Pesquisar neste blogue

domingo, 31 de outubro de 2010

Lviv, a cidade livre

Livre de paragens de autocarros, livre de passadeiras e de álcool quase livre, a vodka é tão barata que já pensam ter uma fonte de Nemiroff no centro.
Lviv é uma cidade que recomendo, e não só pela quantidade de gajas boas que se passeia pelas ruas. Bem, elas não são assim tão boas, mas já expliquei como a televisão me influenciou.. Muito rica culturalmente, não é o buraco que se possa pensar à partida (falo por mim, quando ouço Ucrânia não penso propriamente no Japão), tem bares fora de série, e uma quantidade de jovens que dá à cidade uma aspecto de aldeia grande, um pouco à imagem de Praga, e o ambiente é muito bom (para mais informações, comprem um Lonely Planet).
Tive tempo para dar uma voltinha antes do comboio de regresso a Praga, entre as 14 e as 21, e foi isso mesmo que fiz, acompanhado da Finlandesa, da Austríaca, do Sérvio e do Francês (esta merda parece os Jogo sem Fronteiras). Como tinha uns trocos valentes comigo, e a Ucrânia é barata ao ponto de meter nojo, tinha como um objectivo comer uma refeição mesmo à patrão. O problema foi o cirílico e a falta de restaurantes à patrão, e acabámos num restaurante grego de aparência duvidosa, onde paguei dez euros (faço notar aqui que duas grades de cerveja custaram 16) por um peixe com arroz e quatro mistelas diferentes, que a senhora me jurou serem saladas. E o peixe estava uma bela merda. Para a próxima vou mamar um McDimitri e pronto.
Mais uma moedinha, mais uma voltinha, e está na hora de ir para a estação, e como o Sérvio tinha o mesmo comboio que eu, lá fomos todos excepto a Finlandesa (que pediu o peixe e teve de apanhar um táxi para a estação, quase nem tocando no peixe, e o Francês, que ficava mais um dia, sobrando ainda a Austríaca, que era bué chatinha, novinha e aborrecidinha. Eu já não sou super social, então depois de uma semana roeado por 45 pessoas.... foi um teste à minha paciência. Principalmente quando me perguntou 5 vezes, de diferentes maneiras, como é que o Sérvio e eu tínhamos o mesmo comboio, se íamos para sítios que não tinham nada a ver. Mandei-a para as informações, mas tive de ir com ela porque nas informações falava-se Ucraniano e Russo. Um tiro pela culatra portanto.
Como ainda tinha perto de uma hora, fui comprar comida para a viagem e tinha como plano arranjar wi-fi para mandar um par de sms's e queimar um pouco de tempo. O único sítio era um lounge (granda pinta man) extra comfort, e lá fui eu, todo lançado. Entrei no lounge extra comfort, e está um gajo à porta que me diz que tenho de pagar 30 centimos para entrar no lounge extra comfort. Eu pago, entro, e volto atrás para lhe perguntar como funciona a wireless no lounge extra comfort, ao que ele delicadamente responde que tenho de pagar mais para obter o código. Sendo que com as compras de farnel e mais umas merdinhas já só tinha 25 minutos, perguntei-lhe se, sendo que não tenho tempo, posso reaver o meu dinheiro. E ele (claro) diz-me que não, porque eu já entrei.
(Abro aqui um parêntesiszorro, porque vale a pena dizer que toda a área que não é tida como extra comfort lounge está apinhada de famílias inteiras, havendo mesmo famílias de pedintes, daquelas que se dás dinheiro a um, tens uma fila composta pelos restantes membros. Lembro-me de ser miúdo e ouvir piadas do género “que é que se diz? E o puto: quero outro”. Aqui a piada é bem real. Para evitar mal-entendidos, não sou contra muita coisa, mas sou contra a procriação desregrada para depois meteres o teu filho bebé, todo ranhoso, quase no colo de um estranho, para que ele, depois de já ter dado dinheiro a um dos putos, se toque e lhes passe um cheque. E isto é deprimente. É a exploração da boa vontade de alguém).
Depois de um sorriso daqueles muita amarelos, lá me livrei de todo o mundo, para mais uma vez, ter um “quarto de hotel” no comboio nocturno só para mim. O que é uma granda pinta, o comboio até duche tem (comum, e não sei se funciona).

Sem comentários: