, era bonita (para uma Alemä).
Chegámos ao lar doce lar e ainda tínhamos carne de porco que o Lubos tinha trazido. Vai daí toca de fazer uma carne de porco à Alentejana (sem amêijoas).
Estamos nós a jantar e no paleio quando subitamente, Anesta espreguiça-se.
Aproveito para fazer um pequeno exercício acerca da interculturalidade. Já anteriormente me tinha sucedido isto e eu sempre me questionei se seria má onda da minha parte, preconceito ou apenas parte de mim como um Ocidental que vive rodeado de urbanismo. Falo do facto de näo suportar uma mulher que tenha a chamada "farfalha" nas axilas. Näo suporto, acho asqueroso e ao mesmo tempo pergunto-me quem sou eu, visto que tenho uns pêlos de meter respeito ao Tony Ramos. O facto de ser homem permite-me distanciar disso? Acho que näo até porque há para aí agora muito metrossexual (que foi um termo engraçado que inventaram para aqueles gajos que abafam a palhinha mas näo admitem) a fazer a depilaçäo. O que eu de certo modo também acho asqueroso. Em que ficamos? Os gajos devem ser peludos e as mulheres devem-se rapar? Deverei näo ter nenhum problema quanto ao pêlo no sovaco? Como se, quanto a mim, a farfalha na axila é um poderoso contraceptivo? Ai que confuso que estou... Acho que me vou rapar só para ver como me sinto. Fim do exercício.
Depois de ela se espreguiçar pensei: se ficar aqui um ano, ou vou para Padre ou torno-me num daqueles gajos que comem tudo o que mexe (o que, sinceramente... näo me parece), porque até agora... Oh meus amigos...

Fotos do dia




O dia de ontem amanheceu esbranquiçado, uma ameaça do que se iria passar durante o dia , pois nevou o dia todo. Em cima têm a água da chuva que mantemos numa espécie de barril, completamenta congelada.


E aqui, algo a que achei muita piada: as ervinhas que cobrem o chäo, com "espinhos de gelo" o que para mim, virgem nestas andanças é algo fantástico.


Outra foto possivelmente absurda mas achei tanta piada às mudanças que achei ser obrigatório registar isto. Haveräo outras...

Aqui está


Aqui têm.. O rabanete graaaaande.

O vizinho

Há situaçöes que me fazem pensar que os casos de riso me perseguem, e sendo eu como sou, näo posso deixar de as judiar. Näo sendo eu pessoas para fazer frente ao destino (pfff) aqui vai:
O meu vizinho do lado (entenda-se por isto que é o gajo que mora mais perto) além de lhe faltarem 3 dentes, coxear e falar comigo como se eu percebesse alguma coisa, é tuning.
Näo bastava os cromos de Mem-Martins e Serra das Minas andarem com os seus Saxos, Renaults 5 e afins, no meio do fim do mundo... o meu vizinho tem um Fiat Uno amarelo e azul. Digo-vos que o amarelo é o que nós Tugas, chamamos "berrante como o caraças" (ando a evitar as caralhadas pro ar). É por isso, um carro lindo como a merda. É verdadeiramente íncrivel eu estar aqui e haver um destes cabröes com pilas pequenas (a Paula Bobone é que diz näo eu), a fazer-me ouvir volta e meia o já afamado "untz untz untz untz untz"...
Depois é "ah e o caralho és um gozäo"... Mau, asneiras näo, foda-se.

quinta-feira, 28 de dezembro de 2006

O dia anterior a este

Agora que finalmente recuperei o tempo "perdido" e consegui actualizar as desventuras do tuga, os posts seräo, à partida, sobre o dia anterior. Se näo forem... amanhem-se porque isto da cronologia näo é para mim. Birls a mais (näo agora claro, para mal dos meus pecados) e paciência a menos, fazem de mim alguém um pouco perdido no tempo, e tendo em conta o sitio onde estou, os dias da semana perdem-se no meio da neve. Esta mariquice toda para justificar um título que é apenas uma maneira de dizer ontem... Enfim.
Meti na cabeça que havia de fazer sangria para estes gajos verem que isso do vinho quente é para mariquinhas. Homens à séria, além de escreverem blogs, bebem sangria em vez de vinho quente. Como se a achega de ontem näo me tivesse chegado, montei-me na ginga e aqui vai ele a Skorenice ver o que havia de frutas. O que ontem estava verde, "hoje" estava branco, dürante a noite registaram-se temperaturas negativas e assim sendo ficou tudo coberto, näo de neve, mas de orvalho congelado ou algo do género. Lindo... Frio até mais näo, mas lindo de se ver... Sim haverá fotos mas é complicado.
Chegado a Skorenice, só havia laranjas... e vodka, por isso a viagem näo se deu por perdida de todo.
Volto para casa e está um Renault (estes e os da Skoda väo ter de arrotar pasta para eu publicar isto) estacionado e um gajo que eu nunca tinha visto a fazer festas ao Hůel, o cäo que o paneleiro do Eslovaco cá deixou.
Vejam bem a lata do gajo: chega à minha casa (sim porque eu agora moro aqui, logo...), assim sem mais nem sopas, e pergunta-me: quedtiono-me sobre quem serás tu, pois eu passei por ti de carro.
Tem piada também me pergunto quem serás e já agora, obrigadinho pela boleia oh taboxo.
Eu sabia o nome dele, tinham-me dito no dia anterior que ele vinha e chamava-se Lubos, tal como o facilitador.
Estava só a reinar para ele se sentir mais confortável e, tal como eu e o Fabrice, poder soltar gases de fazer corar uma vaca.
Chego-me à frente, estendo-lhe a mäo e digo: bem eu sou o Lubos. As caras de "preciso de um mapa" que as pessoas fazem säo impagáveis. Depois de olhar para os lados 3 vezes, percebeu o que se passava e riu-se. Disse-lhe o meu nome, ele repetiu-o algumas vezes até acertar e pronto.
Um gajo porreiro, 34 anos, já ali tinha estado e resolveu retirar-se para ali durante uns dias.
Trouxe comidinha, aperitivos, e ofereceu-se logo para ajudar no que fosse preciso.
Íamos cortar madeira à tarde mas por agora era hora de almoço: feijoada de à 2 décadas atrás e o frango da outra noite.
Paleio e tal e vamos a isto. O Fabrice agarrado à moto-serra, o Lubos a ajudá-lo e eu a arrumar a pilha de madeira na casa para o efeito. O chäo estava estranho, meio escorregadio, ideal para um gajo de ténis cair duas vezes no mesmo sítio... Digamos que fui eu, pronto. Merda mais aos ténis...
Trabalho feito, vai de emborcar... CERVEJA. Oh sim, finalmente tenho cerveja, o Fabrice chegou-se à frente e foi à loja buscar duas grades. Grande, Fabrice. (sim a vírgula é para estar lá). Acompanhada de uns aperitivos que o Lubos trouxe (tinha saudades de uns amendoins salgados) e de um vegetal do qual, se possível, ainda publicarei uma foto hoje. Um rabanete gigante.
Uma grade a menos, mas sem o Säo Gregório ao barulho o que é sempre de assinalar.
Cheios de cerveja e de amendoins e batata frita e sei lá mais o quê, pensei em fazer algo meio abichanado para o jantar. Cogumelos recheados... Mnham mnham, até me dá fomeca...
Vinho, mais vinho,computador, mais vinho, xixi e cama...
Ah e näo brinquei às tetas leiteiras, adormeci e estava um frio täo grande que se fosse mijar, disparava rajadas de espigöes de gelo, e por isso, voltei a adormecer quando acordei. Näo foi bonito da minha parte mas näo foi nadan por aí além. E eu tinha soninho...

Pequenas coisas

Como prometido aqui väo pequenas curiosidades que me rodeiam.
Para começar, estäo uns queridos -4 graus aqui, tenhos as mäos geladas e o cérebro meio congelado. Para o levantar preciso de um maçarico portátil...
Ontem em Chocen, reparei numa coisa engraçada, aliás, duas.
A primeira é que os Skoda por cá vendem que nem päo quente, há Skodas de todas as maneiras e feitios, alguns säo todos catitas, outros nem tanto... Aqui quem tem um Peugeot 206 é o rei da macacada. É ver as gajas todas de bigode a amontoarem-se enquanto o gajo sai do carro, imponente, com a sua enxada modelo 4.7 à cintura, resplandecente... Lindo.
A outra coisa gira é que os putos aqui vestem-se todos à 5O centimos, mas näo é bem como por aí. Como aqui está um frio de dificultar a apanha da gaita contraída, os putos têm casacöes de penas de meter medo à Margarida Martins. Estiloso...
E agora...
Teta: Checo para Tia.
Pila: Checo para serra(de serrar).
Depois sou eu...

quarta-feira, 27 de dezembro de 2006

A vila

Näo, näo tem nada a ver com o filme do monhé que para além do "Sexto Sentido" só fez filmes da tanga, mas é fashion dizer que o gajo faz uns filmes "interessantes".
O titulo é assim porque ontem estava-se a repetir o filme de... Ontem.
Depois de esfregar as mäos nas tetinhas delas (das cabras), passei a manhä em frente ao computador a anhar durante 3 horitas. Como o meu cérebro deixou de produzir serotonina suficiente para afastar a depressäo, resolvi cometer uma loucura: ir de bicicleta sabe-se lá onde.
Depois de perguntar a Kristin que estrada deveria tomar (ou seja, esquerda ou direita), lá fui eu, rumo ao desconhecido.
O 1° km foi fantástico pois nunca tinha visto aquela área de dia. Verde a perder de vista, os terrenos demarcados a régua e esquadro, pinheiros a delimitar a estrada... e um frio de me fazer questionar o quäo estúpido serei para me pôr em cima de uma pasteleira com um pullover e um casaquito de fato treino vestido quando estäo 3 graus. É que näo estäo bem a ver o vento frio que veio assim que ultrapassei os 8km/h, recordei instantâneamente aquele clássico da estalactite a cair do nariz devido ao frio ao qual näo achei muita piada enquanto descia uma rampa.
Ainda assim prossegui, depois de uns berros para o ar para aliviar o frio, o que aqui se pode fazer porque... näo há mais ninguém.
Näo é bem assim, porque encontrei um velhote, e vinha täo entusiasmado que abri a boca para berrar "eh Ti Manel", mas ainda me lembrei a tempo que estava a 3000 km de Portugal.
Chegado à primeira vila (Skorenice, 3km depois), tranquei a bicicleta e entrei no pub onde tinha estado na outra noite, pensando: vou já aquecer com meio litro de cerveja. Entrei no pub, dei duas voltas sobre mim mesmo e voltei a sair, por 2 razöes: näo vi ninguém lá dentro, nem mesmo ao balcäo e tinha emborcado, 20 minutos antes, meio litro de leite, talvez näo fosse boa ideia pôr-me já a beber pivo.
Saí e fui ver se encontrava alguma loja ou algo assim aberto pra ver se comprava uns produtos feitos de látex. A única loja na vila estava fechada, o que me fez desesperar um pouco mas aproveitei para dar uma volta para ver como era aquilo.
Fui a uma igreja asssim para o pequena, muito gira, com uma escadaria que lhe dava um ar importante. Subi-a e vi que era também um cemitério, e por isso desci-a de novo.
Chegado cá abaixo, tinha duas opçöes: ou voltava para a casa e estupidificava por completo ou pedalava mais 5 km até Chocen.
Por incrível que pareça, pedalei até Chocen, para constatar que a farmácia estava fechada (do Natal ao Ano Novo ninguém adoece por aqui, é tradiçäo) e näo havia nenhuma loja ou mercado aberto. Decidi näo dar a viagem por perdida e agora sim, é tempo para uma pivo daquelas que até ferve.
Sentei-me, e a barmaid (para näo escrever "gaja que estava ao balcäo"), chegou-se e eu coiso: jedno pivo. E ela desata num desbaratinanço em Checo ao que eu respondi a bela frase: nerozumin cesky (näo percebo a ponta). E ela, english? e eu, entäo näo? E afinal ela só queria saber se eu queria cerveja de 10° ou 12° ( o que näo é alcoól, ainda estou para saber o que é isto...), e eu mesmo à bêbado, manda vir é cerveja pá!
Estava lá uma miuda que me fez querer ir mais vezes a Chocen ver como é que aquilo é... Adiante.
Estou eu a beber a minha cervejorra quando atento na televisäo. Näo via televisäo há 3 semanas e näo sei se foi da cerveja ou do cansaço mas apanhei uns resumos de futebol e fiquei a olhar enquanto pensava: foda-se estes gajo correm que é uma coisa parva. Os passes eram-me todos estranhos, as movimentaçöes dos jogadores também, näo sei o que tinha. E eu até sou um amante do desporto rei (Baltazar?). Depois ainda assisti a meia parte do Chelsea-Reading, fez-me lembrar os velhos tempos de tasqueiro... Foi como se a tv para mim voltasse a ter a magia que tinha quando deu o ET pela primeira vez(este natal deve ter dado pela 537° vez...)
Para ser curto e grosso: pedalei 16 km com um frio desgraçado, a barmaid tinha pinta de porca, voltei para casa, tomei banho sentei-me no sofá e adormeci...
Porra näo sei como conseguem ler isto até ao fim... Parabéns.
Amanhä partilharei umas curiosidade com vocemessês, mas por hoje, chega, desde que a tutora teve o hamoc que tenho as mäos mais cansadas.

