Antes de sair de casa, tive o que se pode chamar um choque cultural.
Tinha comido um mega pequeno almoço, mas com o tempo todo que ficámos em casa, o estômago lá arranjou espaço para a sopa de couve lombarda e enchidos que a D. Helena preparou.
Sentei-me à mesa, comecei a comer, e o Sr. Miroslav (um gajo devia poder escrever D. Miroslav...) fez-me sinal para esperar.
Vai ao frigorífico, tira o pacote de leite, e cá vai disto para a sopa.
"Está acida" diz ele... Porra, mete-lhe açucar!
Lá pus na minha e näo é assim täo mau quanto isso. Quanto aos efeitos de explosäo no estômago que saem pelo recto é que näo há nada a fazer, e como diz o meu amigo André Soares, "näo sejas täo etnocentrado". Tenho de ir ver ao dicionário o que ando a ser...
Lá saímos de casa rumo ao centro de Bratislava, e a meio caminho, Magdalena profere a frase que viria a ser cliché neste fim-de-semana: temos de correr.
Saímos sempre de casa à conta para o autocarro... gajas.
Apanhámos o autocarro, mais uma vez sem o pagar, e saímos perto do rio Danúbio.
A meu pedido, fomos até ao castelo (haverá fotos... assim que ela se lembrar de me mandar...).
A caminho do castelo, passámos por uma casa abandonada, e ela lá se lembrou de irmos ver o que se passava lá dentro.
Ainda lhe perguntei se tinha tomado a medicaçäo mas de nada valeu...
Descemos por um caminho, e havia umas escadas cheias de lixo com um portäo arrombado. Convidativo...
Chegados à entrada desse portäo, e assim que pus um pé dentro da casa, ouvi dois estoiros lá dentro. Ala que se faz tarde, nem quis saber o que era. Esta gaja é mas é doida.
Passámos pelo Parlamento, um edifício esquálido, com uma estátua em homenagem a um homem, do qual näo sei nada, apenas que foi assassinado pelos Checos. Malandros...
Fomos em direcçäo ao Castelo, e a vista sobre o Danúbio era brutal.
Via-se as montanhas de Viena com alguma neve e o maior bloco de apartamentos de Europa.
Uma coisa gigante, faz a Tapada das Mercês parecer um condominio fechado.
Ao que parece, Bratislava näo tinha pessoas suficientes para ser capital. Entäo os comunistas resolveram a situaçäo, criando o maior receptor e passador de droga ali da zona. Tá bom.
Chegados ao castelo, resolvi tirar uma foto do castelo todo.
O único lugar bom para isso, era um "planalto", cuja rampa de acesso estava vedada com uma corrente. Como näo falo Eslovaco, näo percebo o que quer dizer uma corrente Eslovaca, e lá fui eu. Atrás de mim vieram mais 5 turistas. Sempre a quebrar barreiras...
Foto aqui, foto ali, muito giro, vamos embora. Descemos pelo outro lado, näo sem antes nos determos contemplar a vista sobre Bratislava.
A cidade näo tem uma arquitectura regular, aparentemente, näo há ninguem responsável pelo pelouro da arquitectura na Câmara, entäo constrói-se a bel-prazer. Dá um toque original à cidade...
Fomos andando, em amena cavaqueira.
Como já devem ter percebido, Magdalena é muito... espontânea.
Às tantas, sem eu me dar conta, está falar da gaita de um ex-namorado Russo:
Tive um ex-namorado Russo que tinha o pénis täo grande, que ás vezes até me custava andar... estás-te a rir do quê??
Foda-se, do que é que eu me havia de estar a rir??
A naturalidade com que ela disse isto foi algo que me chocou, quase corei...
Tinha assim umas saídas engraçadas.
A meio caminho, vi um portäo lindíssimo, näo ia dar a lado nenhum, era só um portäo com uma parede por trás, mas o centro do portäo em ferro trabalhado era um coraçäo.
Uma espécie de "preso pelo amor". Muito louco.
Demos uma volta pelo centro, (as fotos... enfim, viräo), e fomos a um bar que ela gostava muito.
Um sítio muito agradável, gostei muito, tinha um ambiente marroquino, cheio de cachimbos (Birls...) por toda a parte.
Acabámos por ficar lá tempo demais, quando saímos já era escuro, e bem que escurece às 17 ou até antes.
Passeámos mais um pouco pelo centro, e vi umas estátuas no mínimo curiosas.
Uma era a de um homem a espreitar numa esquina, com uma máquina fotográfica que tinha uma objectiova maior que a sarda do ex-namorado dela.
A outra era de meio-corpo, um homem a sair do esgoto. Pergunto eu: Porquê?
E ela: ah como nós näo temos história, inventamos.
Esclarecido. Näo se trata bem de näo ter história, mas os Eslovacos näo têm o patriotismo que têm os Checos, e se pensarmos que que as naçöes se separaram há apenas 13 anos, näo deixa de ser estranho.
Os "Eslovacos" foram ocupados pelos Húngaros na I Guerra Mundial (foda-se é só a mim que este nome mete nojo??), pelos alemäes na II, depois tiveram o regime comunista, ainda uns problemas com a Ucrânia, e "acoplados" pelos Checos.
Têm história, claro, as dos reis e o catano,mas têm muito aquela ideia que säo inúteis enquanto que os Checos säo uma espécie de Americanos da Europa, patrióticos, e um pouco a cagar para os outros. Se perguntarem a um Checo o porquê de näo serem hospitaleiros, eles respondem que säo patrióticos. O que é certo é que fui muito melhor recebido na Eslováquia, que na Rep. Checa.
Leva-me a pensar que "patriótico" é o antónimo de "hospitaleiro".
Ou entäo fui eu que tive azar. Adiante.
O centro de Bratislava é muito bonito, um sítio sem aquela beleza de Praga, mas muito agradável, até porque Praga está demasiado direccionada para o turismo. Demasiado.
Bratislava é uma cidade relativamente pequena, os pontos de interesse säo facilmente "visitáveis" numa tarde.
Fomos até ao centro comercial descansar um pouco, tinha levado botas devido ao tempo, e nunca antes tinha usado botas na vida, sem ser este Inverno, abomino botas, e como tal, estava cansado de as carregar para todo o lado.
O centro comercial tem cinemas, bowling, e uma sauna gigantesca, demasiado cara para o meu bolso.
Lá ficámos a anhar à grande, até decidirmos ir ver o Borat ao cinema.
Ver o Borat com legendas Eslovacas... caguei-me a rir.
Depois disso, ficou agendado um "baile" perto de casa dela, mas era só à meia-noite, por isso fomos para casa fazer tempo.
Passado um bocado, pergunta ela assim: tens alguma camisa branca?
Responta pronta depois de levantar a sobrancelha esquerda: foda-se deves pensar que trago aqui a farda de pinguim näo??
Tenho ums calças pretas e já é muita bom...
Um pouco mais tarde... Diz ela:
Estou um pouco cansada...
Ok, näo vamos, näo é assim täo importante quanto isso...
Verdade seja dita que estava todo rebentado das voltas, por isso nem me importei de me deitar cedo, até porque no dia a seguir íamos a Viena...
sexta-feira, 2 de fevereiro de 2007
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