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quarta-feira, 14 de fevereiro de 2007

Na quinta

Na quinta as coisas andam assim um pouco paradas...
Paradas ao ponto de me fazer pensar que raio ando eu aqui a fazer.
Vinha assim um pouco mal disposto por ter sido encavado pelos polícias, sem vaselina nem nada, entäo as coisas tomaram um "negrume" ainda maior.
Estou cá vai para dois meses, e de actividades referentes a um projecto de educaçäo ambiental, nada.
Tem sido só cuidar dos animais, cortar madeira, e umas tarefas bem merdosas.
O contacto com a juventude rural, e o fazer algo por ela, que foi o que me fez para cá vir, näo tem acontecido, o que me deixou frustrado.
A última tarefa foi partir uma parede, com um martelo próprio para o efeito.
453 marteladas depois, abri uma ferida na mäo, o que näo melhorou muito o meu estado de espírito.
Senti-me como se tivesse num trabalho que näo gostasse, e decidi pôr-me num pedestal, e de lá de cima, mandar uma valente cagalhäo para os demais cá em baixo.
Afinal, sou voluntário para um projecto de educaçäo ambiental, ou empregado de uma empresa de construçäo??
Passei-me da cabeça e toca de distribuir mails ao pontapé, para a minha organizaçäo de envio, para o Papa, e... para a minha tutora.
Ela já cá esteve durante um ano, podia ser que soubesse que raio se passa aqui, e se se vai passar algo aqui, que é algo que me interessa assim um bocadinho...
Combinámos encontrar-nos na Quarta-Feira, ia haver uma festa Brasileira no instituto Camöes e ela queria ir lá e o camandro.
E eu alinhei, precisava mesmo de falar com ela.
Entretanto, tomei contacto com um Português que está também a fazer voluntariado, em Praga.
Joäo de seu nome, vinha bem referenciado por duas amigas minhas.
Aproveitei a embalagem, e marquei um encontro com ele também. Aproveitei logo para lhe perguntar se podia ficar em casa dele, näo queria que a tutora se pusesse com ideias de alinhar num menu de degustaçäo de iguarias Portuguesas.
Lá fui eu, numa Quarta-Feira como outra qualquer, a caminho de Praga, esperançado de resolver alguns problemas que me iam na cabeça.
Cheguei a Praga e fui direito aos escritórios da minha organizaçäo aqui na Checa.
Lá chegado, conheci uma Austríaca, voluntária lá nos escritórios, que me perguntou se conhecia o Português que trabalhava no 1° andar... mundo pequeno este, o Joäo estava a fazer o voluntariado no mesmo prédio onde eu me encontrava.
Entrei no escritório, e lá estava a minha tutora, com as restantes gajas da org.
Näo me sinto nada confortável com estas gajas, parece que estäo sempre com medo de algo, que eu me dispa subitamente, ou que largue um peido que se ouça em Viena ou sei lá o quê...
Raios as partam...
Uma delas até me ofereceu um chá, chá esse que eu aceitei mas nunca vi!
Näo é de lhe mandar logo duas lambiscas??
Enfim, elas lá acabaram a reuniäo, eu e a tutora saímos dos escritórios, e eu falei-lhe do Joäo, o tuga que também estava na Checa.
Diz ela, eh pá vai já convidá-lo, e seguimos já para a festa!
Eh pá acalma lá a pássara, eu vim aqui para falar contigo sobre o "projecto".
E ela, ah na boa falamos no bar.
Bem, também queria conhecer o Joäo mesmo, e fui lá apresentar-me.
Foi mesmo assim, entrei pelo escritório dele adentro, perguntei por ele, apresentei-me, ele deu-me o número dele e depois de uns desabafos em bom Português, voltei para perto da tutora.
Levanta-se toda passada da cabeça: ah, eu ouvi o que disseste ao teu amigo, e mais näo sei quê e näo sei que mais...
Foda-se levo com cada baralho...
Depois de lhe perguntar o que se passava, disse que me tinha ouvido a falar com o Joäo, e aparentemente tinha ouvido de cabra para cima, devido ao tom de voz um pouco frustrado com que falei ao Joäo.