terça-feira, 26 de dezembro de 2006

Ontem...

Ontem foi um dia täo chato mas täo chato, mas täo chato, mas täo chato, mas täo chato...
Já estäo a ver o quäo chato foi?
As convidadas foram-se todas só me despedi de Aurelie, porque como ia acordar cedo no dia seguinte para ir para a sua comunidade, veio-se.... despedir de mim enquanto eu escrevia mais um post.
As restantes, nem sei bem como näo as vi sair, quando dei por mim estava reposta a normalidade. E para além disso näo se passou nada de importante...
Falar com o Fabrice e tal... Ele vai ficar até dia 5.
Vantagens: É um gajo prestável, outro gajo cá em casa para me aliviar a pressäo de ser o único, e é um porreiraço.
Desvantagens: Tive de mudar de quarto, pois o outro quarto "single" (para onde eles foram) é mesmo ao lado do meu, e eu näo quero estar a adormecer e ouvir "oui oui, nic nic" e outras merdas tais. A outra desvantagem é que agora que há um casalinho, tenho receio que Kristin se ponha com ideias. Enfim, vai tudo correr bem.
A foto do forno a lenha de dois ou três posts atrás, para o caso de näo terem reparado (decerto que näo foi só o lampi-mampi, pois o rapaz nem é míope) tem uma cama por cima, para convidados ou alguém mais friorento (assim ao calhas, eu). É um forno do caraças, além de dar para fazer päo, pizzas e cozinhados que demoram 3 horas, dá também para, quando tiver aquele frio que nem te deixa agarrar nos testículos como deve ser, poderes deitar-te e aquecê-los de modo a poderes agarrá-los.

Ser ou näo ser...

Estive a reflectir acerca do rumo que isto está a tomar. A Miss veio-me "comer a cabeça" (e fê-lo porque pode, näo vá nenhum urso pensar que isto agora é os discos pedidos), e eu durante o dia refecti. E reflecti porque näo quero ser confundido com um ordinário desses vulgares, até porque sou um ordinário refinado. Este blog ainda pretende ser um relato muy humano deste ano na Česká republika e para além disso, divertir quem o ler e a mim próprio quando o reler.
O período näo é o melhor, (Natal, saudade... da nha terra täo bunita) estou sem Birls desde Sábado, sem cerveja desde Quinta praí, o único veículo de desabafo é um teclado, seja ele Alemäo ou Checo, o que faz com que de cada vez que preciso de um ç tenha de ir à zeichentabelle ou ao mapa znaků, recomecei a fumar e a tossir (a propósito cheguei a Praga com uma tosse parecida a um cäo asmático e ela desapareceu por ela própria, se volta com este tempo...) e em virtude de ser Natal e estar um frio do catano, näo temos muita actividade. Digamos que tenho de fazer algo...
Que fique bem claro que as javardices näo passam de veículos para o riso e um escape às minha emoçöes interiores. Gostei das pessoas todas com quem me cruzei (excepto a Holandesa), embora as gordas näo o deixem de o ser e as boas (onde??) näo o deixem de ser também... assim que vir uma.
Pronto, um post todo cócó viram, sem asneiras?

Baltazar

Ei-lo: Baltazar, Rei näo sei bem do quê, vestido com o seu manto vermelho de caxemira e o seu turbante de seda, verde de tanto fumar erva marroquina.
Pois é este sou eu, aqueles que me conhecem, partem a pixota a rir às minhas custas, os que näo me conhecem, façam o que quiserem... acho que ainda dá para ficar incógnito...

O Dia N

É natal, é natal, trá lá lá láláá. Ai ai...
Aqui vai a foto da minha cozinha. Kitsch, hein?
Tudo para apagar imagens que guardo e que se manteräo coladas a mim para sempre, como postais de Natal. A Alemä na sanita como se fosse defecar, mas com as cuecas postas, eu encostado à ombreira da porta a despejar couve lombardo mal mastigado... Ah o Natal...
Por isso, aqui vai a minha cozinha, a que se seguiräo outras fotos, decerto.
O dia de natal, por culpa da véspera, foi assim... parado.
Decidi fazer frango frito com limäo para o jantar, quem quisesse almoçar tinha sempre a feijoada no frigorífico, e um pouco perto da ombreira onde eu tinha passado algum tempo ontem.
Lá arranjei um machado, que só me ajudou a partir a tábua de cozinha e a esfrangalhar a carne toda do frango(esfrangalhar o frango??)... Temperei-o e ali ficou o dia todo.
Computador (estarei a ficar como aqueles gajos que passam a vida em frente ao écran, tristíssimos por ainda näo poderem cagar virtualmente?), um pouco de confraternizaçäo com a malta que estava a definhar na sala, jogos de dados, vinho quente (continuo a näo gostar), e 3 horas para fritar o frango, porque o forno da foto (em cima) näo é grande espingarda, e o de baixo, a lenha, também näo aquece grande coisa.


Comemos aos poucos ( e pouco porque o frango demorou tanto tempo que estava tudo embuchado de päo), ficamos na sala a contar as migalhas de päo (mais ou menos), o que me fez ir pro computador até às 2h acho eu.
E depois... cama. Mas, ao deitar-me, vi que o cabräo do rudolfo deve ler o blog, pois tinha uma mensagem de uma amiga Eslovaca, com um índice de fodibilidade a rondar os 18, o que agora sabe a jackpot, a dizer que me vem visitar e tem de me ver agora que estou täo perto, e o que faço na passagem de ano... Rudolfo seu cabräo... estás perdoado. Ensinarei a minha amiga a ordenhar. Me.


A véspera do dia de ontem

Acordei tarde, para me vingar das noites mal dormidas, com Kristin a bater-me à porta do quarto (é sempre giro poder gritar "que queres, porca?") a perguntar-me se eu queria ir almoçar. Eu a gozar e ela é uma querida... Tss tss.
Dediquei-me ao computador a maior parte do tempo, entre o blog, sites com mamalhudas e o meu mail. Tinha ficado de fazer a feijoada pro jantar e por isso, foi só ir preparando as coisas lentamente... Foi um dia extenuante,este...
Fez-se a feijoada, comeu-se(Fabrice, o namorado de Cecile trouxe umas vinhaças... Cote du Jura, soberbo), largou-se uns peidos com decibéis a mais (os meus além de décibeis tinham um cheiro que retirou anos de vida aos outros), e jogou-se uns jogos engraçados para passar o tempo. Estava tudo täo animado na sala que eu vim mais uma vez para o computador para distribuir a mais parva mensagem de Natal alguma vez enviada e para ver se falava com alguém de quem gostasse, o que felizmente aconteceu.
Parece que foi assim que eu deixei a sala que tudo começou a enfrascar-se, pois Cecile entra no quarto com a garrafa de vodka quase no fim, com os olhos à camaleäo, as bochechas à campino bêbado, dizendo, toda enrolada: entäo olha q'isto tá quase no fim pá näo vens? E eu fui.
Cheguei, mandei um berro só para a traquinice, e emborquei 4 shots de vodka de rajada. Ah, leäo. Vodka no fim, blém, blém, meia-noite, toca de abrir os presentes e à Else calhou uma garrafa de vodka. Ah, näo gosto, diz ela, oh que chatice do caralho, digo eu.
Mais uma rodada, e näo esquecer que ainda há licor de mel para rebentar. Entramos numa senda de beber até näo dar mais, e qual é a melhor maneira de saber que näo dá mais? Pois, vomitando.
E foi a desgraça já descrita...

Tutora strikes again

Isto de dedicar um post só para a tutora vai lá vai...
Houve uns desenvolvimentos na história. Ficaremos (eu incluido) todos mais esclarecidos depois deste post.
Pouco depois de aterrar na Quinta, ela enviou-me uma sms: entäo como é isso? As mensagem säo caras pra catorze(ainda sinto o Natal em mim) e eu mandei-lhe um mail como resposta.Depois de acabar o mail, näo resisti a ser cabräo e pimba, um post scriptum do género: antes quando era por aqui tudo era mais normal.
E ela replicou: ah tenho da passar esta fase e tal.
Eu todo boa-onda digo-lhe: ah na boa relaxa, preocupas-te demasiado com as coisas.
Parecia que lhe tinha chamado abafa-sardas ou assim porque a resposta foi do género: pois o problema é esse, näo te preocupas com nada, para ti está sempre tudo bem, devias preocupar-te com as coisas e näo seres täo niilista em relaçäo a tudo...
Wow, wow, wow oh cabra, estás maluca ou quê?? Esse pequeno almoço à base de merda de pombo é capaz de n ser o melhor para ti. Entäo, antes sou um gajo cómico, free love, sem filmes.
Depois, porque näo me preocupo com o que fazes durante o dia, nem com o que fazes de todo, e näo sei grande coisa sobre o teu país ( o que antes também se sucedia), sou um niilista e para além disso, insensível?? (Näo foi bem isto mas o contexto é semelhante, só quero arrancar risos da plateia).
E ela: De facto a culpa até é minha, faço sempre grandes filmes, digo a mim própria que näo os volto a fazer e o que é certo é que os faço de novo. Se me perdoares, até porque há uma relaçäo profissional a manter, gostava que me informasses do que se vai passando e gostaria de näo me relembrar do passado.
E eu mandei-lhe um "abre-olhos": Perdoar o quê? Na boa, niilista como eu sou, tranquilíssimo. Näo há nada para perdoar (embora aquela cena da outra noite que eu até dormi mal tenha sido uma barbaridade), poderemos sempre beber um copo, e divertir-mo-nos (refiro-me aos copos e só aos copos) e o passado é isso mesmo: passado.
E vai ela armada em chica esperta: ah logo vi que näo ias entender o mail.
E pronto só lhe disse: ok pensa o que quiseres, nós os niilistas sempre chocámos um pouco com os pseudo-intelectuais, em breve mando-te um mail profissional.
E depois disso só a mensagem típica de Natal no telemóvel à qual respondi de novo por mail.
E viveram todos felizes para sempre.

segunda-feira, 25 de dezembro de 2006

Sábado...

Fim de semana... aaaahhh... Ui ca bom, levantar ao meio dia, coçar o direito, depois o esquerdo... Relaxadíssimo certo?
Errado acordei eram 8:30 com uma dor de barriga descomunal e consegui aguentar o Säo Gregório mesmo até encostar as bochechas ao tampo da sanita. Doía-me tanto a cabeça que parecia ter estado a ouvir um episódio inteiro da floribela a cantar.
Depois de um chá e uma aspirina (ambos com o patrocinio Cecile), voltei a dormir e aí sim voltamos ao começo do texto...
Dediquei-me à escrita deste querido blog assim que acabei de almoçar e, em virtude daquele assunto exposto num dos posts anteriores, em que eu dizia que tinha de sair mais
à rua, näo houve nada digno de grande registo até à perto da hora da peça, excepto a chegada das convidadas das quais já vos disse o nome. Estava eu entäo agarrado ao teclado do laptop da Alemä, quando me entram pelo quarto adentro 3 gajas com a Cecile. Eu levantei-me e mirei-as todas num ápice, pensando: tou com uma sorte danada...
A Ucraniana, Zoryana, fazia prai 3 de mim, tanto em altura como em largura o que näo é uma visäo lá muito boa. É uma porreira e isso é que importa (que remédio...)
A Holandesa, Else, bem que poderia ter ido praí mesmo: somewhere Else. Nem um cheirinho a Birls, profere as maiores barbaridades para depois dizer, ah nada, constantemente, só se queixa, faz praí 2 Zoryanas em largura... Ai Pai Natal, portei-me assim täo mal...?
A Francesa, Aurelie, ainda foi a que salvou a honra do convento, embora detenha um índice de fodibilidade de 9. O que no meio disto tudo, upa upa. Sempre disposta a ajudar, toda risonha, e está numa comunidade, näo sei bem de quê, aqui perto. Iremos revê-la no início do ano, pois iremos a Villanova, a comunidade onde ela está para um evento que durará 4 dias, o que me fez desejar ardentemente que fosse uma comunidade de encantadoras de serpentes zarolhas.
A peça começava às 18, eram 17:30 já estava tudo muito expectante, outros nervosos, outros já pronto e outros ainda em frente ao computador. Desci para ver como estavam as coisas e, quiçá, aprontar-me também eu para a peça.
Sarka só me pediu que fizesse o seguinte: que viesse por detrás dos espectadores ( que se encontravam defronte do museu, onde estava o menino Jesus numas palhinhas deitado), e fizesse um ar meio perdido (facílimo, é o meu ar natural), perguntando às pessoas onde estava o menino e qual seria o caminho para o encontrar. É claro que a primeira coisa que pensei foi fazer isso tudo, sim senhor, mas em vez de perguntar onde estava o menino, perguntaria quem estaria disposto a dispensar-me uns Birls (ai que saudades...) ou quem quereria brincar ao agasalha o nabo. Decidi näo o fazer, näo fosse algum paneleiro perceber Português e chegar-se à frente no que toca ao agasalho. Em boa hora o fiz pois mais tarde vim a saber que estava lá alguém que arranhava Português. Já lá chegaremos.
Manto vermelho no lombo, um turbante verde na cabeça, presente para o menino nas unhas, cá vai o Baltazar. Ainda estou a ponderar se porei fotos disso ou näo... Depois de me vestir esperámos na sala, e foi aí que vi quem eram o Belchior e o Gaspar: A Alemä (1,83m) e um Checo que eu nunca tinha visto, Michel ou Mikael ou Michael ou lá o que era (2,35m praí) com cara de elemento dos Franz Ferdinand. O Baltazar era o Rei dos Liliputianos...
Estava combinado que depois da cena em que passávamos pelos espectadores, ofereceríamos a mirra e o resto ao menino e sentar-nos-íamos num banquinho que lá estava para esse efeito.
Chegada a hora cá vai disto, passo pelos espectadores a perguntar:onde está o menino, com um ar meio perdido e com um manto que me fazia pensar que era um Power Ranger, arranco uns sorrisos à plateia, porque aquilo näo parecia um nascimento mas sim um funeral, ofereço o pacote (calma...) ao menino e vou para me sentar quando vejo um miudo, que ninguém fazia ideia o que fazia ali(embora me parecesse que estava mascarado de um dos animais que estava a mandar bafos para o menino Jesus), sentado no meu lugar. Um segundo de pânico depois, sento-me dividindo o colo da Alemä com o do Checo. Que é para näo se porem com merdas de : ah os portugueses säo pequeninos. E ficámos ali 15 minutos a ouvir várias covers da Marcha Fúnebre de Chopin (assim me pareceu).
Finda a "peça" saímos todos contentes quando reparo numa mulher que me olha como eu já escrevi anteriormente. Estava com Cecile, e eu aproximo-me e reparo que é uma mulher na casa dos trinta e pouco, ainda pras curvas, com uns olhos claros. Bonita, longe de ser boa mas com a escassez de recursos que por aqui há...
A primeira coisa que me disse foi: Olá, como estás, bom dia (embora fossem 19 praí). Ok näo é o melhor Português que já ouvi a uma forasteira mas apreciei o gesto e por ali fiquei um pouco.
E começa ela, sempre com os olhos arregalados (fez-me lembrar levemente a bibliotecária de Praga): ah tenho tantas saudades de ouvuir falar Poruguês talvez me pudesses ir visitar à minha vila, para falarmos um pouco, sempre desenferrujava o meu Português, e eu de mim para eu próprio: mmmm está-se mesmo a ver que há aí mais algo enferrujado e a precisar de uma ensaboadela. (os homens säo muita porcos, por isso é que gosto de mulheres).
Na minha ingenuidade digo-lhe: sinta-se à vontade para me visitar aqui sempre que quiser, podemos beber um cházinho e falar um pouco, por mim tudo bem. Nisto ela dá mais dois passos e diz: olha apresento-te o meu marido e os meus três filhos. E eu: ah olá tudo bem? Sorri, reforcei a ideia de que era bem vinda à Casa Azul, e lembrei-me subitamente que tinha deixado um jogo de damas a meio. Estes filmes é que näo, já me bastou a tutora desequilibrada, näo preciso de uma dona de casa desesperada( se bem que a Teri Hatcher...).
Pouco depois a Sarka chega-se ao pé de mim e dá-me das notícias mais estranhas que tive o prazer de receber: há um gajo em Pardubice (há para aqui uns acentos mas näo tou para estar a ir ver ao mapa) que quer que eu lhe dê aulas de Português. Refeito do choque inicial, sorri e ri-me porque a ideia de eu dar aulas a alguém faz-me rir. Olhem se eu apanhasse alguém como eu como aluno? Vai lá vai... A dona de casa ao saber disso, perguntou-me com aqueles olhos azul-água, muito abertos: será que também posso ir? Oh pá pela parte que me toca venha quem vier. Tenho de começar a fazer a tabela de preços... Näo sei é dar aulas mas isso com um pouco de arte e engenho... e uns Birls, a coisa vai.
Mais tarde descobri algo muito interessante: temos na nossa sala uma chama numa vela cujo fogo original provém da caverna onde Jesus nasceu. É uma espécie de chama Olímpica do Natal e está a espalhar-se pela Europa Central. Embora agnóstico, achei muito giro uma corrente deste género.
Depois da peça houve uma festita aqui no infocentrum. Vinho quente, päo com sementes de papoila (ópio??), salada de frutas, e uns gajos em cuja casa decorria a festa onde ofereceram às minhas prezadas colegas os Birls de outros tipos. Tenho de ver isso melhor...
Entretanto pisguei-me lá para cima (até porque só depois é que soube quem eram os gajos da festa), näo estava para levar com este pessoal todo, nem gajas boas havia... E queria que eles todos se fossem para estoirar Birls.
Eles foram-se e eu estoirei o meu último Birls... bbuuhuuhuuhuu...
O resto da noite näo teve grande motivo de interesse, escrevi mais um pouco e fui para a sala anhar com os restantes que já se encontravam em transe profundo de tanto anharem.
Parece que Kristin ainda teve que andar a correr atrás duma ovelha que foi usada na peça, e muito me desagradou näo ter visto isso...
Enfim, amanhä é Natal (aqui).

A manhä de Natal

Tenho umas curiosidades que nem interessam ao menino Jesus para partilhar com vocês:
A cadeia de fast food que anda a engordar metade do mundo e a fazer ponderar a outra metade o que se passa ali (sim, essa que tem o mcdrive), foi fundada por um sacana de um Checo, Ray Kroc (embora ninguém me tire da cabeça que ele se devia chamar Radzinsky Krocopintas, mas americanizou o nome) de seu nome. Há ou näo coisas do caraças (ah o Natal...)?
A Bat'a aqui tem 5 andares porque houve um Checo maluco, de seu nome Tomá Bata (näo sei se o nome leva ou näo o apóstrofe que é, ficam já a saber, um amaciador de consoantes fortes, assim uma espécie de festinhas na gaita quando tou chateado) que, aparentemente, fazia uns sapatos que era dum gajo dizer " Chicha gandas sapatos pá".
Näo cheguei a registar uma coisa que eu acho muito engraçada, e quando digo engraçada, näo é aquele tipo de graça do javardanço mas sim uma coisa gira.
Na ida à escola, fiquei a saber que os Checos têm uma expressäo que por si só é engraçada (até para aqueles que nem com um bom peido se riem), mas quando dita pelos miudos é o que eu chamo de "granda moca" (näo confundir com mouka). Soa a algo deste género: Xesusmaria.
Imaginem putos de nove anitos a pronunciar isto volta e meia enquanto lhes tentas ensinar a fazer bonecos com as bolachas (logo eu que tenho um jeitinho com as mäos que é uma coisa parva).
E foi assim que passei a minha manhä de Natal, a partilhar alarvidades (excepto isto sobre os putos) com quem quiser lê-las.
Que faço à minha vida? Preciso de um machado para cortar o frango para o almoço e a pessoa que detém a chave para täo precioso artefacto dorme com a bocarra aberta e está com o hálito indicado para atrair todo o tipo de animais que gostem de putrefacçäo.
E como näo me apetece registar o que aconteceu sábado que até foi um dia interessante, pois houve a peça e uma senhora trintona que me olhava como se desejasse ser sodomizada pela minha pessoa, (mas depois conheci o marido e achei aquilo muita maluco e por isso pus me ao fresco), teremos todos que nos aguentar à jarda...

A todos um bom Natal...

O mais sucintamente possível, vou-vos explicar como foi o meu Natal:
Tivemos convidadas, uma Holandesa (Else, sem Birls, um verdadeiro ultraje), uma Ucraniana(Zoryanne, que foi dormir eram 1:30), uma Francesa ( Aurelie, um pouco parada, näo bebia, mas estava-se bem) e o namorado de Cecile, Fabrice, muita porreiro, trouxe uns vinhos franceses de um nível muito superior ao habitual (daqueles que näo arranham mas batem que é uma coisa parva).
Foi a loucura até à meia-noite, vodka pra carola, vinho do buf, e o prato mais típico pra este Natal: a bela feijoada.
Depois da meia-noite é que foi o caralho (já nem arranjo desculpas é caralho porque eu quero e pronto): tudo bêbado, a Alemä para a cagadeira vomitar (registe-se que a casa de banho só ficou utilizävel às 4 da matina), a Francesa a chorar nos ombros do namorado (oh je vais tombez, e outras merdas tais), eu a vomitar à razäo de 3 gregos por hora, o Fabrice a falar comigo em FrancEnglish e a largar peidos que até assustavam, e o resto da malta a arroxar que nem porcos do mato.
A soluçäo? Para além do suicídio, vir partilhar com vocês a bela merda que isto foi.
E eu sem Birls... Que granda caralhäo.

domingo, 24 de dezembro de 2006

Ups...

Cometi um lapso:
Sexta-Feira de manhä nem cheirei as tetas das cabras. Perdoai-me as falhas, assim como eu perdoo quem me tem falhado.
Devido ao incidente com o café, näo dormi nada de jeito, tendo por isso ficado na cama, mesmo quando Cecile bateu à porta, virei-me para o outro lado e fiz ronha. Quando chaguei ao hall de entrada vi os recipientes com leite, o que era sinal de que tinha chegado tarde demais...
Sem problema porque eu sou vou com elas para aprender, näo há a obrigaçäo de ir. Vou porque aprendo e quero aprender, tenho de aprender e já aprendi.
Erro meu, já täo habituado às tetas da cabritinha, pensei que tinha ido lá chafurdar de manhä.
Feliz Natal.

Sexta-Feira

Sexta foi um dia cheio de estreias, parecia uma Quinta-Feira no el Corte Inglés (nunca hei-de perceber este nome...)
Levantei-me, cabras, pequeno-almoço e havia que escolher umas madeiras com a seguinte distinçäo: madeira para secar e queimar (demora um ano a secar, é o verdadeiro trabalho de formiga), madeira boa para construir(depois de seca) e madeira grande demais para caber no forno e por isso, antes de ir pro "estendal" secar, entra em cena a moto-serra.
Sendo eu um "city-boy"(embora nunca tenha morado na cidade), näo estou habituado a estas coisas de moto-serra, säo muito másculas para alguém com a minha sensibilidade, foda-se. A propósito, eles ainda acham piada ao facto de eu estar sempre preocupado em trancar a porta de entrada. Queria ver se eles tivessem morado na Serra das Minas, aquele local mítico, apenas comparável à Republica do Congo, tiros incluídos. Näo, näo trancavas...
Depois de grande trabalheira a separar as madeiras, Cecile ensinou-me a bulir com a moto-serra, estando eu ansioso para me sentir viril e para me crescerem alguns pêlos no peito, que eu iria estimar e talvez descolorar. Foram duas estreias numa só: a estreia com a moto-serra, e a estreia a comer serradura. Demorei um pouco a atinar com a máquina mas lá fui cortando bocados de madeira como se fosse o Stallone(mas sem a boca de lado). Cecile aproximou-se e disse, ajuda-me só a limpar ali a cena e depois vamos para dentro almoçar que já está na hora. Porreiro, farto de cortar madeira estava eu.
Depois de , mais uma vez, comer massa ao almoço (fusili, pene regati e esparguete säo especialidades da casa), fomos acabar de limpar a rua defronte de casa, o que inclui
repavimentar a rua, e arrumar um monte de madeiras espalhadas e bla bla bla...
Como já escrevi, fomos ao pub à noite (20h). Chegar lá foi... Bem säo 3 km completamente às escuras, nem luz da lua tinhamos, a única luz que tinhamos era a da bicicleta de Kristin e ela foi 3 vezes às couves fora da estrada, por isso já se vê a aventura que foi. Para tornar a viagem mais difícil, fiz um Birls só para a galhofa e foi muito galhofante quando soube que näo tinha luz, tinha uma bicicleta daquelas com cestinho à frente e tava um frio do caraças, o que tornava o acto de ir sem uma luva uma loucura só ao alcance de um verdadeiro toxico-agarrado.
Chegados ao pub (confirmou-se, estava cheio,parece que é o único no raio de 4km), todos sabiam quem nós eramos, porque näo há muitos estrangeiros por aqui... Ouviu-se piadas como "olha as cabras da Modrý düm (casa azul)" o que näo me afectou, para isso teriam de dizer "olha o cabräo da casa azul" o que näo foi o caso. Sentámo-nos e cá vai disto. Cerveja até fartar, porque aqui tens de "näo pedir", isto é, assim que acabas uma, a gorda que está servir às mesas espeta-te logo com outra antes que tenhas tempo de dizer "nazdravi"(é o brinde). A ideia é dizer näo quando eles recolhem o copo vazio. A mim näo me preocupou muito, quando näo quisesse, e se näo me fizesse entender, esticava o dedo médio e dizia "ne".
Após 5 pivo de meio litro (já tava com um certo pifo), Kristin ficou-se pelas 3 depois de ter passado a tarde a dizer, ah hoje vou beber até cair, e Cecile envergonha um gajo porque estava ali como nada se passasse enquanto eu acusava claramente a falta de treino e a mistura com Birls.
Depois de 4h que eu näo sei bem como passaram, e em que eu näo vi nem uma Checa boa (vi uma com um índice de fodibilidade de 8.5, o que de 0 a 20 é manifestamente pouco), nem täo pouco bebadas, (talvez se tivesse bebido mais um pouco a Checa passasse de um índice de 8,5 para um de 9,5 o que bem esticadinho... até brilha.), fomos para casa. Estava ainda mais frio, e eu estava mais desconcentrado, mas deu para chegar säo e salvo a casa, embora tivessemos perdido Cecile pelo caminho,
mas tudo acabou bem.
Bebi um cházinho enquanto ponderava Birls ou näo Birls eis a questäo, e fui-me deitar sem Birls porque já estava sonolento que chegasse.
Sonolento e tonto...

A aula de Checo

A manhä de Quinta foi muito semelhante à de Quarta:tetas, acabar de limpar o infocentrum, e demorar demasiado tempo a fazê-lo.
A tarde foi frenética, combinámos que iríamos ¨tratar" da casa e limpá-la de cima a baixo. Näo foi bem o que aconteceu mas estivemos perto. Começámos por tratar do meu quarto, porque todos achavam piada ao facto do Português ter um frio do caralho (já passa da meia-noite) e à noite manter o aquecimento no máximo enquanto dorme, mas o que é verdade é que o meu quarto tinha uma corrente de ar que näo há em nenhum outro dos quartos habitados. Portanto väo se rir ao caralho, e vamos lá ao meu quarto ver o que se passa.
Depois de irmos ao sótäo constatarmos que estava tudo isolado com fibra de vidro, Cecile sugeriu que era bem provável que fosse do espaço vazio do lado direito do meu quarto. Chamo-lhe espaço porque näo passa disso, um espaço que faz um ângulo agudo (ou esdrúxulo agora näo me recordo bem), entre a parede do meu quarto e o telhado. Esse espaço apanha frio como se se estivesse lá fora mas tinha também fibra de vidro na parede. Cecile puxou de uma cadeira e, empoleirando-se, viu que havia um espaço vazio entre a parede e o o tecto. Nenhum de nós tinha a certeza se era daquilo, mas fomos buscar fibra de vidro e tapámos todos os buracos passíveis de provocar corrente de ar no meu quarto.
Para quem näo conhece a fibra de vidro, digo-vos o que sei: é uma espécie de esponja que cheira e sabe a radioactividade e que, se vos toca, provoca-vos comichäo durante 2 horas. O grande cabräo que inventou isso havia de dormir todos os dias em cima disso, e quando morresse de cancro na pele ou algo do género, o seu caixäo, assim como o seu corpo, deveriam ser recheados de fibra de vidro. Aqui fica a minha sentida homenagem a esse filho de alguém que deveria ser estéril. (Só assumo que é um gajo porque é muito mais fixe "grande cabräo" que "grande cabra", além de agora ter sobre as cabras uma posiçäo diferente (a de ordenhamento)).
A limpeza foi logo depois disso, iria finalmente aspirar o meu quarto. Cheguei no Sábado, mas decidi que hoje é que era o dia para aspirar o pó que me faz, devido às alergias, borbulhas no cu e já agora, aspirar as 15 moscas que estavam, mortas, entre as portadas da minha janela (explicando, a janela é dupla, isto é, tem duas "coisas" para fechar, uma de dentro e outra de fora, e nesse espaço entre essas coisas há umas mosquitas mortas.)
Cecile lembrou-se, em boa hora, de Birls, para depois as limpezas serem uma alegria pegada.
Kristin näo alinha muito nos Birls, Cecile alinha em todos, e tem a iniciativa de os fazer. Embora ela pareça (e seja) da aldeia, tem o espírito mais aberto (e näo me refiro só aos Birls), do que Kristin e esta parece mais urbana (Vans nos pés, cabelo desalinhado e sou uma maluca, faz-me lembrar alguém bem mais velho, mesmo os amuos e tudo).
Birls no bucho, toma lá disto. Aspirei o meu quarto com tanto afinco (o Mampi gosta muito desta palavra), que no final estava rebentadíssimo, mas contente, porque além do meu quarto estar mais "meu" (meias no chäo, o caralho a sete e a nove mas sem pó), estava também mais quentinho, a fibra de vidro tinha dado resultado. Continuo a näo gostar do gajo mas o cabräo näo era (contando que está morto) assim täo parvo quanto isso.
O acto de escrever, irónicamente, retira-me assunto de escrita o que significa que, ou começo a falar sobre merdas que me vêm à cabeça, e aí teremos uma versäo virtual de Kama Sutra com algumas drogas à mistura, ou saio mais à rua para ver coisas para ter sobre que falar, o que implica escrever substancialmente menos, porque o tempo é dividido pelos 3 e há que ver mails, responder a eles e falar com pessoal mais chegado no msn. Veremos se teremos um, outro ou uma doce mescla dos dois...
Limpezas terminadas, fomos ao quintal arrumar umas tralhas (madeira espalhada, material dos trolhas espalhado, e coiso). Foi aí que finalmente conheci o homem atarracado que se deslocava perigosamente perto da casa da madeira na outra noite. Lubos, colega na quinta, uma espécie de facilitador, e um gajo muito porreiro (desconfio que ele e o Tunda conhecem-se bem...). Pavimentámos (com areia das obras) juntos a rua defronte de casa, porque estava lamacenta e em breve viriam cá pessoas para a peça, daí a arrumaçäo toda.
Todo partido voltei para casa, sentei-me ao computador... e chegou a nossa professora de Checo. Iria ter a minha primeira aula de Checo e confesso, nem pensei em Birls. Despachei (com muita pena) as conversas no msn... e voltei passado 5 minutos pois ela só me ensinou a pronunciar umas letras e deu-me um livro dizendo: vai lendo isto, eu volto no dia 6 de Janeiro, isto agora com o fim de ano e o natal tá muita fodido.
Ok, stora.

