Já dizia o outro, e muito bem.
A viagem começou bem, a cabine era das mais modernas, tinha um cadeirão mesmo à patrão, uma tomada para ao portátil, e eu tinha 4 cervejas. Esperava-me portanto uma noitada.
Prefiro comboios a autocarros. Num comboio, um gajo levanta-se, vai mijar, vai até à janela, levanta-se senta-se, relaxa. Num autocarro um gajo para mijar confortável tem de ser marreco, e passado 5 horas de viagem pergunta-se porque não foi para contorcionista, para que pudesse arranjar uma posição cómoda, que passaria decerto por meter uma perna por trás do pescoço e um dos braços no cu, para que o gordo ao lado possa estar mais confortável.
Por volta das 2, decido ir dormir. A cerveja Ucraniana é uma merda, e já estava com sono. Claro que fui dormir na minha parte preferida: a mudança do pneu. Lá dormitei, para ser acordado pela mona Ucraniana. Passaporte, tens alguma metralhadora, o costume. Nada de abrir malas para ver de tabaco e alcoól. Como é barato, e há um limite para 200 cigarros e 1 ltr de vodka (que era o que eu tinha na mala), pensei que me fossem revirar a cabine e fazer-me duas buscas anais para terem a certeza que nada se passa. Mas não. E portanto estranhei.
Passado mais um pouco, sendo um pouco aquele espaço de tempo suficiente para quase adormecer, eis que vem a bófia Eslovaca (muuuu). -"Que tens na mala?" -"Vodka e cigarros". E ela passa-me um papel com o meu nome e o meu numero de passaporte. Eu penso: obrigado, mas eu já detenho esta informação.
Depois vem um gajo, anafado e com ar de bêbedo (tipo um bófia de Viseu), e pede-me para lhe mostrar o que tenho. Eu na minha boa fé mostro-lhe um volume de Lucky Strike (Estrica da Sorte), encomenda do Alejandro, o voluntário Espanhol deste ano, e vou para sacar das duas garrafas de meio litro de vodka quando o gajo me diz "não". Eu eu -"não?" e ele "não". Visto que assim não íamos a lado nenhum, eu desenvolvi a conversa: "porquê?". E ele disse-me que só podia levar dois maços. Eu sorri e disse-lhe que no site do Ministério estava escrito 200 cigarros. E ele diz que não, que sendo que entras na União Europeia, podes trazer apenas dois maços. Eu insisti, e ele respondeu o mesmo, mas já num tom de quem está irritado. Eu anui, disse ok, que faço com o resto? E ele diz-me "tira 4 maços". Eu tirei 4 maços, e ele diz-me "Pronto, ficas com 4 e estes seis vão para o meu patrão". Tanta devoção ao seu superior hierárquico trouxe-me lágrimas aos olhos. Claro que no meio desta conversa toda, mostrei-lhe apenas uma garrafa de vodka, e fiz crer, com um passe de magia, que a segunda que ele viu era apenas a primeira, não fosse ele dizer que o patrão é louco por Nemiroff.
Claro que podia ter refundido o material mesmo à James Bond, fosse num dos compartimentos vazios ou nos cobertores que sobejavam na cabine. Mas se algo corre mal, depois é pior. E embora me dê vontade de voltar à Ucrânia, comprar mais cigarros e botar-lhes antrax (recomendação de um amigo), estamos a falar apenas de cigarros... que nem eram meus.
terça-feira, 2 de novembro de 2010
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1 comentário:
A lei está a cima da lei...
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