Pesquisar neste blogue

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Praga...

Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas
não esqueço de que minha vida é a maior empresa do mundo. E que posso
evitar que ela vá a falência. Ser feliz e reconhecer que vale a pena
viver, apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise.
Ser feliz e deixar de ser vitima dos problemas e se tornar um autor da
própria historia. E atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de
encontrar um oásis no recôndito da sua alma. E agradecer a "Deus" a cada
manhã pelo milagre da vida. Ser feliz e não ter medo dos próprios
sentimentos. E saber falar de si mesmo. E ter coragem para ouvir um
"não". E ter segurança para receber uma critica, mesmo que injusta.
Pedras no caminho? Guardo todas, um dia vou construir um castelo...

Isto não é da minha autoria, mas é lindo e diz-me muito.

Estes últimos tempos têm sido agitados.
Certo dia cheguei ao escritório, e a nova Directora, uma jovem de não mais que 27 anos, penso eu de que, pede-me um segundo de atenção.
Eu começo a desapertar o cinto das calças, e ela diz-me "não, não é para isso", e eu ah ok, desculpa, e sentei-me.
E pergunta-me ela: bem, tivemos uma reunião, e temos uma proposta de trabalho para ti.
Que brutal! Fiquei a olhar para o ar, para as prateleiras, para as mamas dela, mas não dei resposta. Ela puxou-me para o computador, disse-me, bem isto é uma oferta de um part time, e vai dar.... 7225 Kc por mês.
Bem, não é o ordenado do ano, dá para o quarto, (que é brutal, enorme, e é o meu cantinho), e para umas merdinhas.
mas não chega para comer, nem para o passe, nem para andar na gandaia de vez em quando.
Por isso, já aceitei.
Tenho este trabalho garantido, apalavrei uma espécie de " a quarter of time", nem um part time é, com um infantário e vou tentar ensinar Português a estrangeiros. Bem, e quem sabe a Portugueses....
Nisto tudo, acabei a relação que tinha, o que deu num fim-de-semana de pesadelo, em que tive visitas, e a miúda simplesmente não descolou, e ainda tive que ouvir frases tiradas de filmes... não sou Santo, mas foda-se, a miúda não se tocou mesmo, e pernoitou no meu quarto o fim-de-semana inteiro... Jesus...
O que é certo é que conheci alguém, e essa pessoa diz-me muito.
Há pessoas com quem te dás de um modo tão natural que parece que não se passa, não se passou, nem se passará nada, tudo apenas flui, e acontece, não como um evento, mas sim como algo que evolui, como um passo depois de outro, tão natural que nem te dás conta.
E é assim que estou, sem saber se me consigo de facto apaixonar, e se sim, não sei o que fazer, senão deixar estar. E depois entro em desvairos sobre a minha própria atitude, porque teorias tenho eu muitas, mas na prática, todos sabemos que o diapasão é outro...
Já neva por esta cidade maravilhosa, e faz um frio do caralho.
Hoje há um concerto do caraças: Bonobo, grande som, e alguém me ofereceu um bilhete...
A vida, é aquilo que fazes dela. Por vezes um sorriso muda tudo à tua volta. Verdade.

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Por essa Checa afora

As viagens pelo país não têm abundado, ou por falta de tempo, ou por falta de paciência, ou porque sou estúpido.
Oportunidades não faltam, Há o Tamjdem e pessoal a ir para um lado e para o outro, o que, aqui, faz com que os bilhetes sejam mais baratos. Os bilhetes descem de preço consoante o número de pessoas (com um limite, obviamente).
Mas fui a Šumperk (Quê? Šumperk!) que ninguém (nem os Checos) sabem onde fica, mas havia lá uma grande acção da Duha, lá foram todos os representantes (pelo menos alguns) para Šumperk (acho que começo a gostar de escrever Šumperk).
300 putos, e uma tentativa de bater o recorde mundial do maior número de pessoas a tocar instrumentos (mas não a fazer musica, isso seria pedir demais), eram a publicidade ao evento, a par com uns nomes musicais de origem dúbia, como o famigerado Honza Krtcek.
Tínhamos a informação de que dispúnhamos de 10000Kc para fazermos o nosso stand, o que é cerca de 300 aéreos. Que jeitinho que davam...
Chegámos a um acordo: fazer uma espécie de Chill and Chat Area, onde a malta pudesse vir, beber um café ou um chá, e ver o que é a Duha, o que é que fazemos, que oportunidades há a nível europeu, conhecer a malta e mais o que viesse.
Como tudo, quando não há organização, é a puta da loucura.
No dia do evento, nada montado, ninguém sabia de coisas que precisávamos, enfim, nada de novo quando se é voluntário.
Eu e o Martin (posso dizer que é o meu mano Checo), estávamos esperançados que houvesse para lá umas gajas boas, sempre um gajo explicava com mais vontade o que era o SVE, nem que fosse atrás da tenda...
As esperanças foram por terra assim que vimos o público que frequentava o espaço, variava entre: demasiado novas, e velhas que até metia dó.
O evento nem foi assim muito animado, só para terem uma ideia, o momento mais alto da noite foi quando preguei um cagaço ao Martin enquanto ele mijava.
Nesse tempo, despedimos-nos de Mr. G., um Lituano com ar cool, e alcoólico. (Isto de aliteraçöes entre duas línguas é muito à frente).
Não éramos muito próximos, mas havia uma relação, eu percebia-o, e ele sabia disso.
E por muito que me despeça de pessoas... não me habituo.

domingo, 4 de novembro de 2007

Prague Life

E dois de rajada! O homem está maluco.
A minha vida em Praga tem estado, ora apática, ora frenética.
Apática porque näo muda muito o diapasäo, e frenética porque por vezes muda tanta coisa que sinto que renasci para uma nova vida.
Que se tem passado nestes ultimos tempos? Hmm...
Tive cá um grupo de voluntários (8), que foram o meu maior desafio nos últimos tempos em termo de compreensäo de pessoas.
Oito marmanjos, divididos igualmente por sexo, e espalhados na faixa etária dos 20-26, andaram dois meses às voltinhas na República Checa, e nos restantes dois meses que lhes restavam aqui na Checa, tinham que compor algum tipo de suporte informativo para a Duha.
Foi difícil para mim a maneira como se trabalhava, no princípio era tudo cheio de grandes frases e ditos, que deixava transparecer regras e alguma organizaçäo, mas foi tudo fogo de vista, a confusäo era mais que muita, e cada vez que os tentava ajudar, via-me embrulhado numa confusäo de informaçäo e contra-informaçäo, que vindos de pessoas que "trabalhavam" na mesma sala, mais parecia a Guerra Fria.
Em dois meses, näo conheceram a cidade, visto que passavam horas a "trabalhar" no escritório, e por cá ficavam até altas horas.
Depois entrava em conflito comigo mesmo, pensando primeiro: que cambada de atrasados mentais, para depois pensar: mas säo voluntários estäo a curtir a deles. E voltava a pensar: que atrasados mentais...
Um dia, estando eu com a miuda em casa, a uma sexta, que eu resolvi "tirar", ligam-me do office, ah entäo hoje vens ou quê? Ya na boa, meia hora (isto tudo foi em Checo, registe-se).
Porquê, pergunto eu- ah é que temos uma reuniäo e blá blá blá...
Entäo lá vou eu, chego ao escritório e... está tudo a fazer desenhos, juro-vos que me senti numa sessäo de terapia para atrasadinhos mentais... Com todo o respeito por estes últimos. Depois desta visäo do inferno, começa pessoal a ir embora, ficando eu, o Joäo, mais a coordenadora par a reuniäo... Porque é que näo fiquei em casa...?
É de um gajo ficar maluco.
Entretanto, metade já se foi, e näo sinto a falta deles por aí além, apenas me faz pensar neste vai-vem de pessoas que tem sido a minha vida ultimamente...
Ai, um dia dou em larilas.

Lyon

Bem, até estou emocionado (já larguei três gases e tudo) de voltar a escrever neste meu adorado registo (diário é altamente apaneleirado), depois de... muito tempo.
Tentarei näo maçar a malta com looooongos textos acerca coisas da tanga e com palavröes em vez da vírgula, já sou crescidinho caralho.
Em Lyon foi a loucura instalada, depois de lá chegar, constatei que a Naima tinha-se posto nelas, e eu e a Sandrita näo tínhamos onde ficar.
Calma? Calma o caralho, estava cheio de fome, e a única soluçäo que nos pareceu viável foi a de irmos a um sítio com wi-fi. E que lugar se apresentou? O MacDonalds...
Cheios de fome, toca a pesquisar o hospitality club, e o couch surfers, na esperança vaga de que algum papa-räs nos desse guarida.
Nada surgiu, a näo ser uma mensagem de Naima: coiso, que podem ligar ao meu amigo David, o que fizemos e puf! Fez-se um tecto para dormir.
Ligámos ao gajo, sim senhora (näo percebia grande coisa de Inglês, mas dizia que sim a tudo, o que facilitou).
Quando nos encontrámos, tudo bem, tranquilo, siga, tudo cinco estrelas. Nada se passou descansem, eu é que fiquei um pouco baralhado, apareceram dois tipos, um com um casaco verde fluorescentre, e o outro com um casaco cor de laranja. Lindas.
Lá dentro a conversa mudou, depois da janta (cozinharam pasta), sentaram-se começaram para lá a desbaratar, aquilo é que foi.
O dono da casa era um ex-dependente de estupidofaccientes, artista, rico... enfim.
Grande casa, viva ao luxo, tudo impecável, e o homem lá se queixava, enquanto dizia à Sandrita "tens a voz mais bela do mundo para falar francês". Brr.... que romantismo reles.
O outro lá contava as suas aventuras de engates internacionais, devido ao seu sotaque "querido" (os cabröes sabem-na toda).
Foram uns fixes, ficámos lá mesmo em grande.
No dia seguinte nem fizemos muito, tínhamos que tratar dos bilhetes de volta, (ela para Barcelona, eu para Praga city), e depois desatou a chover que foi uma coisa estúpida, e lá fomos para caselas depois das compras.
Ficámos lá sozinhos o dia e a noite toda, até dormimos juntos, e nada aconteceu... ainda hoje estou para saber como. Raios...
A viagem de volta foi calmíssima, chegado a Praga, senti-me... em casa.