Quarta Feira

Depois do täo afamado manejo das tetas matinal, fiquei de limpar o infocentrum que é onde se fazem os workshops (venha aprender a ordenhar cabras e outros tais), os seminários, pequenas festas e até cocktails como aqueles do pessoal fino, mas sem bandejas de prata com pequenos amontoados de cocaína.
Varri-o com a intençäo de a seguir passar o chäo com uma esfregona com detergente da loiça, para dar aquele cheirinho a fresco e fofo. Graças ao inventivo ser humano, hoje em dia podes estar a varrer o chäo e de repente, alguém de quem gostas muito aparece no msn. Pöes-te a falar com ela e quando te apercebes, deixaste a esfregona para o dia seguinte.
Fui almoçar e tomei conhecimento de que a Kristin ia ter uma peça de fantoches na vila que fica a 8km, onde está também a estaçäo de comboios mais próxima. Eu e a Cecile ficámos de ir lá ter por volta das 16. Kristin foi às duas para os ensaios, e eu e Cecile fomos construir mais um pouco do estábulo. Marteladas, berbequins, pregos gigantes, fogo, cavalos e anöes. Um pandemónio.
Perto das 16 perguntei a Cecile se iríamos à cidade ou se ficávamos a construir mais um pouco do estábulo para depois manufacturar Birls e ficar com farinha Checa na cabeça, para um descanso mais descansado. Ela ficou a ponderar a situaçäo quando de repente algo de fantástico se passou: começou a chover. Decisäo tomada, alibi garantido, Birls pra carola.
Já pela noite dentro... às 20h, Kristin chegou, e para apaziguar um possível amuo, Cecile tinha feito uns päes no forno. Ficam já a saber que fazemos em casa päo daqueles grandes como do antigamente com nozes e outros frutos secos, queijo, fiambre, enfim, como aqui näo há bacalhau, temos 1001 maneiras de cozinhar päo. E ainda... um queijo de cabra que até arrepia as papilas gustativas e te faz salivar como um Säo Bernardo. Bem bom... Fora isso, foi o habitual, Birls (acabou-se tudo hoje, Sábado, 23 de Dezembro de 2006, RIP), e comidinha à base de farináceos, päo, bolachas que Kristin fez e bolachas caseiras que nos väo dando (ainda näo me calhou nenhuma space cookie mas näo perco a esperança, até porque o Tunda, da quinta do outro lado da aldeia, tem umas plantas engraçadas das quais em breve terei fotos. E alguns exemplares só pelo exotismo.) Banho, xixi e cama (esqueço-me sempre de lavar os dentes).

sábado, 23 de dezembro de 2006

Que grande Terça Feira, porra.

Ir às compras foi um fartote, as ruas säo-me diferentes e tudo me é estranho, assim como o facto de haver um supermercado em cada rua, numa vila pouco maior que o meu quarto.
No caminho para a vila íamos a ouvir uma rádio Checa (praí a radio Naesgróvia) e estavam a transmitir, surpreendentemente, músicas de Natal. Estava tudo normalíssimo, até eu ouvir a palavra "condom" duas vezes. A primeira sobressaltou-me ( do género: quésta merda??), a segunda pôs-me a olhar em volta em busca de um olhar de compreensäo, de alguém que me dissesse o que se passava, e o Petr diz-me muito calmo: sim estäo a falar da palavra preservativo. Atentem que näo estavam a falar de preservativos e sim da palavra preservativo, até se deram ao luxo de a pronunciar em francês. Estávamos portanto perante um programa de rádio que depois das musiquinhas de natal, se dedicava à dissecaçäo de palavras como: preservativo. Será que sou eu ou... Enfim
Marcámos o ponto de encontro e separámo-nos. Eu e elas pra um lado e o Petr pro outro.
Primeira paragem, o supermercado, o que näo inclui talho nem vegetais (aqui é tudo separadito, cheguei até a ver uma loja que apenas vendia lapis Hb2). Sem problemas é só agarrar nos produtos e levar para a caixa. Depois o talho. E é aí que tudo descamba. Embora consiga reconhecer muita carne a olho nu (principalmente quando é Checa), havia à volta 475 itens naquele talho que eu näo reconhecia.
Ora eu queria fazer um prato Tuga para o jantar da véspera do natal, e porque näo uma feijoada, sempre dá aquele ambiente täo típico, a familia reunida em volta da lareira e de repente o avô peida-se, a mäe bate palmas enquanto os putos se riem e peidam em alegre diversäo.
Avancei com a Cecile para o talho também ela näo reconhecendo grande parte dos produtos expostos. Isto pode näo parecer nada do outro mundo mas tentem comprar farinheira num sitio cheio de salsichas de toda a maneira e feitio (sim porque isto aqui peixe é mentira e a carne de porco dá para 957 tipos de salsichas diferentes.), onde vocês näo conseguem perguntar "onde está a farinheira", nem conseguem perceber o que dizem as etiquetas. Acabei por comprar o que me pareceu ser chouriço, mais umas carnes manhosas que para lá havia e que seja o que deus quiser, até porque ha-de estar tudo täo bebado que a única carne de que elas väo querer saber é o salpicäo do cozinheiro.
A loja de vegetais foi a puta da loucura, levamos metade da loja conosco e a mulher (que falava Inglês, o que me fez pensar "foda-se até que enfim") deu-nos umas bolachas muitas giras que nem chegaram ao carro.
Depois de meia hora ao frio à espera do Petr, fomos ainda a um último supermercado, para procurar por uma ou quatro garrafas de vinho de 5Ltrs para fazermos vinho quente, uma tradiçäo que os Checos adoptaram dos Alemäes. Uma espécie de sangria mas com um sabor muita merdoso. Se näo meto as unhas nisso depois näo o bebo. Näo encontrámos o vinho
mas demos de caras com um Indiano (ou monhé, como queiram) que nos disse: English? E eu repliquei: Näo oh estúpido, Portuguese. E ele: Portugalsky? E eu: foda-se acho que já falamos sobre isso, have you been there already? E como resposta obtive, além de aquele piscar de olhos intermitente que significa "desculpem mas de momento näo me é possível pensar" algo parecido com isto: aviubidéohredi? Percebi de imediato que estava perder o meu tempo, sorri educadamente e ala que lá vai ele.
Depois de comprar um gelado de pistachio (aí näo há disso), daqueles de pauzinho, fomos buscar uma pizza para a Sarka que estava trabalhar coitadinha. As duas miudas ainda foram tentar mais uma vez achar o vinho, o que fez com que, depois de eu e o Petr termos a pizza, nos perdessemos numa vila com 47m². Com o frio que estava... Ainda tive de ir procurá-las, o que implicou rodar sobre o meu eixo algumas vezes. Depois de ficar tonto elas lá apareceram e fomos para caselas. Ou seja, Birls...

Branca (n me refiro à túlia..).

Acordei hoje com a chamada "merda da ressaca"... Com direito a grego e tudo.
Abro aqui outra excepçäo na cronologia do blog para vos dizer apenas que por: 2,5ltrs de cerveja (e boa), um pacote de aperitivos salgados e um Camel, numa hospoda (pub) custou-me... 5 euritos. Inscriçöes abertas...

sexta-feira, 22 de dezembro de 2006

Terça Feira

Ainda durante o entusiasmante jogo da telhas, o Petr lembrou-se de queimar umas coisitas que para lá tinha. Dentro do celeiro, onde estavam as duas meninas, uma a escolher as telhas e outra a lançar-mas, (a lançar-mas estava a Alemä, ia com um andamento tal que às tantas me lançou uma telha que, só por graça de näo sei de quem, näo me desfez o crânio. P..., assustou-me mesmo.) começou a ficar um fumo tal que eu pensei se näo estaria ali reunido o Clube Birls. Enquanto que eu, cá em baixo, ia apanhando as telhas, enquanto bebia jedno pivo da Eslováquia, elas agonizavam lá em cima, apanhando um tipo diferente de doenças respiratórias em cada golfada de ar. Näo pude evitar um sorriso...
Depois de almoço ficamos de ir às compras para o Natal (ah pois é, granda jantarada com menu by Chef Tuga, BIRLS e gajas que nunca vi na minha vida e väo beber vodka e vinho como se o amanhä fosse uma miragem. A todos um Bom Natal...). No dia anterior, tive o meu primeiro problema chato para resolver (isto a propósito das compras). Ficámos de fazer a lista de compras, e a Kristin estava toda rota e só estava à espera que fizessemos a lista para ir dormir(pelo menos é o que penso). Ora eu e a Cecile tinhamos ido fazer Birls e estavamos a fazer a lista (só por curiosidade, a lista estava a ser feita numa mescla de 5 línguas, pois a lista teria de ser em Checo, nós íamo-nos entender em Inglês, havia itens que eu queria dos quais o nome era parecido ao Francês, e vice versa e a Kristin ia dizendo os nomes em Alemäo só pela diversäo), sem muito sucesso pois eu a Cecile, derivado dos Birls, começavamos em longas conversas sobre as palavras que se iam dizendo. Depois de longos (ou largos? Birls...) minutos, eu disse: eh pah näo vamos os três às compras? (Elas- Sim e entäo?) Entäo foda-se quando lá chegarmos vê-se o que é que há.
Kristin levantou-se intempestivamente e sem emitir um único som, eu ouvi: grandes filhos de uma grande puta, eu aqui cheia de sono, vocês a discutir se era salsicha ou salxixa, e agora é isto?? oh com um granda caralho. E foi para o quarto, ignorando-me por completo enquanto eu perguntava em bom Português: entäo sua vaca??( é mentira mas tinha a sua piada....)
Sanou-se logo tudo na manhä seguinte, enquanto escolhíamos telhas, disse-me: ah é natal, tou nervosa e coiso... abafei o meu pensamento "precisas é de uma frankfurter" e disse-lhe muito querido: olha mas quando estiveres com algum tipo de problema, sente-te mais que à vontade para desabafar, visto que vou estar aqui contigo nove meses (e tu nem és boa) este tipo de situaçöes näo traz nada de bom. E pronto.

As compras ficam para depois, hoje é sexta, aqui vai-se ao pub às 20h para apanhar lugar (enfim...) e eu quero ver umas Checas bêbadas...

Uma fotozita...


