Os dias agoras estão mais calmos, diria até demasiado. Talvez devido à escassez de guita ou preguiça a mais.
As semanas que antecederam o Natal, o Natal em si, e a passagem de ano, trouxeram novos horizontes, e uma confusão do caralho.
Comecemos pelas semanas antes... Vai servir também para eu próprio organizar a minha pobre cabecita.
Antes de ir para a Ucrânia (depois de ter estado com a Krystyna...) algo aconteceu. A Checa com quem fui dar uma volta e com quem passei a noite sem nada se ter passado (beija, não beija, mete, não mete) convidou-me para um café as 23. Ela saía a essa hora, eu tinha uma reunião relativa as finanças da viagem, de modos que a coisa até enquadrava.
Encontrámo-nos na Vaclavske Namesti (um dos sitios mais insuportáveis de Praga, mas um óptimo ponto de encontro. Insuportável porque está cheio de turistas, lixo, e outro tipo de merda, como cabarets, discotecas para adolescentes Ingleses e Italianos e negócios marados), e depois de decidirmos para onde ir, lá fomos. Já não era muito cedo (e em Praga os bares tendem a fechar um pouco cedo demais), apanhámos um bar aberto com cerveja muito boa (aos interessados, chama-se Svijany), e só tivemos tempo para uma, visto que o bar ia fechar. Desesperados por mais uma cerveja, andamos mais um pouco e vemos um bar aberto, com um casal lá dentro, o que dava a ideia de que o bar ia fechar... Ela espreitou, e o o gajo fez sinal. Boa onda. Entrámos e sentimo-nos um pouco estranhos, o bar vazio, um casal, o bar assim meio kitsch, e o barman veio-nos perguntar "ah não se querem juntar a nós no balcao? "Não, tass bem (algo como: Ne, vpohode)".
Passado duas cervejas, íamos para pagar e acabámos a beber que nem uns alarves, o barman fez para lá umas misturas de sumo de limão com havana, ou lá o que era (quero lá eu saber), e as coisas comecaram a ficar turvas...
Paleio, paleio, e o gajo falava de Pixies, de White Stripes, e bla bla, relações, e comeca a dizer-me cenas "ah e tal vais com a gaja e coiso" e ela passado uns copos, agarra na minha mão e leva-a ao pandeiro dela... Bem, estava tudo maluco, e saímos do bar por volta das 4 da matina, um pouco tortos.
No dia seguinte precisava de ir a Embaixada Portuguesa, para fazer o passaporte temporário (abro parêntesis para contar a história: há um sistema chamado PEP (que foleiro) Passaporte Electrónico Português) e eu fui lá para fazer o meu, e para me inscrever como estando na Checa. O sistema é muito moderno, uma máquina estilo Robocop, tira foto no momento, insere-se os dados, dizes as palavras mágicas, mandas uns pózinhos e puf! faz-se o passaporte. Mas houve um problema: o Robocop tirou umas 15 fotos e nenhuma tinha definicão suficientemente boa para o menino. Solucão: passe cá Quarta Feira de manhã que fazemos-lhe o Passaporte Temporário. Seja), e desabafei isso com ela: txii amanhã levanto-me cedo para fazer o passaporte na Embaixada... ela pergunta onde e, e eu digo-lhe "Dejvicka". E ela vai e diz, "ih eu moro lá perto podes dormir em minha casa, é na boa, a sério" hm... "há é um problema, só há uma cama e tal".
Parece surreal, mas o diálogo foi mesmo este. Adivinhando o que ai vinha, e eu estava "meio narsso", disse-lhe: por mim tudo bem, mas desde já te digo que se te mexes para aqui, deixo de ser responsável por algo que se possa passar. Assim o fizemos, fomos para casa (e que casa...), comemos algo e fomos para a cama. Caminha confortável, eu já a enroscar-me nos cobertores, íamos falando e tal, e ela comeca a enroscar-se em mim. Eu digo-lhe "olha estás do meu lado da cama" e ela ri-se, beijamo-nos, ela pára e diz-me "comigo vai ser difícil".
Aqui dediquei-me um pouco à filosofia de bolso: então a gaja convida-me para sair, paga-me os copos (sim, porque eu ando teso que nem um carapau), dirige a minha mão para o seu adufe, leva-me para casa, salta-me em cima, e diz-me que não será facil??? Foda-se é mais difícil comprar pão quente na Pastelaria Arizona!
Adiante, lá comecámos naquilo, e a meio ela empurra-me e diz-me "já te disse que será difícil"... ri-me e recomecei. Tudo ia bem quando ela para e comeca a chorar... mesmo o que eu precisava... Quando já me preparava para mais uma à mão ela disse "não estou habituada a isto, é a segunda vez que te vejo..."a minha resposta foi "bem, tens de te habituar..." ela riu-se e recomeçámos. Só malucos...
O meu sentido de humor por vezes tem coisas que até a mim me surpreende, a dada altura que estamos... bem, não queria usar nenhum termo feio, mas fazer amor parece-me francamente... merdoso (acho que já disse tudo), ela parece aborrecida. Eu paro, afasto as pernas dela para lhe ver a cara, e pergunto: estas aborrecida? Se quiseres podes ir beber um café. Um dia fodo-me...
Claro que isto me propõe várias perguntas: que faco eu, que faz esta gaja, com uma relação de sete anos em que o gajo está em Londres, e ela contente com isso, mas tão acomodada que se recusa a largá-lo... e eu que salto de gaja em gaja sem me apaixonar verdadeiramente, deixando-as muitas vezes surpreendidas quando digo "acho que devíamos ficar amigos" (uma frase tirada de uns quantos filmes, mas que mais pode um gao dizer?? Olha vi outra gaja, e tenho duvidas, e o pito aos saltos, entretanto se lhe saltar em cima não te surpreendas.)
Claro que podem dizer "eh pah oh Pedro que javardao e essas merdas todas, mas vendo as coisas a frio; tenho 25 anitos, solteiro, Português, sozinho em Praga, rodeado de loiras e outras, de olhos estonteantes... que raio vou eu fazer?? Casar-me? Foda-se...
se bem que mais uma vez me encontro em casa da Krystyna, cabrão do Pablo (um Espanhol impecável que conheci) passa a vida a foder-me a cabeça "o Pedro tem uma namorada, o Pedro tem uma namorada" o que para ele e fantástico, porque assim pode-se mandar para cima de tudo o que é gaja que eu conheco, que nem sâo assim tão poucas quanto isso.
E nisto tudo... estou algo contente com a Krystyna, ela é muito porreira, independente, não é peganhenta... mas ontem chegou a casa, lavou os dentes, contou-me como foi a noite, e foi-se deitar. Nem um miminho, nada. Eu estava a ler, e estava um pouco de mau humor, mas quando ela se deitou, veio-me a memória aqueles casais que estao juntos há 20 anos e já fartos um do outro. Ela deitada a falar, ele a ler... aiai. Tem a sua piada...
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