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Os Alpes e Lyon

Depois do seminário em Grenoble, menos de metade do grupo (curiosamente, aqueles com quem me dava melhor), fomos para Valsenestre, para uma aldeia a 1300m de altitude, para um seminário de ex-voluntários Franceses, uma espécie de visita de estudo, para vermos como aconteciam este tipo de actividades em França.
Regiäo lindíssima, rodeada de montanhas, uma queda de água, lindo,lindo, e tudo à pala.
Foi ideia da Helga, a ideia original consistia em ficar em Grenoble em casa de Naima, mas a miúda näo é assim muito fiável, já nos queria pôr numa festa em casa de um gajo com quem tinha vindo à boleia, e nem eu nem ela estávamos praí virados. Entäo lá fomos e ainda bem.
Fazia um frio desgraçado, nada bom para quem näo tinha trazido roupa de Inverno, e a janela do meu quarto consistia num buraco na parede tapado com um cobertor, o que näo augurava nada de bom.
Primeira noite lá chegados, tudo esfaimado, e o menu apresentou-se:
Couve flor crua, pepino, cogumelos, uns molhos com mostarda, alho e outras coisas, tudo frio, e batatas cozidas.
Claro que ficou tudo azul, estávamos mortos de fome, e däo-nos comida pra vacas? No país da "cuisine"? Foda-se mais aos papa-räs...
Lá papámos, no meio de muitas caralhadas e gozo, e a coisa lá andou com umas cervejas manhosas que para lá haviam (näo obstante o facto de vir da Répblica Checa, onde a cerveja é boa, grande e barata, no Auberge de Jeunesse, era como na Tugolândia-ai que vai doer tanto voltar a beber Super Bock...).O nosso grupo era composto por: um Turco, Orhan, um Húngaro, Viktor, dois Austríacos, Sandra e Roland, um Búlgaro, Stefan, e um Espanhol Pablo, cuja única safa do escárnio era a Helga, pobre coitado...O Orhan só estava feliz quando estavam todos fodidos do gozo, e tinha um aliado de peso, o Je, ri-me como näo ria há muito.O gajo só näo achava piada quando eu lhe chamava Borat...No segundo dia, entro na cozinha e está um gajo de boxers de lycra a cozinhar... Mau, pergunto eu, isto é tradiçäo Francesa?Näo säo boxers diz-me ele, Xavier de seu nome, säo calçöes de banho.
Ah pronto se é assim já näo mete nojo, um gajo a cortar legumes com a sarda quase a tocar na mesa, näo se passa nada...
Os gajos bem se esforçaram na comida, mas foda-se sabia tudo ao mesmo, a carne parecia comida de gato, cada gajo que comia carne, ficava mal disposto.
Eu passava a vida na cozinha a retemperar, a aconselhar, a cortar e a passar-me...
Havia lá uma Francesa jeitosa que se ria toda, se calhar era por isso que eu gostava tanto de lá estar...
Curtimos que nem ns animais, até escalada fizemos numa Via Ferrata, até me borrei todo quando me vi lá em cima, com os meus ténis escorradios.
O pensamento recorrente era: mas porque caralho näo fiquei eu lá em baixo?
Depois desses dias do delírio, eu e a Sandra decidimos ir à boleia até Lyon, só estava reticente porque tive a brilhante ideia de trazer o portátil da Theresa, mas lá nos mandámos, e correu täo bem que até nos demos ao luxo de recusar um carro para um casal que por lá andava de dedo esticado.
Apanhámos boleia de uma enfermeira que tinha estado com os Médicos Sem Fronteiras (näo confundir com os Jogos) que nos levou direitinhos a Lyon.
Bem tenho visitas, depois escrevo como foi Lyon.
A visita é "só" a Miss Lee!
Ai mäe... ihihi