Esta é a sala de estar, de comer e de manufacturar os Birls, à direita(näo se vê mas existe) há um fogäo que serve tanto para aquecer a sala e a cama por cima do fogäo(a foto virá...), como para cozinhar. Tudo muito prático portanto.
Entäo na terça, lá continuei o jogo das telhas por um pouco, mas desta vez também havia a selecçäo de telhas. As telhas estavam ao monte no andar superior do celeiro em frente à futura casa do Petr. O objectivo era escolher as telhas que estivessem boas sem cair num dos muitos buracos que davam para o andar térreo. Como podem ver, a adrenalina por aqui é uma constante.

Insónia... °

Queria fazer um poema, mas só me lembrei de Ausónia... E isso ia dar merda. Ou sangue...
Näo consigo dormir, talvez tivesse sido do litro e meio de café que bebi à tardinha... Há uma explicaçäo lógica, dependendo da perspectiva, para uma quantidade täo exorbitante de café. Vou abrir uma excepçäo para vos falar do dia de hoje.
Eles cá têm café em pó ao pontapé, e näo me refiro ao Pensal e ao Mokando e essas merdas (agora sou bem capaz de distribuir ordinarices gratuitamente, amanhä vou acordar às 7:30 e ainda aqui ando...) , porque essas merdas têm por volta de 20% por cento apenas de café, tendo maior quantidade de cevada, o que näo dá estrica nenhuma. Para näo variar, estava cheio de sono desde que acordei (sai de mim La Palisse), e por volta das 16, decidi fazer um café. O café näo é mau, bate e tudo, mas tem um problema: tem borras até ao caralho e é um costume Checo levantarem-se às seis da manhä para beber o seu café Checo às oito, altura em que as putas das borras já teräo assentado. Por andar farto de andar a beber café que parece que tem pintelhos, visto que a maior parte do tempo um gajo só tá a cuspir em seco, decidi fazer um canecäo de café para depois o filtrar com paciência, amor e compreensäo, fazendo assim um investimento a médio prazo, pois teria café para 2 ou 3 dias. Assim o fiz mas quando acabei achei que seria uma seca do caralho (é fantástico o que uma palavra "proibida" pode fazer para te aliviar a rabugice. Se eu teclasse caraças em vez de caralho näo teria nem metade da satisfaçäo) estar a reaquecer o café dia sim, dia também. Caguei de alto para o investimento e gastei as chapas todas de rajada, bebendo devagarinho (enquanto ouvia Beth Gibbons e lavava a loiça), o meu café coadinho, mesmo bom... A merda é que agora deito-me e fico acordado sem pensar em grande coisa, o que é uma tristeza, convenhamos. Toca de chafurdar no ecrä às 2:41 da manhä...

Aquela bolinha no título (e näo "aquela merda ali" como lhe chamariam 95% dos Portugueses) é uma daquelas bolinhas que apareciam no canal 18, o que indica que este post é para adultos, ou crianças supervisionadas pelos acima mencionados. É para depois näo virem com merdas do género: ah o cabräo näo avisou, havia de levar uma marrada da cabra amanhä.

Bem, acho que jä dá para passar pelas brasas...

quinta-feira, 21 de dezembro de 2006

A"Escola"

Até que enfim que vos dou o prazer de vos mostrar onde estou...

Segunda de manhä, depois das cabras e do pequeno almoço (rigidamente por esta ordem, entrar num estábulo com aquele cheirinho depois do pequeno-almoço näo está ao alcance de muita gente), fomos à escola, fazer bolachas com os Chequinhos (9 anitos).

Foi a coisa que mais prazer me deu fazer desde que cá estou, pois embora näo fale Checo, as minhas parceiras falam o suficiente para se fazerem entender. No princípio, entrei meio receoso, sorria, os putos cochichavam entre eles (täo giros), mas lentamente foram-se habituando à presença do tipo de pele escura que estava defronte deles, e foi um ápice que comecei falar com eles. tudo começou quando ouvi a palavra "farinha" em Checo: mouka, o que me recordou uma palavra Portuguesa que significa:alterado através de estupefacientes meio ilícitos (sim, meio, a lei é parecida à lei do fora de jogo no futebol, está lá tudo mas... näo se sabe ao certo o quê). Comecei a pronunciá-la em tom jocoso e eles, além de se aperceberem que algo de errado se passava, em breve se reúniriam todos à minha volta para eu lhes fazer aquela brincadeira de, apenas com as mäos, fingir que lhes partia um ovo na cabeça. Surpreendentemente, muitos deles falavam umas frases de Inglês, o muito básico mas deu para interagir com eles, que foi numa das razöes que me trouxe a esta aldeia pacata e fria como o raio que a parta. Foi portanto uma manhä muito divertida, ri-me bastante com os putos e fiquei felicíssimo pela reacçäo positiva que eles tiveram.

A título de esclarecimento: aqui sou täo escuro (tenho uma tez normalíssima, mas eles aqui säo como que polares, tipo os ursos), que fui convidado para fazer de Rei Mago Baltazar (o preto, se alguém tiver dúvidas) na peça de teatro que aqui vamos ter para a comunidade. A mim só me dá para rir... espero que ainda tenha Birls... Aqui vai uma foto do "museu", onde vai decorrer a peça.
Aproveito também para vos dizer que a escola näo é de facto uma escola, já foi, e agora o espaço é aproveitado para, além de escritório da Quinta, actividades com os miudos, seminários, armazém (de muitas coisas, incluindo congelados, numa arca que lá há) e é onde está a máquina de lavar. Pois é, para lavar a roupa é favor seguir até ao fundo da rua e depois lembrares-te que a lá deixaste pois ela adquire um cheiro que nós, os Tugas täo carinhosamente apelidam de: Mofo. Por isso há aquele slogan: se fores lavar a roupa, nada de abusar nos Birls.

O que deve ficar disto tudo é que a escola é assim chamada por ter sido uma.

O resto da tarde jogámos a um jogo muito giro que se chama: Apanha Telhas Vindas De Uma Altura De 3m e Fode As Costas Todas. Gostava de partilhar que foram pelo menos (arredondado por baixo...) 900. Sééério. Ainda me doem as costas, estou a fazer terapia de Birls mas ainda näo passou...

Antes disso (ai esta cabeça) fiz uma coisa que näo me via a fazer nem por nada: passei uma cabra pela trela, num passeio de uma hora, ida e volta. Foi... diferente. Fomos, eu e a Kristin, à quinta dum senhor chamado Tunda, porque era onde a cabra estava (parece que estou a falar da tutora...). Fomos buscá-la e lá fui eu e a cabra, qual cäo, pela trela. Foi, como já referi, diferente. pelo caminho vi um veado. É pena näo poder usar pontos de exclamaçäo (näo sei porquê) porque agora vinha a calhar... Mesmo à minha frente, a atravessar a estrada. Fiquei maravilhado. Acho que até soltei um gás...

À noite, näo muda muito... Cerveja e Birls (pras costas, pois entäo).


Fotos? Espero que sim...

Isto é o que eu vejo quando abro a porta de casa... É para onde me dirijo para brincar com as tetas das cabritinhas enquanto lhes tiro o leite. Bem sei que isto me reduz aos vossos olhos, mas enquanto vocês bebem desse leite de pacote ranhoso, eu bebo-o directamente do produtor. Isto é como a droga, quantos menos intermediários melhor.


E isto é o que eu vejo ao sair de casa e virando à esquerda. Este é um local importante na Quinta pois é aqui que os Birls säo derretidos (isto é só truques para alguém mais distraído perguntar-se. Ah o que seräo Birls...?). Atrás da árvore podem ver a casa da madeira, à direita está um trolha a arranjar o telhado do que será, para além de um novo estábulo(aqui até as cabras fazem mudanças), parte do celeiro da futura casa do Petr.

Houve um episódio engraçado na casa actual do Petr(devido aos Birls a minha memória já näo é o que era, por isso este diário, crónica, relato ou o c... quiserem vai servido no sistema de encadeamento, volta e meia há que voltar atrás). Quando chegámos para almoçar a bela sopinha, entrámos por um portäozito e havia uma casa à direita e um celeiro à esquerda. Ele entrou para o celeiro, descalçou-se e convidou-me a fazer o mesmo. Eu viro-me e digo: entäo mas vocês almoçam no celeiro? E ele: näo, aquilo é a casa do vizinho, nós moramos aqui... (Boa miudo, pede pra cagar e sai...)

Coisas Novas

A casita é catita näo é? Eu cá acho que sim.
Continuando o tour iniciado ontem, do lado direito da casa de madeira há uma espécie de armazém (eu chamo-lhe armazém porque sou um porreiro), onde a única coisa que lá está para além de feno para as cabras e ovelha, é uma pele de ovelha que está a secar, ou a curtir, näo sei como lhe chamam, embora näo veja a curtiçäo de esfolar uma ovelha. É uma daquelas coisas do campo que existem, é assim e pronto, mas com as quais nunca serei compatível. O que me fez lembrar disto:

Vegans, (sim cabeludo, gostava de um comentário teu...) ajudem-me a compreender isto:
alguns de vocěs, näo sei se todos, säo vegans porque, ai coitadinho dos animais, é mau fazer dói-dói. Até aqui estou com vocěs, mas fiquei a saber que näo ordenharmos as cabras, faz-lhes dói-dói. Em que ficamos? Got milk? Bebam leite pá... mas só de animais femininos ok?

