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quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

É Quarta

mas eu ia jurar que era sexta.
Finalmente dormi. O corpo não aguentava tanta carência de sono, e dormi 10 horas de rajada. Com mais meia hora de ronha... parecia que o dia ia ser melhor. Pior que ontem não podia ser, era mau demais, por isso até me levantei mais afoito que o costume (depois alguém me explique se fazem favor o que quer dizer afoito, obrigado).
Já noto mais resistência ao frio, se bem que não saiba se deva isso ao estar cá há mais de três anos, ou ao ter mais gordura "localizada". De qualquer modo já só preciso de um casaco de outono e setenta e quatro camisolas de lã para andar na rua tranquilo e antes tinha de carregar uma cabra às costas, por isso tá-se melhor.
Tomei o pequeno almoço no escritório, como tinha havido uma reunião do presídio, já estava a contar com tudo lá à minha espera: pão, queijo, fiambre, sendo que café, chá e leite há sempre. Nem tudo é mau.
Falando em reuniões, hoje tive a 3a do ano. É do caralho, em 12 dias úteis de trabalho, ter três reuniões. É reuniões por causa do website, reunião por causa da cozinha, reunião por causa da reunião. É daquelas coisas que me faz comichão nos tomates. As conclusões das reuniões são sempre as mesmas, podia-se enviar dois mails, mas não, temos de perder duas horas a falar de nada.
Depressa aprendes a mentir e a dar a entender que fazes bué quando não fazes nenhum.
E isto extrapola para o exterior, o que tem de acontecer é que tem de parecer que trabalhamos, que reciclamos, que damos peidos não nocivos pro ozono, e tudo o mais. Na reunião saíram-se com esta pérola: já temos caixotes para reciclar, toca a usá-los pelo menos às vezes para o pessoal do prédio não pensar que não reciclamos. Com um caralho ou dois! Na cozinha ninguém recicla, é ovos com caixas de ovos, plástico e papel tudo junto, mas há que passar a ideia para o exterior de que se recicla.

Ideais... Já dizia o Frederico "o idealista, quando expulso do céu, encontra um novo ideal no inferno". Não existem ideais, existem postos de trabalho, só se preocupam com papéis e orçamentos, com aparências e coisas que tal. Desde Bruxelas que ando um pouco fodido com isto e mais atento ao que se passa, e de facto... desanima um pouco, gostaria de ser mais fofinho e cor-de-rosa pra isto não me fazer tanta confusão às orelhas. Até a Europa funciona assim não? Toma lá um evento de auto-promoção pros (aham) jovens, em que temos tudo pra malta, somos mais socialistas, até os mais desvantajados têm acesso a isto. Antes fosse! Escapa-me para que serve o Erasmus, o SVE e outros que tais. DO Erasmus tenho pouca info, mas parece-me que só vê pra aqui vomitar pelos cantos, fornicar, e pelo meio lá conseguem estudar 3 cadeiras. Eu nem Universidade tenho, mas parece-me que três cadeiras é manifestamente pouco para o dinheiro que se investe. Já o SVE, ou tenho muito azar nos casos que conheço, ou não percebo porque é que não usam este dinheiro para combter a pobreza de modo activo... Projectos há poucos, onde o voluntário se sinta bem, mas a malta olha para o SVE como uma agencia de viagens, tudo bem camuflado com o estilo "candy mountain", caracterizado por sorrir a tudo e a todos, e usar palavras chave como "partilhar", "ajudar" e "yupi". Escolhi este ramo por pensar que as pessoas aqui tinham mente aberta e que de facto era possível marcar a diferença pelo menos a nível de mentalidade. É difícil, é tudo forçado, e por vezes mete nojo. E isto leva-me a uma série de pensamentos menos bons sobre o que me rodeia, talvez a razão mais forte para nem sair muito de casa. Embora preferisse dizer que fosse pela minha namorada não o tirar da boca.
Tanta gente e tão pouca originalidade...

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