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quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Ucrânia, minha terra..

..o caralhinho.
Saí de Praga às 11:00, troquei na Eslováquia ás 20:45 para chegar a Lviv às 11:30. Exactamente um dia e trinta minutos. A viagem até Košice foi calminha, no intercidades, sem stress. Chegado a Košice, e como tinha uma hora para gastar, pensei em ir dar um passeio nas imediações da Estação de comboios. Ideia essa que ganhou o estatuto de ideia de merda assim que pus o cu fora da Estação, não havia mais que paragem de autocarros, eléctricos, e carochos (quase que se podia dizer que havia também uma paragem de carochos), e sendo assim, fui alapar a peida num café. Depois de meia hora passada a olhar pro ecrã preto do meu portátil (eu não tinha bateria, e eles não tinham tomadas,o que não me impediu de olhar pro ecrã), lá olhei para a tabela de partidas, para constatar que o meu comboio não estava lá. Pensei "olha merda e agora?", mas fui à mesma para a plataforma com o comboio das 20:45, o meu.
Chegado à plataforma, olho para a esquerda, olho para a direita (e pisca pisca o caralho oh Rute) e nada. Reparei que havia uma parte do comboio diferente das outras, e caminhei para lá, para dar com uma mulher sentada na entrada do vagão que me diz: "bilhete" (assim mesmo, em tuguês!). E eu logo "foda-se cum granda caralho, bilhete????" Não disse claro, mas até perceber que a mulher era Russa e que em Russo também se diz bilhete (ainda que com sotaque Russo)... fiquei um pouco exaltado.
Salto para o comboio, lá encontro a minha cabine, e rezo para que mais ninguém partilhasse comigo a cabine, porque em cada cabine (um rectângulo de 2x5 mtrs) é suposto dormirem 3 pessoas. Sorte do caraças, ninguém veio, embora tivéssemos parado em todo e qualquer pedaço de merda daquele lado da Eslováquia.
Chegados à fronteira, apercebi-me que o esquema é o seguinte: embora te vendam uma "cama", está tudo planeado para que durmas tanto como num concerto de Motorhead.
Primeiro vem a polícia Eslovaca. Menos mal,porque eu falo Checo, e até nos entendemos. Passado um bom bocado, o suficiente para quase adormeceres, vem a polícia Ucraniana. Para começar, são todas do sexo feminino, e qualquer Português, especialmente se já foi a Bragança, põe-se logo com ideias. Depois, uma leva-te o passaporte, e outra vem para te perguntar o que tens na mala. É algo assim (também devido à falta de alguém que fale Inglês): Bófia: vens de onde? Eu: Portugal. Bófia: Ah, e.. que fazes na Ucrânia? e aqui eu penso em dizer-lhe: pá sabes, pensei em vir cá pegar fogo ao parlamento, violar o teu pai e matar a tua irmã. Que cena... disse-lhe que ia a uma reunião. e a Bófia: tens algo na mala? Eu: uma puta duma bazuca. Disse-lhe claro que não tinha nada. E ela: roupa? e eu: roupa?? Claro. E ela: tábém. E foi-se. Granda sistema... atente-se que isto é tudo em Russo e Ucraniano.
Depois vem o gajo do comboio, e diz: podes dormir. E eu, hm, então caralho, o meu passaporte? E o gajo: já vem. E eu: pronto tabém.. e vou dormir.
Então parámos. Parámos durante duas horas, e só se ouviam barulhos de máquinas, o comboio baloiçava de vez em quando, tremia, andavam uns Dimitris lá de um lado para o outro e eu sem saber de nada. Como estava aborrecido, fui cagar, mas a casa de banho estava trancada. Como pensei que estivesse ocupada, voltei passado 5 minutos, e estando a porta ainda trancada, pensei: "bem, quem quer que seja, está a soltar um cabo daqueles à séria", mas depois de meia hora apertado para mijar, tornou-se óbvio que tinham trancado a casa-de-banho, estando o comboio parado, não se usa o cagatório, não fosse um dos trabalhadores levar uma rega de chuva dourada ou um cagalhão no alto da cabeça. Eu percebo, já que não tem jeito nenhum quando se trabalha nos caminhos de ferro ser-se cagado em cima. Sendo que parámos durante duas horas, e eu entretanto já só queria mijar, porque utilizei uma técnica tibetana de não relaxamento do recto, andava para trás e para frente no comboio, a pensar como mijar: ia lá fora? E depois o comboio arrancava e era um ver-se-te-avias daqueles à séria. Mijava da janela? Levava logo uma rajada de tiros. Que fazer? De repente, à faroeste, noto que a ultima porta do último vagão, onde eu me encontrava, estava destrancada, e ainda melhor, que aquele era o sítio para fumadores. Granda combo, cigarro na mão direita, sarda na mão esquerda, e uma mijadela às duas da manhã na Ucrânia em estilo cowboy. Os meus netos terão um avô cheio de histórias para contar.
Nisto, ainda não se dormia. Fui-me deitar, e quase quando estava a adormecer, batem-me à porta para me devolverem o passaporte. Deitei-me de novo, já sendo algumas três da matina, para me despertarem de novo às 7 (juro que a mulher do comboio me acordou assim: cu-cu!), para me devolverem o bilhete (eles guardam até o bilhete de volta quando entras). Claro que depois disto já não dormes, então vês um filmezito, e constatas que em 24 horas de viagem, dormes 4, e mal. O que é, convenha-se admitir, uma granda putada.

1 comentário:

Miss Lee disse...

que saudades tinha das tuas caralhadas...