continuando...
Se seguirmos pelo lado esquerdo da casa de madeira, temos um caminho, e à esquerda desse caminho temos um espaço para plantarmos o que quisermos (hmmmm...), se bem que com este frio, só se tentar germinar um Magnum. Prosseguindo, temos duas ovelhas num espaço cercado por arames e do lado oposto, um cavalo, pertencente ao vizinho, cercado por uma vedaçäo electrificada (pelo menos é o que lá diz...), o que para mim é bizarro (city boy...). Logo em frente à casa aqui publicada em foto, há 2 estábulos no mesmo "edifício", um deles em fase de construçäo, o outro com 6 cabras e alguns trezentos gatos(säo 7 prai) cujo telhado está a ser arranjado pelos famigerados trolhas. Em breve haverá mais fotos, se tudo correr bem e por isso chega de descriçöes.
Ao cair da noite, ou seja, 16:00, Fui à escola recolher o dinheiro do měs (o supra mencionado, mas näo aqui, pocket-money). Muito gostamos nós de estrangeirismos... Ir à escola, foi do caraças (vou-me deixar destas cenas de"foi do caralho, é do caralho e com um caralho ou dois" parece mal assim escrito). Sabia a dire(c)çäo (toma lá Edite Estrela) e ia jurar que sabia que edifício era. Chegado às imediaçöes do sitio, constatei que havia dois edifícios, ambos com poucas luzes acesas o que me fez ficar bem à toa... Bem à toa mesmo. Entrei no que tinha mais ar de escola (o que me fez lembrar das Enxadas Cortantes, aquele filme em que um gajo perdido é assassinado por um agricultor furioso pela invasäo do seu espaço), e fui lentamente penetrando... näo sei bem onde. A entrada para o jardim nem parecia uma entrada, e lembrem-se que já era de noite. Entrei na casa em questäo e fui avançando, já com a certeza de que estava na escola. Deparei-me com outro problema: onde estava o Petr? Porra teria isto de ser täo complicado?? Finalmente dei com ele numa divisäo que funcionava como escritório, assim como o portal de contacto com a civizaçäo. Regressei a casa e esperei até chegarem as duas miudas com quem vou partilhar a casa durante 9 meses, visto que elas estäo cá à 3 e eu ficarei cá um ano, recebendo eu os outros voluntários que viräo depois. Näo era mal pensado serem assim umas tesudas ninfomaníacas mas isso é o Natal a puxar por mim...
Lá chegaram as 2 meninas.
Cecile, Francesa, 19 anos, 1,63m, longe de ser gorda, longe de ser magra, bem disposta e sempre de mangas arregaçadas, näo temendo berbequins, martelos, tábuas e barrotes. Veio de uma aldeia ainda mais pequena que esta (que tem 145 pessoas),portanto, isto para ela parece Las Vegas.
E Kristin, tb 19 anos, Alemä, e como Alemä que se preze, 1,80m. Magra, com a cara em reparaçöes, e com o cabelo curto, espetado. Näo me lembro de onde ela veio, embora conheça uma piada que explica de onde ela veio. Sei que é membro do esquadräo de bombeiros lá do bairro, o que já lhe dá um calo considerável na arte de manejar a mangueira, e tem uma irmä jeitosa que há de vir cá visitá-la. Pergunto-me se a irmä näo quererá fazer um estágio de manejo de mangueiras.
Provavelmente, muitos se perguntaräo: será que elas säo boas? Papáveis? Qual será o índice de fodibilidade? Sim porque os homens säo muita porcos, às vezes. Vou-vos esclarecer: Digamos que a Francesa é papável se eu ficar aqui à míngua durante este ano. E só se ficar à míngua durante um ano.
Apresentaçöes feitas, fomos jantar. Durante o jantar eu só pensava: tenho de lhes falar dos Birls. Acabámos de jantar e tava a faltar o Digestivo... E eu näo vou de modas, chamo-lhes a atençäo e digo, ah sabem que eu, Birls e coiso, e elas, olha por acaso deram-nos isto em Praga. e o que lhes deram em Praga? Um Birls doutros tipos, mais natural... e uma quantidade gigante, tendo em conta que foi oferecido. Fiquei extasiado...
Resultado, a seguir ao jantar, Birls doutros tipos e 3 ltrs de cerveja Checa... (é boa, pá).
Pode-se dizer que foi a loucura instalada...

quarta-feira, 20 de dezembro de 2006

Que bela foto...


DOMINGO


Acordei era meio dia... desci todo enevoado, fui até à cozinha comer, e depois fiquei a contar quantos pregos havia num frasco de 2Ltrs. É tanga, mas a merda é a mesma pois näo fiz a ponta, excepto dar uma volta pela quinta com a Sarka (já disse que näo, porra) que me mostrou (ai as fotos... em breve, prometo) a casa logo ao lado da minha, que inclui um museu (acredito que muitos se väo cagar a rir) e uma cave que serve de dispensa, pois a temperatura média registada é semelhante à de um frigorífico... e está cheia de compotas de montes de frutas, vinhaça daquela que arranha, e mais umas coisas que eu ainda vou descobrir (ia jurar que um dos frascos estava cheio de formol). Saindo desse “edifício” e virando ligeiramente à esquerda, depois de 5 passos chegamos à casa da madeira, onde está um cäo que um paneleiro de um Eslovaco (ou será Esloboi?) cá deixou. Uma ternura de animal digo-vos eu.
Aqui väo umas fotos, finalmente...
É só uma porque demora anos a carrega-la pra cima... Amanhä se se portarem bem há mais fotos.

A Quinta

No Sábado de manhã acordei cedo, queria chegar à Quinta um pouco antes da hora do almocinho (um velho truque da escola dos colas). A tutora tinha combinado comigo que iríamos juntos, pois assim seria mais confortável para mim. Ainda nem tinha aberto a pestana como deve ser e já ela me dizia: eu escrevo-te um plano de viagem e vais sozinho, não terás dificuldade em lá chegar, e eles já sabem que estás a caminho é só chegares e está feito. Pensei logo: ai que puuuuuta.
Abro aqui este parágrafo para vos esclarecer um pouco. Conheci a tutora em Junho num seminário, aquilo durou 5 dias e lá para o final rolou aí um clima. Ela ficou mais 1 dia, levei-a a Sintra (sabes bem, malandro...), e lá se foi ela. Sou um gajo bem disposto por natureza, tudo por uma boa gargalhada, gosto de rir e fazer rir os outros, assim uma espécie de dinamizador da judiaria, e nestes encontros cheios de malta desconhecida e, até agora, uns porreiros, excedo-me. É diferente receber e ser recebido, e ela talvez pensasse que eu, ao chegar a Praga, fosse capaz das maiores atrocidades, desde engolir espadas a partir tocos de madeira com as nádegas, e seria a puta da loucura. Não foi isso que aconteceu, não cheguei bem com aquela vontade de rir, ou de fazer rir, talvez ela tenha ficado desiludida, o que é certo é que foi estranho para ambos. Se vos conto isto, é porque gosto de vocês.
Merda para a tutora, vivam as quecas a recibo verde.


Chegar à Gare Central não foi nada complicado, nem paguei metro nem nada (Tuga que se preze burla tudo por onde passa, é uma coisa “patriótica”), comprar o bilhete dizendo o nome, que mais pareceu que estava a puxar uma escarra verdinha, também näo.
Depois de comprar o bilhete, constatei que tinha dez minutos para comer algo e apanhar o comboio que, embora soubesse que partia da linha 2, teria alguma dificuldade em encontrar. Entrei numa espécie de mini-mercado para o viajante com fome, e agarrei na primeira sandes que me pareceu boa e de seguida fui buscar um iogurte liquido (escrevo de seguida mas ainda anhei* ali que nem um campeão).
Dirigi-me à plataforma, tendo que perguntar a um grupo de miúdos, e a uma revisora de aspecto... opulento, se estaria no comboio certo. Estava.
A viagem foi agradável, era um daqueles comboios que todos já vimos na televisão, com compartimentos, alguns deles com camas e outros com sofás. São diferentes daqueles a que estou habituado, até porque não estão pintados a spray por fora. Procurei um compartimento vazio, só notando praí ao vigésimo nono compartimento que talvez tivesse que compartilhar um compartimento com alguém (o Queiroz d’Os Maias é que gostava muito de aliterações...), e assim que vi um mais vazio entrei. Lá dentro estava, para além de dois Checos sem motivo de interesse, uma daquelas loiras com cara de quem está a chupar um limão à meia hora. As paisagens que se viam do comboio eram todas algo semelhantes, lindas e recheadas de árvores, reparei até que havia pessoas a fazer uma caminhada, e digo-vos que seria uma longa caminhada, pois, que eu visse, não havia casas por perto. Reparei que a senhora de cabelo oxigenado estava a ler uma série de frases e palavras Inglesas, todas elas traduzidas para Checo. Decidi puxar do meu livrinho de frases e palavras Checas, todas elas traduzidas para Inglês, sugerindo à senhora que deveríamos trocar línguas. Como nada se sucedeu, fui dormitando, sempre receoso de adormecer à séria, porque poderia ir parar à Eslováquia (hmmmm...). Registe-se que a linha pela qual o comboio viajava é Internacional, havia comboios até Hamburgo e tudo. Sensacional...
Cheguei e, sem espanto nenhum (gajas...), não estava ninguém na gare. A tutora tinha-me dado um papel com uns números de telefone, um deles pertencia a Petr Külicek, que eu sabia ser o “gerente” da Quinta. Depois de uma conversa algo confusa ao telefone, esperei 20 minutos (embora fosse capaz de jurar a pés juntos que tinha sido uma hora). Lá apareceu o Petr, um jovem na casa dos 30, com um ar... de gajo da quinta, mas muito acessível e comunicativo. No carro começou logo com piadas pessoais do género: ah, sabes gosto muito de levar no rabo porque cá faz frio. É um doido... deixando-me de coisas, é um tipo impecável, em breve porei aqui uma foto dele só para a galhofa.
Fomos ao supermercado local, onde ele me disse que devia fazer compras para o jantar e para o dia inteiro de amanhã, pois iría almoçar em casa dele (vêm?). Completamente à toa, acedi ao que ele disse e de pronto fui buscar itens para comer uns belos píteus, ou näo fosse eu um cozinheiro de metade de uma mäo cheia. Os iogurtes que se comem por aqui säo feitos na cidade onde se compram, é um motivo de orgulho local, e eu concordo pois os sacainas dos iogurtes são mesmo bons. Fomos para casa ao som de Mozart, aquele gajo que pertencia a um Wolfgang de Amadeus, porque se comemora (celebra? o quê, se o gajo tá morto?) o aniversário da sua morte, e como o rapaz teve a audácia de passar por aqui, as rádios dedicam-se muito à sua música. A viagem foi curta e rapidamente chegámos a casa dele, onde nos esperava a sua mulher, Sarka (não vou entrar por aí, há que ter respeito e... não), e uma sopa que nunca tinha sido comida. A sopa consistia, se é que percebi bem, em: levedura de pão, cogumelos, batata e... pão. Tirarei isto a limpo mais tarde, pois a sopa, além de vegetariana (não é o meu caso mas dá sempre jeito para engatar gajas, estas receitas) era muito boa. Ía mesmo bem com um bom pedaço de päo.
Finalmente ia conhecer o meu destino durante um ano, o meu albergue, a minha casa, o meu lar, o meu tecto, a minhaszzzzzzz... Desculpem, adormeci. Se à nora estava, mais à nora fiquei, porque o Petr mostrou-me como funcionava o aquecimento central, o aquecimento do meu quarto, onde eram e o que eram as divisões e despediu-se com um adeus e até amanhã.
Quê? Como? Desculpa? Hãããããã?????? Então mas vou ficar sozinho na casa até
amanhã à noite? Mas...
Calma, também não era motivo para meter os dedos no rego e esfregar com eles a bola de cotão que sempre encontro para me acalmar quando estou nervoso. Estava sozinho? Sim, mas tinha comida, internet e Birls... Pfff, tranquilíssimo.
Depois de encher o forno do aquecimento central com madeira até näo dar mais, fui conhecer os cantos à casa (vai haver fotos, tive um pequeno problema) e ambientei-me. Comer, Internet e pimba, Birls e Net de novo. Não consegui encontrar o msn, nem carregá-lo para baixo, e por isso decidi ir ver os meus mails e enviar uns do género: já cheguei estou bem, e para além da tutora não, ainda não representei a malta dos Casais.
Comecei a responder ao mail de uma querida amiga minha, quando a net foi com o cacete (estar sempre a escrever caralho já parece mal). E näo mais entrei no meu mail nessa noite. De repente ocorreu-me que talvez algum cabräo d’algum puto com uns programas a mais no computador me tivesse desviado a password , para ficar com os contactos das minhas lindas amigas. E era muito mau se assim fosse porque iria de ficar sem todos os meus contactos de Portugal, e ainda agoniei que nem um porco na matança, enquanto o computador me respondia: password inválida e eu respondia: se apanho o filha da puta corto-lhe quatro ou dez deditos.
Rapidamente fiquei exaltado e nem com um Birls me acalmei, por isso fiz outro só para ver como era. Sentei-me na sala a olhar para o vazio, enquanto me queixava de ter demorado 20 minutos a fazer a mala, pois só tinha trazido daqueles álbuns que vêm com uma lâmina para cortar os pulsos. Digamos que não era a música que mais me apetecia. Fui salvo por um cd dos Placebo, homónimo, que sempre deu para me distrair, também pela decisão de escrever este “diário” que é, e será sempre, além de um método de escape à depressão (isso e os Birls), uma maneira de, quem quiser, ficar a saber, mais ou menos... o que ando a fazer.
Escrevi até mais não (foi mesmo assim, eu a escrever e a pensar: mais não, mais não), e fui nanar...

