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quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Bruxelas tutausendeit

Tive de facto um problema em Bruxelas: a falta de privacidade. E por dois motivos óbvios: 1º: o facto de ser logísticamente impossível de mandar uma trolitada (a não ser no sítio onde se guardam as esfregonas, ou uma merda assim, e eu sou refinado), 2º:tendo dormido mal por culpa de não poder encostar os joelhos um ao outro, apercebi-me da dificuldade que teria em resolver esta situação. A casas de banho não me eram familiares (se ainda fossem as do meu restaurante preferido, ainda vá, agora de um hostel qualquer ranhoso... não), de modos que foi complicado. Ainda por cima acordei ressacado, seria-me complicado concentrar nas coisas que me ajudariam a tamanha tarefa. Mas chega de javardices.
Acordei as 7:30 e o quarto cheirava a merda. É mentira, era só para me contradizer.
O programa começava sempre a uma hora a que eu (e muitos) chamamos "cedo como o caralho", por volta das 8:15 o autocarro arrancava para os locais de actividades. Mal dava tempo par ao pequeno almoço refinado , composto por pão de forma, pão de forma e uma espécie de pão de forma. Havia também leite, café e compotas. Ah, e tang de laranja. Brutal.
Cortando a coisa pela metade, a puta de Semana da Juventude foi uma merda. Desorganizada, incompreensível, cansativa, inútil e aborrecida. 1ºdia: chegámos a um Edifício perto do Parlamento Europeu, onde nos esperava o almoço:pãezinhos recheados de paneleirices, isto é, de pois do pequeno almoço composto por pão de forma, ao almoço mais pão que te fodes. E porque é que isto me chateia? Porque os pãezinhos custam os olhos da cara. Era sandes de salmão fumado, queijo com açafrão, carnes frias, todas enfeitadinhas e mais o caralho a sete. E mais, havia pessoas a servirem-nos de fatinho branco, uma espécie de pinguim invertido (como o gajo da Suécia). Senti-me um idiota. E tudo piorou quando chegou a banda de samba. Sim, de samba. apito na boca, um granel do caralho, nem me ouvia a pensar, e no final eram Portugueses e chamavam-se U Banda. Pior que isto só o Joaquin Cortez a dançar Folclore com a Dª Quinhas do 3ºDto.
Um dia de seca gigante, de volta para o hotel,e mais cerveja. Nada digno de registo, embora a Chris andasse sempre por perto, era claro que não era desta que eu adicionaria o Austríaco como mais uma língua falada pela minha gaita. No dia seguinte, acordando à mesma hora (mais ou menos quando o Sueco acabava a segunda demão de cremes de beleza na peitaça), as coisas aqueceram. Éramos suposto ter um "debate" com políticos de segunda categoria, e assim foi. Sentámo-nos todos numa sala cheia de microfones, e daquelas cenas à parlamento, e demos início ao "debate". Passado 30 min. de baboseiras (entre as quais uma pérola sobre a Europa, em que a Sra Gorda que aparentemente controla a Juventude na Europa, em que uma analogia entre o Sistema Educativo e a Branca de Neve foi lida como um conto de fadas), e nessas baboseiras havia conceitos, palavras e expressões que ninguém conhecia, foi-nos dada voz. Quem carrega no botão? Eu. "Bom dia, o meu nome é Pedro e não tenho uma pergunta, mas uma afirmação: não percebi nada do que os senhores disseram". A sala irrompe em risos e aplausos, deixando os senhores políticos muito embaraçados. Devo confessar que sonhava com o dia e que conseguiria (já que não se muda nada mesmo) apanhar esses sócios a jeito de me rir à custa deles.
Depois de mais uns discursos à político, e de umas quantas perguntas sem resposta, um jornalista Belga falou. Falou e eu percebi o que ele disse. Falou de problemas reias, com expressões reais.
Depois de um Senhor papa-pernas-de-rãs chamado Pierre Maresse falar mais um pouco, voltei ao ataque. "Bom dia sou eu outra vez: como esperam a nossa contribuição quando falamos línguas completamente diferentes"? A resposta do amaricado (não sei se já vos expliquei que os Franceses... sim já expliquei) foi que não podíamos infantilizar o discurso, e chamou-nos de cínicos, visto que nos estavamos a queixar, e eles faziam aquilo por nós. Nós quem? A merda é essa, esta porra não passou de um evento de auto publicidade em que os políticos amaricados (a maioria são Franceses, ou falam a língua, ou parecem-se com eles) dizem que sim, preocupam-se,e nós somos (lá isso somos, não temos saída) o futuro da Europa, mas no final, nem uma conversa decente conseguimos ter: eles com os seus subterfúgios, nós perdidos, cansados e frustrados.
Depois a pérola do Monsieur Maresse: é preciso combater a pobreza, existem 20% de pessoas pobres na Europa. Vamos lá fazer as contas: 200 jovens, 200 bilhetes de avião, autocarros em Bruxelas, comida (tivemos um buffet dentro do parlamento com comida 5 estrelas, incluindo confit de pato e caviar de beringela, 80% nunca tinha sequer ouvido falar daquilo), estadia, pagar a Media Consult, a empresa que organizou (e mal) o evento, alugar salas para as workshops (havia três, não consigo dizer qual delas a mais inútil)... e depois vem-me este emproado falar em combater a pobreza??? Senti-me dos seres mais idiotas à face da terra (mesmo contando com o nosso jet-set), de repente olhei em volta, para os jovens que me rodeavam, muitos de fato e gravata, salto alto, futuros pretendentes a políticos, e esta visão deprimiu-me até ao fim do evento...

3 comentários:

Anónimo disse...

LLLLOOOOOOOOOLLLLLLLLLLLLLLL
"era claro que não era desta que eu adicionaria o Austríaco como mais uma língua falada pela minha gaita". Muito bom!!!
Tive em Praga na passagem de ano, até me gelaram os tomates, mas comi uma russa que entra directamente para o 1.º lugar no meu Top 200.

João Sardo disse...

É assim que se desbarata a saúde mental da massa crítica dos jovens.
Essas propagandas "pela Juventude!" são meros "vistos" no calendário dos senhores políticos: "no dia X, celebrou-se a Juventude".

Como fiz SVE, sei como muitas associações trabalhavam. Sei como se tratava os jovens e sei por onde anda e para que serve o carcanhol dos programas europeus.

Mas eles, do alto dos seus fatos, serão sempre vistos como os arautos e potenciadores das melhores práticas.
A Europa histórica sempre foi o contrário de tudo isto. Uma vergonha.

Maria disse...

ISto é sem duvida a leitura real de quem pretende contribuir com a mudança e emperra num socialitie que num tem sentido. Fonix
Posso linkar ( acho que é assim que se diz não onstante não saber faze-lo ainda) ao meu blog aki na Tugulandia e chataer gentinha???
A não doida Maria :-)