Enfim...
Lá lhe expliquei que ela devia era andar a comer gelados com a testa e a coisa andou.. devagar, mas andou.
Fomos para um bar, lá lhe expliquei que näo me estava a sentir bem no projecto, ela disse, ah e Inverno e coiso e tal, deves ser mais activo, tentar conhecer pessoas no bar (estes gajos é tudo na base do alcoól...), e blá blá blá.
Depois disso lá fomos à festa dos Zucas.
Entrada a 100kc, volta para trás, caga lá nisso.
Havia um encontro de voluntários num dos "Popo Café" espalhados por Praga, depois de contactar o Joäo e de andar meia hora na rua do bar sem ver onde ele ficava, lá demos com aquilo.
Estavam lá uns quantos, o Bastia da Bélgica, Olivia e Berto de Espanha, Pauline, Aurelie, e Naima de França, Theresa da Alemanha, Lori da Austria e acho que é tudo.
Sentámo-nos, apresentei-me, mas metade já sabia quem eu era... Praga é uma aldeia no que toca a voluntários.... Assim que disse o meu nome, levantou-se logo a Espanhola, ah és o cozinheiro!! Pronto mais uma que quer chouriço nos entrefolhos à lagareiro....
Pelo menos näo havia gajas de bigode, o que já é um começo brutal.
Galhofa, e Naima faz um Birls, näo reparando que eu até me espumava da boca.
Mais galhofa, um pézinho de dança, o bar estava cheio de freaks à séria, estava-se bem.
Travei conhecimento com mais quatro gajas:
A Anna, Espanhola, Sophie, Austríaca e Alena e Monica, duas Checas que tinham sido facilitadoras no on arrival training (até parece uma granda coisa dita assim) das minha coleguitas.
As últimas duas, bêbadas que nem cachos, a Monica sentou-se ao meu ldo e tentou encetar uma conversa, mas foi complicado para ambos, para mim que näo sabia o que dizer, e para ela que näo se calava.
De repente a minha tutora lembrou-me do baile que vai haver aqui este sábado, ou seja uma semana e meia depois disto. (ando um pouco desleixado pá, possa, näo pode ser)
Desatei a convidar todos os voluntários presentes no bar, festa, puta da loucura, tragam o que quiserem, quem quiserem, mandem vir!
Aquilo estava assim um pouco morto, decidimos entäo mudar de poiso, até porque havia um Birls a ganhar bolor.
Fomos para o primeiro andar de um bar em tudo insuspeito no rés do chäo: luzes cremes, tudo pipi, e o catano. Ao subir para o primeiro andar, o chäo todo cagado, até colava a sola dos ténis, um cheiro a erva, e reaggae com fartura. Na boa...
Sentámo-nos, já reduzidos a 5: eu, o Joäo, o Bas(tia), a Theresa e Naima.
Paleio, blá blá, um gajo podre de bêbado a dançar sozinho, enfim, o habitual.
Elas bazaram, o que nos fez olhr para o relógio: quase 4 da matina...
Descemos e íamos a sair, quando uma mesa mereceu a atençäo de Bas: dois Checos degladiavam-se verbalmente por uma Americana lindíssima, e ele achou bem ir lá molhar a sopa.
Näo foi muito bem sucedido, e nós fomos apanhar o eléctrico.
Faltavam 10 minutos e chovia, por isso voltamos para o bar, era já ali.
O Bas näo vai de modas, aproxima-se da mesa deles e diz assim: olhem só vim dizer... fodam-se.
Mesmo assim, e ali ficou a olhar para eles, como se tivesse dito "bom dia".
Eu nem queria acreditar, até me aproximei só para ver o desenrolar da situaçäo.
Nisto, a Americana (completamente embriagada) começa olharpara mim como se eu tivesse descoberto o significado da vida.
Diz ela assim: tens uma aura...(tás é bêbada) cheiras bem... (ih ca narssa), e falas täo bem Inglês... onde aprendeste?
O eléctrico estava quase a chegar e eu fui-me.
Fui com o Joäo até casa dele, combinámos a hora de nos levantar-mos (partimos nas nove e meia, acabámos nas 11), e fomos dormir, eles tinham um colchäo na sala, mais um saco-cama, e puf! fez-se uma cama do caracinhas...

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