NEVE

Pois é, está a nevar desde as 9h... Não é aquela neve que fecha escolas mas para mim... hmmmmmmmm, que bom, e é tão bonito... sinto-me täo abichanado... Ai ai.


Nunca tinha visto nevar ok?? Deixem-me...
Agora tenho de varrer a casa... Logo haverá mais cenas másculas e viris.

segunda-feira, 18 de dezembro de 2006

Praga... que bela cidade

Bem, quanto a dissertações sobre as meninas, esqueçam, e se eu vos escrevo esqueçam, é porque por agora não vale a pena. Tendo começado isto tarde e a más horas, há que recuperar o tempo perdido, não vá um Birls daqueles do buf (um dia hei de saber o que isto quer dizer... e como se escreve) retraçar-me as recordações de meia semana atrás. (repararam como os c de cedilha dão outra magia ao texto?)
(abro aqui outros parêntesis, apenas para informar que com as jovens meninas vinham Doutros Tipos, Birls Doutros Tipos. hmmm...)

Portanto, de volta a Praga.

No dia seguinte, foi tudo muito parecido, passear por Praga, Birls e coiso (entendam por coiso o que bem entenderem mas não é nada pornográfico). Ao final da tarde, fiquei de me encontrar com a tutora na Biblioteca, que ficava depois da saída daquela ponte com os cromos barrocos, numa náměstí chamada Marianské. Ponho os nomes não para vos maçar, mas sim para vocês lerem o que eu leio aqui.
Cheguei à biblioteca meia hora mais cedo do que o combinado, por isso, depois de andar pela biblioteca com ar de quem sabe o que quer, fui ter com a bibliotecária de serviço, uma mulher com cara de "para sempre espantada", que por momentos me fez acreditar naquela história do sangue latino e me fez criar o filme "bibliotecárias fogosas", e perguntei-lhe, em Inglês, se tinha algum livro Português, ou algo traduzido para Português ou ainda, algo que eu, sendo Portuguěs, pudesse ler.
Apontou-me uma prateleira com, digamos, 9 livros. Escolhi o que me pareceu mais indicado para alguém que tinha dado nos Birls, um livro com desenhos... e uns textos sobre Lisboa a acompanhar, penso eu.
Li o livro com algum interesse durante meia hora e, calculando que a tutora devia estar a chegar, fui saltando páginas aleatoriamente até chegar ao fim. Levantei-me, fui para a saída e por lá fiquei, mais de 45 minutos, e a puta do caralho nunca mais vinha...
Tentem só visualizar alguém a agonizar no hall de uma biblioteca, rodeado por palavras que não conhece, mesmo se quisesse ir cagar teria de pedir ajuda, pois os Checos por serem "patrióticos" usam os termos "dámi" e "páni" para diferenciar as casas de banho por género. "Dámi", de facto é parecido com dama, e facilmente o relacionaríamos com a casa de banho das Senhoras, mas quereriam vocês arranjar confusão porque se meteram na casa de banho errada, num país onde só sabem comunicar abanando as ancas? Eu não.
Passado uns largos tempos, em que a minha diversão foi ver no dicionário as palavras que me rodeavam, ela chegou. Entregou os livros que tinha a entregar e fui informado de que hoje iríamos sair com os amigos dela. Por mim tudo bem, eu queria era farra, estava em Praga para isso mesmo...

Encontrámos-nos com os amigos dela, que incluía 2 rapazes e 2 raparigas. Soube que não havia ali "casalinhos" quando a melhor amiga dela, não me lembro do nome, se encosta a mim e diz-me isto(e lembrem-se que foi em Inglês): estou muito excitada hoje porque me zanguei com o meu namorado.
Mau. Assim é demasiado estranho, desculpem, mas para mim tem que haver um "olá, tás bom eu sou a Vulvanova e tu, quem és?"
Ah, e a outra näo me parece que fosse do tipo de gostar de homens...
Fomos a um bar onde se faziam Birls sem problemas, o que muito me agradou. A tutora pediu-me para lhe pedir um Grog. A 1° imagem que me veio foi a de alguém a vomitar, por isso fiquei-me por uma cerveja "jedno pivo" e lá fui eu sentar-me com os meus amigos Checos. Lá dentro foi divertido, porque o Artur (suspeito que cá não se escreve assim) parecia ter pouca resistěncia ao Birls e como falava muito pouco Inglês, fartei-me de rir com ele. O Birls vai para além das barreiras de comunicação... Ao sairmos do bar já foi diferente, consegui falar com eles todos.
Vou tentar ser quão claro quanto conciso qunato aos diálogos: a melhor amiga dela, depois da 1°cena arrepiante, disse-me que o namorado, malandro, fugiu e roubou-lhe a marijuana toda. Questionei-me se não faria o mesmo...
O tal Artur só me perguntou, naquele Inglěs macarrónico, se eu conhecia o étimo latino de "voluntário". Oh Artur, deixa só que te diga isto: estou a 3000 km de casa, sou novo num país onde sei que vou passar um ano, quero é... não sei, conhecer pessoas, divertir-me com elas, estar em sítios onde haja mais pessoas que eu possa conhecer, e tu num bar com umas pinturas amarelas da queimadice, perguntas-me se conheço o étimo latino de "voluntário"?? Vai mamá-lo oh Artur...
Falta falar do outro rapazito lá presente, cujo nome pode ser Smolarek se quiserem... Esse depois de me dizer que eu era uma espécie de lunático, perguntou-me também se eu era niilista ou pós-modernista. Na minha terra há os freaks e os betos oh Smolarek, se quiseres podes ir com o Artur... Estes gajos não podem fazer um Birls ficam logo com ideias do género: eehh é tudo feito com moléculas? Então somos todos moléculas? Então estamos todos interligados... uauuu.... O resto do tempo, e ainda foi bastante, foi levar com Checo a torto e a direito, restando-me olhar para os edifícios. Ainda tive a felicidade de me cruzar com uma das Americanas, com quem falei, o que deu azo ao mito que é a pergunta: Conheces? Pensava que isso era uma coisa muito nossa...
Depois de ficarmos uma hora em frente a um sítio, onde se pagava entrada, o que ninguém queria, a fazer um Birls de outros tipos, a tutora decidiu que estava na hora, sugerindo que eu ficasse com eles. Deves...
Fui com ela até casa, e estávamos para dormir quando... pois, aconteceu de novo. Só que, desta vez, com umas nuances, e oh que nuances.
Passou-se, na minha opinião. Talvez tenha sido a falta de comunicação que deu cabo dela, não sei. O que sei é que não se faz a um gajo o que ela fez a mim... Porque um gajo depois dorme mal. Porra.
Amanhã é dia de acordar cedo outra vez... Ordenhar as cabras e ver o que há para fazer. E há de certeza algo que fazer. Em breve contarei mais sobre onde me encontro mas quero deixar estes episódios de Praga registados.

Boas noites... e até amanhä.

ps: há certas pessoas de quem sinto muita falta...
ps2: viram o título? Que moca...

domingo, 17 de dezembro de 2006

Praga de novo

Voltemos a Praga.
A tutora tinha sempre planos para a noite, ainda que metade deles tenham sido flops, outros houve em que houve pofs. Houve uma noite em que ela tinha um encontro com pessoas que também queriam fazer o voluntariado, e eu acedi em acompanhá-la.
Chegados ao escritório, esperámos um pouco, e por culpa dos Birls ela não sabia muito bem como havia de fazer aquilo. Nisto, lá chegaram as pessoas: um único jovem que queria fazer voluntariado na Islândia. Lá falaram o que tinham a falar e ainda ficámos no escritório, eu no msn, ela no raio que a parta, umas 2h. Estava esfomeado quando saímos do escritório, as únicas coisas abertas eram "casas" de aparência dúbia. Tinha fome mas não tanta. Entretanto, o eléctrico para casa passou perto de nós e nem foi preciso falarmos, trocámos um rápido olhar e desatamos a correr para o eléctrico, decidindo automaticamente que umas torradas e umas cervejas dariam um verdadeiro jantar dos campeões.
Depois de comer umas torradas com queijo, abrir uma garrafa de vinho e beber umas cervejas, voltámos a comunicar na linguagem universal. Isto tornou-se estranho porque era de facto a única altura em que comunicávamos, porque de resto mal falávamos um com outro. Talvez porque tenhamos passado 6 meses a falar um com o outro e, de certo modo, expectantes pelo reencontro. Ou talvez não haja motivo nenhum em particular... Tenho 2 novidades: 1°- as meninas já chegaram e vamos ter de confraternizar, e 2°- já tenho ç... abençoada sejas, Kristin.
E agora... arrumar a cozinha e fazer a janta.

Colóquio sobre a madeira

Isto é que é a verdadeira vida na aldeia, de ir buscar madeira para o resto da noite e já estar escuro como breu (nunca percebi isto do "breu"). Aqui, por esta altura do ano, lancha-se já de noite, por volta das 16:30... E lá fora não há luz, se não tivesse uma lanterna toda catita no meu telemóvel (o ser humano é mesmo inventivo pá) , sinceramente não sei como havia de ir buscar a madeira.
Nota mental: Lembrar de ir buscar madeira antes de escurecer, ou então não fazer um Birls (embora prefira txitxo) antes de a ir buscar.
Saí de casa para ir buscar a madeira e estava alguém, que não um trolha, dentro da casa em frente. Sabendo eu que os trolhas já cá não estavam, vacilei.
(Em breve colocarei fotos de onde me encontro, mas por agora, deixem a vossa mente flutuar a esse respeito. Está escuro, o ar está carregado de humidade, lembrem-se que aqui ninguém fala Inglês, eu não falo Checo e torna-se uma aventura abordar alguém nestes preparos, podendo ser trespassado por uma enxada.)
Portanto, estava alguém dentro da casa em obras, tinha uma luz e tudo, e eu tinha de sair de casa, ir até ao celeiro, buscar madeira e voltar carregado com a dita cuja para casa, sem ser assassinado a 3000km de casa. Ao regressar, vi que era um homem algo anafado, calvo, e baixinho. Num filme de comédia, seria uma personagem irrelevante no enredo, mas que quando surgia provocava sempre risos na plateia. Num filme de terror, ele seria o serial killer que estropiou 14 vítimas e enterrou-as todas num sítio em obras em frente a uma casa onde só está um Português.
Chega de filmes, fui e vim e embora tivesse que ter lá voltado para ir buscar mais madeira, sobrevivi e não fui mutilado nem sodomizado. Mas fica o cagaço..